domingo, 30 de julho de 2006

Ponte de Lima - III

Ainda a propósito do Restaurante Fonte da Vila aqui fica uma fotografia da sobremesa que tivemos oportunidade de comer: o famoso Pudim Abade de Priscos.
Para o caso de não poderem ir a Ponte de Lima brevemente, e para que ninguèm fique "augado", como dizia a minha avó, partilho convosco a receita do referido pudim.
Ingredientes:
15 gemas de ovos;
500 g açúcar;
1/2 Lt água;
50 g toucinho de presunto;
1 cálice vinho do Porto;
caramelo líquido;
canela em pau;
casca de limão.
Preparação:
Parta o toucinho em lascas muito finas.
Leve a água ao lume com o açúcar, o toucinho, a casca de limão e o pau de canela. Deixe ferver até fazer ponto de fio.
Passe depois a calda por um passador.
Entretanto bata as gemas muito bem, junte o Vinho do Porto, continuando a bater e misture na calda.
Coloque tudo numa forma caramelizada, tape bem e coza em banho-maria, em forno quente, durante mais ou menos 40 minutos.
Bem, depois é só comer e, já agora, bom proveito

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Ponte de Lima - II

Chegados a Ponte de Lima à hora de almoço, a primeira coisa a fazer é procurar poiso para comer.
Por sorte fomos parar ao restaurante Fonte da Vila, onde pudemos retemperar forças para, de tarde, percorrermos a Vila. E que surpresa nos estava guardada.
A sala com as paredes em pedra típicas de uma casa antiga, o serviço simpático e a comida simplesmente divinal, desde as entradas (polvo, cogumelos, camarões, melão com presunto, orelheira, etc, etc) até à comida propiamente dita.
Pena não haver Arroz de Serrabulho, pois não estamos em época para tal, mas a Posta de Novilho, rosada, estava no ponto, acompanhada por couves, batata a murro e arroz de forno comeu-se toda e deixou vontade de voltar.
De sobremesa comeu-se um Pudim Abade de Priscos, de que amanhã daremos conta e receita.
Tudo isto acompanhado por um verde branco de Ponte de Lima, bem fresco.
No final, a conta foi, também, uma agradável surpresa.
Recomenda-se vivamente.
Esta casa fica na Rua Fonte da Vila, junto à Câmara Municipal, mesmo em frente ao Pelourinho que, noutros tempos, era o símbolo da justiça municipal.
Bom apetite

quinta-feira, 27 de julho de 2006

O Nome das Coisas - XVI (Ponte de Lima)

Saídos de Ponte da Barca, tomámos a estrada para Ponte de Lima, observando, pelo caminho, algumas belas casas senhoriais e também outras conhecidas como "casas dos brasileiros", muitos comuns nesta zona, devido à vaga de emigração ocorrida no século XIX. De todos os que partiam para o Brasil, alguns, poucos, voltavam ricos e faziam notar a sua presença com a construção de casas que se destacavam pela sua beleza, imponência e, quase sempre, por uma ou mais palmeiras nos jardins.

Cerca de 25 minutos depois, eis-nos em PONTE DE LIMA, município com uma área de 320,3 km2, cerca 44 609 habitantes e 51 freguesias, cujo feriado municipal se celebra em 20 de Setembro.
Uma via romana servindo um dos trajectos mais utilzados na Idade Média entre Portugal e a Galiza atravessava o Rio Lima nesta vila. Ponte do Lima era um ponto fulcral no eixo viário Norte-Sul e, por isso, cedo foi repovoada depois de reconquistada.
Recebeu foral em 1125 por D.Teresa.
A vila foi crescendo até que, em 1359, por iniciativa de D.Pedro se constrói a muralha com as suas nove torres, e seis portas.
É nesta vila, uma das mais bonitas de Portugal, que nos vamos deter nos próximos posts.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

O Nome das Coisas - XV (Ponte da Barca)

Iniciada a viagem para Norte a partir do Porto, escolheu-se como primeiro ponto de paragem a Vila de Ponte da Barca.

Ponte da Barca, em pleno coração do Alto Minho, deve o seu topónimo à "barca" que fazia a ligação entre as duas margens, e é a "ponte" construída em meados do séc. XV que lhe vai dar o nome de S. João de Ponte da Barca (1450).
As localidades que surgiram em locais onde havia barcas de passagem ou pontes que uniam as duas margens dos rios são comuns em Portugal (Ponte de Lima, onde iremos a seguir, e Barca de Alva, no Douro são disso exemplo).
O topónimo Ponte da Barca aparece pela primeira vez nas "inquirições" de 1220, sendo antes conhecida pelo nome de Terra da Nóbrega (ou Anóbrega). Mas já em 1050 se mencionaria um ponto de passagem da "Barca" no cruzamento da via dos peregrinos que, de Braga, demandavam a Santiago ou que, da Ribeira Lima, se dirigiam a Orense, pelo Lindoso.
Hoje é vila sede de concelho, cujo foral, concedido por D.Manuel, remonta a 1513.
Nesta bela vila come-se, em seu tempo, um excelente Arroz de Serrabulho acompanhado dos inevitáveis Rojões. Para acompanhar nada melhor que um verde tinto, de preferência, bebido por uma malga.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Porto VII

Antes de largar o Porto a caminho do Minho e da Galiza, gostaria de vos deixar mais duas sugestões para uma ida ao Porto.
A primeira é, como não podia deixar de ser, a Ribeira e o ambiente que aí se vive, embora se começe a ter cada vez mais estrangeiros, diluindo-se aquele ambiente típico que só aí se encontra. Também uma referência para a zona ribeirinha de Gaia de onde se tem uma perspectiva fantástica do Porto, dos barcos rabelos (na foto) e se pode visitar uma das muitas caves. Eu sugiro as da Ferreirinha pelas caves em si e pela personagem, a Ferreirinha ou D. Antónia que, no século XIX, se impôs num mundo de homens, colocando de pé uma das maiores casas de vinhos do Duro.
Ainda uma última sugestão antes de rumar a norte: a melhor francesinha que já comi, pode ser provada num pequeno restaurante da Senhora da Boa Hora, que fica num bairro camarário de cor amarela (é so seguir, cerca de 800 metros, a estrada que passa junto ao parque de estacionamento do Norte Shopping). A casa chama-se Paquete e, apesar de parecer um vulgar snack-bar, garanto-vos que as francesinhas são divinais e em conta.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Porto - VI (Muralha Fernandina)

A Muralha Fernandina deveria chamar-se antes Muralha Afonsina, pois foi o rei D. Afonso IV e não D. Fernando que a mandou construir.
Esta muralha veio substituir a antiga cerca alto-medieval, que, no século XIV, já se mostrava demasiado pequena face ao desenvolvimento da cidade.. Atento a esta situação, o Rei D. Afonso IV mandou, em 1336, construir de uma nova muralha. Esta, porém, só ficou pronta em 1376, no reinado de D. Fernando, acabando por ficar conhecida como Muralha Fernandina.
A nova muralha tinha uma extensão de, aproximadamente, 3 Km passos e 9 metros de altura. Era guarnecida de ameias e reforçada por numerosos cubelos e torres quadradas, que excediam em cerca de 3 metros a muralha, com excepção das torres que defendiam as Portas de Cimo de Vila e do Olival, que subiam 10 metros acima desse nível.
Hoje é possível ver apenas algumas partes dessa muralha (perto da Sé e da Ponte D. Luís), que também acabou por se revelar pequena para fazer face ao crescimento da cidade.
Fotografia retirada do site: www.aeportugal.pt/.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

Porto - V (Casa Serrão)

Hoje voltamos aos sabores que também fazem parte da nossa História.
Continuando pelo Norte, proponho-vos uma ida a Matosinhos.
Ir até esta cidade e não comer peixe seria como ir a Roma e não ver o Papa. De referir são as casas que se dedicam ao peixe grelhado na brasa, com destaque para a sardinha.
Neste caso torna-se inevitável falar na Casa Serrão, propriedade do conhecido ex-guarda redes do Leixões, João Serrão, que fica na Rua Heróis de França. Depois de um primeiro estabelecimento, na mesma rua, a Casa Serrão está hoje num local bem mais aprazível. O espaço caracteriza-se pelo bom gosto e pela qualidade, especialmente do peixe.
A especialidade, como não podia deixar de ser, é a sardinha assada. Mas qualquer que seja o peixe que o cliente deseje, vai encontrar na Casa Serrão.
A casa tem já um nome de respeito entre os estabelecimentos de restauração, essencialmente pela sua boa sardinha assada, que eu me atreveria mesmo a considerar a melhor que alguma vez comi, já para não falar nas batatas cozidas com a pele, que vêm acompanhadas de uma molho à base de azeite que são, simplesmente, divinais.
Muitos dos clientes da “Casa Serrão” são habituais que, depois de uma primeira experiência (como eu), ficaram agradados e voltaram uma e outra vez.
A D. Fátima, a esposa do Sr. Serrão (responsável pelos grelhados), é muito simpática e mantém a tradição engraçada (que já vinha do antigo restaurante, carinhosamente apelidado por ela: " a minha tasquinha") de fazer a conta na toalha da mesa e de colocar as sobremesas da casa nos píncaros, "Tenho aqui uma tarte que é feita por uma doutora. Olhe que é uma delícia.". E realmente era!
Depois da visita ao Castelo de S. Francisco de Xavier do Queijo, bom apetite.

terça-feira, 18 de julho de 2006

Porto - IV (Castelo do Queijo)

O Castelo de S. Francisco de Xavier do Queijo é um pequeno forte costeiro de forma maciça, com a entrada rasgada em arco e rematada pelo escudo de armas de Portugal. Em tempos foi rodeado por um fosso e tinha um portão levadiço.
Segundo a tradição, no sítio onde foi edificado havia uma enorme pedra de forma arredondada, semelhante a um queijo. Por ter sido construído sobre tal rochedo, adveio-lhe o nome porque é popularmente conhecido – Castelo do Queijo.
A sua construção data da Guerra da Restauração (1661-1662), daí não ser de admirar que no interior encontremos um imagem de Nossa Senhora da Conceição, que D. João IV tornou Padroeira de Portugal, bem como uma de S. Francisco de Xavier, seu patrono.
O forte desempenhou papel de relevo na Guerra Civil entre liberais e absolutistas (século XIX), tendo sido bombardeado pelos primeiros.
Actualmente está à guarda da Associação de Comandos e pode ser visitado, tendo, no seu interior, uma exposição alusiva a esse corpo de tropas de elite, bem como um simpático bar e uma esplanada.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Porto - III (Tragédia da Ponte das Barcas)

Um dos sítios que mais me impressiona no Porto é as "alminhas" existentes na Ribeira, em homenagem a todos os que faleceram (cerca de 4000) no desastre da Ponte das Barcas e onde, ainda hoje, continuam a arder velas, em número muito apreciável, pelas almas dos que aí perderam a vida.
Em 1806 foi inaugurada a chamada ponte das Ponte das Barcas, sobre o Douro. O seu nome deve-se ao facto de ser composta por 20 barcas justapostas de lado a lado, ancoradas ao fundo do rio, sobre as quais corria um estrado que permitia a passagem de pessoas e carros.
Decorria o mês de Março de 1809, quando a cidade invicta foi invadida pelas tropas francesas sob o comando do General Soult. O exército português, pouco numeroso, e a população não resistiram às tropas francesas. Sem outra solução, colocaram-se em fuga para Vila Nova de Gaia. Porém, a 29 de Março de 1809 dá-se o célebre desastre da Ponte das Barcas. Durante a fuga desesperada de milhares de portuenses, a ponte não resistiu ao excesso de peso, provocando a morte de quatro mil pessoas.
A Ponte das Barcas foi, posteriormente, substituída em 1843 pela Ponte Pênsil, da qual ainda subsistem vestígios na Ribeira, ao lado da ponte D. Luís.

Porto - II (Obelisco da Praia da Memória)

Este obelisco fica na Praia Memória, no concelho de Matosinhos, e homenageia as tropas liberais de D. Pedro IV (os tais das Hidranjas - ver blogues de Maio) que aqui desembarcaram, em 1832.
Tinha assim início a Guerra Civil entre liberais, liderados por D. Pedro e absolutistas liderados por D. Miguel (irmão do primeiro), que terminou em 1834, com a vitória dos liberais, tendo o trono sido entregue a D. Maria (filha de D. Pedro IV).

domingo, 16 de julho de 2006

O Porto I - (Os Tripeiros)

Faz hoje dois meses que este blogue viu a luz do dia, ou melhor dizendo do ciber-espaço. Mil e cem visitas depois, decidi sair, por uns tempos, da cidade de Coimbra. A opção recaiu sobre a Mui Nobre, Leal e Invicta Cidade do Porto.
Motivos não faltam para visitar a segunda maior cidade de Portugal, aquela que é considera a capital do Norte do País. Classificada como Património Mundial pela UNESCO em 1996 e Capital Europeia da Cultura em 2001, a cidade do Porto tem uma enorme riqueza histórica que vale a pena conhecer.
Perde-se nos tempos o povoamento do território a que corresponde hoje a cidade do Porto. Existem alguns vestígios pré-históricos da presença do Homem do Paleolítico no espaço da cidade, mas é com o Foral do bispo francês D. Hugo que nasce a cidade do Porto, antes mesmo do país que a ela foi buscar o seu nome.
Na verdade, Portugal não poderá esquecer a colaboração do povo portuense em importantes períodos da História Nacional.
Em 1414, D. João I resolve preparar a expedição a Ceuta, com que se iniciará a epopeia dos descobrimentos. Nomeia, para esse efeito, o infante D. Henrique, que, na altura, contava apenas 20 anos. Este dirige-se ao Porto, sua cidade natal, pois aí tinha nascido, na Ribeira, em 4 de Março de 1434, para organizar a frota.
A população do Porto mobilizou-se, tendo aderido em massa à iniciativa. Daqui advirá a alcunha de Tripeiros dos habitantes do Porto, uma vez que estes teriam oferecido toda a carne que tinham para a armada e reservado para si apenas as tripas. Facto semelhante já tinha ocorrido 30 anos antes, aquando das guerras com Castela. Em Junho de 1415, o Infante mandou terminar os trabalhos. A expedição estava preparada e o Infante pronto para partir para aquela que seria uma das maiores aventuras da humanidade: os Descobrimentos
O século XIX fica, também, indelevelmente marcado na história da cidade do Porto por mais uma demonstração de carácter dos portuenses. Apesar de ver a sua cidade invadida e saqueada, o povo do Porto resistiu e rechaçou a 2ª invasão francesa, não sem antes ter sofrido grandes baixas com o episódio da Ponte das Barcas. Entre 1832 e 1833 os portuenses voltaram a resistir estoicamente ao cerco da cidade pelas tropas absolutistas de D. Miguel.
O Porto tornou-se assim, ao longo da sua história, uma cidade emblemática na luta e defesa da liberdade e promoção do valor do trabalho.
Por todos estes motivos não é de admirar que das das armas da cidade faça parte a imagem da Nossa Senhora, daí que o Porto seja a "cidade da Virgem", tendo ainda os epítetos de «Leal Cidade» (como lhe chama Camões) e «Cidade Invicta» (por decreto de D. Maria II).

sábado, 15 de julho de 2006

Universidade de Coimbra - VIII (A Porta Férrea)

A entrada nobre do edifício principal da Universidade, data de 1634, sendo conhecida como Porta Férrea e é uma construção maneirista.
A Porta Férrea é encimada por dois nichos onde figuram os reis D. Dinis - o Rei Fundador da Universidade, em 1290, em Lisboa e que depois foi transferida para Coimbra, em 1308 e D. João III- o monarca que a transferiu para a cidade das margens do Mondego, definitivamente, em 1537.

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Universidade de Coimbra - VII (Capela de S. Miguel)

A Capela de S. Miguel é um belo exemplar de estilo manuelino, mandado construir entre 1517 e 1522, tendo sofrido remodelações nos séculos XVII e XVIII.
O Portal principal, de estilo manuelino (na fotografia), é de autoria de Marcos Pires e Diogo de Castilho.
O retábulo principal é de talha dourada destacando-se aí as pinturas maneiristas, sobre a vida de Cristo, atribuídas a Simão Rodrigues e Domingos Serrão.
As paredes encontram-se cobertas de azulejos de fabrico lisboeta, do séc. XVII e de fabrico coimbrãoPossui um excelente órgão barroco, datado de 1733,que, ainda hoje, é bastante utilizado em concertos e outras festividades.
Encontramos também na capela uma bela escultura de Stª Catarina, Padroeira dos Estudantes, de estilo barroco, executada pelo monge beneditino, Frei Cipriano da Cruz.

Universidade de Coimbra - VI (A Biblioteca Joanina)


Eis um pormenor das armas reais que estão por cima da porta de acesso à Biblioteca Joanina, da Universidade de Coimbra.

terça-feira, 11 de julho de 2006

A Universidade de Coimbra - V (Biblioteca Joanina)

E já lá vão mais de 1000 visitantes. Para um mês e três semanas não está mal. Obrigado a todos os que se deram ao trabalho de passar por aqui.
Passada a efeméride voltemos à Univesrsidade de Coimbra.
A Biblioteca Joanina construída em estilo barroco, no século XVIII, durante o reinado de D. João V, mostra-nos bem os tempos que então se viviam no país, na sequência do ouro que, anualmente, chegava do Brasil.
Assim, no exterior, apresenta um portal nobre de estilo barroco encimado por escudo nacional.
O interior é constituído por três salas ligadas por arcos de estrutura parecida com a do portal. As paredes estão ocupadas por estantes de dois andares, feitas com madeiras exóticas, douradas e policromadas, com um sistema de escadas que permite chegar às prateleiras mais altas, perfeitamente dissimulado, uma vez que integra nas próprias estantes.
Ao fundo é visível um retrato de D. João V, datado de 1725, de autor desconhecido, fazendo lembrar algumas representações de Luís XVI, o célebre Rei-Sol.
A Biblioteca, que teve a prisão universitária a funcionar nas suas caves, contém cerca de 250.000 obras, onde se destacam exemplares de Medicina, Geografia, História, Humanidades, Ciências, Direito nas vertentes civil e canónica, Filosofia e Teologia.
Boa visita e que não seja por falta de livros que apanhem uma raposa.

domingo, 9 de julho de 2006

Universidade de Coimbra - IV (A Estória da Raposa)

"Andava tão comprimido
Mal podia respirar
O ano estava perdido
E a raposa a espreitar"
Assim começa uma das mais famosas canções da Estudantina, que relata a vida de um estudante, o Afonso, que fazia tudo menos o que lhe competia fazer, isto é, estudar.
Ora, em linguagem estudantil, apanhar a raposa significa chumbar (perdoem-me os especialistas em pedagogia, mas a palavra chumbar já era usada no meu tempo).
De onde vem, então, esta estória?
Quando vamos da Via Latina para os Gerais, existe um espaço onde os estudantes aguardavam para serem chamados, a fim de realizar as provas orais.
Esse espaço é todo coberto por azulejos apresentando vários motivos, predominando os florais.
Ora, junto à porta por onde entravam para as orais, um dos azulejos (na imagem) representa uma raposa e era normal esperarem encostados junto a ela, enquanto esperavam a sua vez para prestarem provas.
Como muitos chumbavam (perdoem-me, mais uma vez, a palavra chumbavam, pois não fui politicamente correcto, pois deveria ter escrito "Não transitavam", "Não eram aprovados" etc,) a raposa passou a ser sinónimo de reprovação (Irra! Mais uma vez!... Não há meio de aprender eduquês.).
Coitado do Afonso que se esqueceu de estudar pela Sebenta (outra instituição coimbrã) e, por isso, o ano rebentou, ou melhor apanhou uma raposa.

sábado, 8 de julho de 2006

Universidade de Coimbra - III (Via Latina)

No topo dos edifícios que compõem os edifícios universitários fica uma colunata maneirista, edificada no século XVIII, no centro da qual existe um conjunto escultórico executado por Laprade em 1700, ao qual se juntou o busto de D. José I e duas figuras alegóricas.
Este conjunto é conhecido pelo nome de Via Latina
Ultimamente, foi descoberto como cenário para a realização de espectáculos musicais que têm lugar no Páteo das Escolas, entre os quais salientava as óperas “O Barbeiro de Sevilha” e "D. Giovani" e um espectacular concerto, há dois anos, de Ney Matogrosso, que este mês (Julho) aí volta actuar, no dia 11.

quinta-feira, 6 de julho de 2006

Uma história curiosa(mente) triste.

Tinha pensado um dia destes fazer um post sobre o túmulo de D. Afonso Henriques.
Tive que precipitar a sua publicação, por motivos que, mais uma vez, nos envergonham como país.
Desde algum tempo a esta parte, a investigadora Eugénia Cunha da Universidade de Coimbra, estava a desenvolver um trabalho em Santa Cruz que consistia no estudo das relíquias dos santos e que, neste mosteiro, conforme já vimos, são mais de 5000.
Andando a Igreja em obras, a investigadora ia apoveitar para estudar os restos mortais de D. Afonso Henriques e, provavelmenete, de sua esposa, D. Mafalda, que talvez também se encontre ali sepultada.
Conseguidas as autorizações necessárias da Diocese e da Direcção Regional do Ippar eis, senão quando, a notícia foi conhecida em Lisboa, no Ippar.
Alguém, cioso das prerrogativas, toca de mandar parar tal investigação, pois não havia autorização de Lisboa, a Ministra não sabia, etc, etc, etc.
Até se vai mandar instaurar um inquérito para saber quem foi o (ir)responsável que deu autorização, aqui em Coimbra.
Mal vai o nosso país quando um assunto destes tem de ser autorizado pela Ministra; quando, na época do Choque Tecnológico, não houve um simples telefone para contactar com as "autoridades máximas" que estão em Lisboa, ou será que houve e ninguém ligou; quando continuamos a ser tratados, na "província", como incapazes de decidir algo, sem a autotrização de Lisboa; quando, por vezes, ao fim de meses sem responder a um simples ofício, alguém se lembra que tem poder e, só então, o exerce, prometendo sempre explicações para mais tarde.
Estavam com medo de quê? Que alguém levasse ossos para casa? Que estragassem o túmulo?
Já não se lembram de todo o património que está a cair sem que ninguém faça algo? O Estado não faz por incúria ou falta de meios, os privados, ou a Igreja, neste caso, nada podem fazer sem uma série de autorizações dos primeiros. Faz-me lembrar aquele ditado "Nem comem, nem deixam comer"
Realmente, num país com estas mentalidades, não há Choque Tecnológico que resista, nem Simplex que não passe de propaganda.
Espero, porque ainda quero acreditar neste país, que haja uma justificação suficientemente forte e válida para explicar este imbróglio, sob pena de cairmos no ridículo.
Haja paciência.

Universidade de Coimbra - II (Torre)

A Torre da Universidade, de estilo barroco mafrense da Escola do Arquitecto Ludovice, foi erguida entre 1728-1733, ocupando um dos ângulos dos edifícios universitários.
Tem 34 metros de altura, e esteve desde sempre ligada à vida académica, sendo o seu sino conhecido entre os estudantes por "Cabra", pois marcava os dias das aulas, ao tocar às 7 horas e 30 minutos da manhã (começo das aulas) e às 6 da tarde, hora do recolher, para estudar.
Como estão diferentes os tempos.
Há ainda outro sino na Torre com um nome menos próprio, o Cabrão, que apenas toca nos doutoramentos e ocasiões festivas.
A Torre tornou-se, possivelmente, no símbolo mais conhecido de Coimbra.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

O Nome das coisas - XIV (As Francesinhas)

Hoje tinha planeado continuar a falar da Universidade de Coimbra, no entanto, por motivos alheios à minha vontade, vi-me constrangido a dar uma pulada até à Invicta Cidade do Porto, a fim de falar das francesinhas. Qualquer coincidência com a realidade (jogo de futebol Portugal /França) é a mais pura das verdades.

Já que não os pudemos comer (ou não nos deixaram), vamos a elas e, por isso, aqui vai a história/receita das francesinhas (deve ler-se com pronúncia acentuada).
As francesinhas nasceram no Porto, “inventadas” na década de sessenta, por um emigrante regressado de França, que decidiu introduzir alguma inovação num prato tipicamente francês (croque-monsier), adicionando-lhe um molho bem ao sabor português.
Pode-se dizer que, além das tripas, o prato mais conhecido do Porto, as francesinhas fazem também já parte do imaginário tripeiro.
É hoje possível encontrá-las em qualquer restaurante da cidade e até já no regime de franchising (as primeiras são, quase sempre, melhores).

Aqui vai a receita:
Ingredientes:
Molho:
uma cerveja; um caldo de carne; duas folhas de louro; uma colher de sopa de margarina; um cálice de brandy ou vinho do porto; uma colher de sopa de farinha maizena; duas colheres de sopa de polpa de tomate; um dl de leite; piripiri.
Francesinha:
Duas fatias de pão de forma; fiambre; queijo; salsichas; linguiça e escalope de vitela.

Preparação:
Molho:
Dissolver bem a maizena com o leite e juntar os restantes ingredientes. Com a varinha mágica triturar, levar ao lume até ferver e engrossar um pouco, mexendo para não pegar no fundo.
Francesinha:
Fazer uma sandes com os ingredientes e cobrir com queijo. Colocar no centro de um prato e regar com o molho. Levar ao forno a gratinar

Bom apetite e, no próximo Sábado, palpita-me que vamos ter uma receita com salsichas.

terça-feira, 4 de julho de 2006

Universidade de Coimbra - I

Hoje vamos até à alta de Coimbra, onde fica uma das mais prestigiadas institições da cidade: a Universidade de Coimbra que é uma das mais antigas Universidades da Europa.
Curiosamente a Universidade de Coimbra foi fundada… em Lisboa, corria o ano de 1290, tendo sido transferida definitivamente para Coimbra em 1537, depois de, durante estes dois séculos e meio, ter mudado várias vezes de Lisboa para Coimbra e vice-versa. Para esta última mudança, D. João III cedeu o Paço Real, onde a universidade se instalou.
Neste local já os romanos teriam edificado o pretorium o que já diz muito da importância estratégica e militar do local
Foi depois o local da Alcáçova árabe.
Com a conquista cristã veio a ser o Paço Afonsino, que o Rei D. Manuel reformaria profundamente, mandando também edificar a Capela de S. Miguel
O edifício apenas passou a pertencer à Universidade em 1597, durante o domínio filipino, data em que foi adquirido pela Universidade.
É depois disto que são construídas ao lado do Paço novas estruturas como a Biblioteca Joanina, a Torre e a Via Latina e a Porta Férrea que marca o local de entrada no espaço universitário.

segunda-feira, 3 de julho de 2006

O Órgão de Santa Cruz

Resolvi que ainda não era chegada a altura de sair de Coimbra, por isso vos proponho hoje que entremos na Igreja de Santa Cruz, a fim de podermos observar um dos melhores órgãos de tubos do país.
O actual órgão, que podemos observar do lado esquerdo de quem entra, data do século XVIII, mais propriamente de 1724, ano em que foi concluído, depois de 5 anos de construção. Foi construído pelo mestre organeiro espanhol Manuel Benito Gomes Herrera e era, no seu tempo, um dos melhores da Europa. Note-se, no entanto, que antes deste, outros existiram no mesmo sítio, sendo que algumas das suas partes foram integradas no actual.
O actual órgão é composto por 4 órgãos diferentes, incluindo 3420 tubos.
A qualidade do seu som foi-se degradando com o tempo, encontrando-se, actualmente, a ser restaurado. Daí ser apenas visível uma parte da caixa.
Não há muitos anos ainda tocava e cheguei a participar em alguns Concertos em que se fez ouvir.
Uma peça ficou na memória de quem prtesenciou esse concertos, Jerusalém, que se tornou popular depois de uma interpretação feita por um famoso grupo dos anos 70: os Emerson, Lake and Palmer.
Já gora e só a título de curiosidade, nos séculos XV e XVI, S. Cruz de Coimbra deslumbrou a Europa pela qualidade da sua música, tendo compositores mundialmente famosos como D. Pedro de Cristo, que dá nome a um coro da cidade e D. Pedro da Esperança.
Há uns anos atrás, um grupo profissional inglês veio a Santa Cruz interpretar unicamente peças de D. Pedro de Cristo e o curioso é que muitas delas eram completamente desconhecidas em Portugal pois, quando foram compostas, destinavam-se, muitas vezes, a seram cantadas e tocadas apenas uma vez. Com a extinção das Ordens Religiosas (ver post sobre o Largo da Portagem), muitos dos livros da Biblioteca do Mosteiro, uma das melhores do país, acabaram no estrangeiro, daí o facto de serem peças desconhecidas em Portugal.
Até um dia destes e uma sugestão: ouçam o CD dos Melhores Coros da Região Centro e terão oportunidade de conhecer alguma dessa música.

sábado, 1 de julho de 2006

Uma Estória Curiosa (Gloriosa) - V

Perdoem-me o desvio mas, hoje, ninguém me pode levar a mal por colocar aqui a fotografia do Figo que penso simbolizar um caso de sucesso, neste país onde tudo parece correr mal.
Quando se questiona sempre a nossa produtividade, quando parece que não há perspectivas de futuro, ou este é muito sombrio, há um grupo de portugueses (incluindo o Deco) que nos mostra que com um bom comando, tudo se pode conseguir/conquistar.
Eu sei que se trata apenas de um jogo, mas não haja dúvidas que há portugueses com sucesso.

Viva Portugal!...