quarta-feira, 30 de maio de 2007

Jardim da Sereia (Parque de Santa Cruz)

O Parque de Santa Cruz, popularmente conhecido como Jardim da Sereia, pertencia ao Mosteiro de Santa Cruz, estando integrado na sua cerca.
Foi criado como espaço de lazer e meditação para os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, também conhecidos como Crúzios, devido ao nome do Mosteiro.
A sua construção teve lugar quando à frente da comunidade monástica estava D. Gaspar da Encarnação, que chegou a ser ministro de D. João V.
A entrada do Jardim é coroada por três estátuas representando a Fé, a Caridade e a Esperança.
O Terreiro da Péla, apresenta uma bela cascata ao fundo. No cimo das escadas, a Fonte da Nogueira com uma estátua representando um Tritão abrindo a boca a um golfinho, de onde corre a água para uma fonte, encontrando-se aí o motivo pelo qual o Parque de Santa Cruz passou a ser designado por Jardim da Sereia.
A juntar a tudo isto, uma mata cheia de recantos agradabilíssimos onde a água jorra em abundância, tornando possível que, no espaço hoje ocupado pela Avenida Sá da Bandeira (antigo laranjal dos monges), houvesse moinhos que a usavam como fonte de energia.

sábado, 26 de maio de 2007

A Tragédia da Praça da República

No dia 8 de Julho de 1938, aconteceu, na Praça da República, umas das maiores tragédias a que Coimbra já assisitiu.

Integrado no programa das Festas da Rainha Santa desse ano estava o ataque a um fogo, propositadamente ateado a um prédio em esqueleto que fora construído para o efeito na Praça da República.

Para cumprir esses objectivo edificou-se o referido esqueleto com 4 andares (contando o rés-de-chão) ao qual seria ateado fogo que os Bombeiros Municipais combateriam, salvando algumas pessoas que lá estavam.

A Praça encheu-s de gente para ver tal exibição mas algo correu mal.

Às 21.40 horas lançou-se fogo ao prédio com um molho de lenha embevida em petróleo, estando no seu interior 13 pessoas, pertencentes aos bombeiros e pessoal dos serviços de limpeza camarários.

Aconteceu que o fogo alastrou rapidamente e os bombeiros não havia meio de chegarem, tendo começado a ouvir-se gritos dos que estavam no interior da estrutura.

Quando os bombeiros finalmente chegaram pouco havia a fazer, pois a maior parte das pessoas havia-se atirado do cimo do prédio (cerca de 17 metros de altura), morrendo 9 na queda (outro viria a falecer mais tarde). Outros dois morreram carbonizados por não terem tido coragem de saltar. O mais novo tinha 12 anos e chamava-se José Abrunhosa.

E assim ficaram manchadas as festividades da Cidade desse ano, por este trágico episódio em que não foram tomadas as medidas necessárias para se acautelaram as vidas das pessoas envolvidas.
Penso que o caso só não teve outro tipo do consequências pois vivíamos em tempo de ditadura com a comunicação social amordaçada.

terça-feira, 22 de maio de 2007

A Praça (da República)

A Praça da República nem sempre teve este nome pois, inicialmente, chamava-se Praça D. Luís. A troca de nome tem a ver, como facilmente se comprova, com a alteração de regime político ocorrida em 5 de Outubro de 1910.

A propósito, sabia que no dia 5 de Outubro, além de se comemorar a Implantação da República, também se comemora, ou melhor, deveria comemorar a independência de Portugal, pois foi nesse dia, no distante ano de 1143, que foi assinado o Tratado de Zamora, em que D. Afonso VII, rei de Leão e Castela, reconheceu D. Afonso Hernriques, seu primo, como rei de Portugal?

Voltando à Praça, é de referir que, originalmente, estava a um nível mais baixo que o actual pelo que, para se entrar na Sereia ou Parque de Santa Cruz, tinha que se subir 13 degraus o que faz com que os torreões estejam, hoje, parcialmente enterrados (1ª fotografia). Por falar nos torreões, é uma pena que estejam cheios de grafitis que estragam as pinturas que ostentam.

Na segunda foto, de 1979, é visível, à direita, uma parte do Teatro Académico Gil Vicente no local onde, outrora, ficava a Casa da Quinta da Ribela, mandada erguer pelos priores de Santa Cruz, para que os monges aí se pudessem recolher quando iam até ao Jardim da Sereia ou aí passassem férias no Verão.

À volta desta praça, existem uma série de casas exibindo vários estilos revivalistas, de que falaremos um dia destes.

Outroa aspecto curioso da Praça é a movida estudantil que lhe traz uma grande animação, sobretudo à noite.

A Praça da República é conhecida em Coimbra simplesmente como a Praça e está tudo dito.

sábado, 19 de maio de 2007

Avenida Sá da Bandeira





Em 1885 a Câmara Municipal de Coimbra adquiriu por 22 contos de réis os terrenos que hoje constituem a Avenida Sá da Bandeira e que haviam pertencido à Cerca do Mosteiro de Santa Cruz.

Por ali corria uma ribeira que nasce no Jardim da Sereia, que fazia funcionar alguns moinhos já desaparecidos e que hoje alimenta os lagos aí existentes.

Para o espaço foi projectada uma artéria, uma espécie de Passeio Público, a que foi dado o nome de Avenida Sá da Bandeira, em 1889.

Os lotes que ladeavam esta nova avenida foram vendidos em hasta pública e aí foram construídos alguns dos mais belos edifícios da cidade em finais do século XIX, início do século XX. Alguns deles entretanto foram destruídos para dar lugar a alguns mamarrachos de mau gosto como por exemplo o Centro Comercial Avenida , no lugar do Teatro-Circo do Príncipe Real inaugurado em 1892, mais tarde designado por Teatro Avenida e o Golden Shopping Center.

Em 1928 foi-lhe acrescentado o jardim central projectado por Jacinto de Matos (duas últimas fotografias) e, 4 anos depois, o monumento aos mortos da 1ª Grande Guerra.

Merece ainda destaque a Escola Básica (antiga Escola Primária) nº1, vulgarmente conhecida como Escola de Santa Cruz (na 2ª fotografia) e que inicialmente era designada por Escola Central, projectada pelo arquitecto Adães Bermudes.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

1 ano - Hoje é dia de festa...


"Há sempre uma primeira vez para tudo.
Hoje, depois de incentivado pelo meu colega Carlos Moura, resolvi lançar-me na criação de um bloque.
Vamos lá ver o que vai sair daqui.
Penso partilhar convosco (com quem tiver pachorra para me ler) algumas histórias e estórias que fizeram, e fazem parte, da nossa identidade como povo.
Depois de muitas andanças pelo Clube de Arqueologia do CAIC, com um currículo de muitas visitas de estudo acompanhando alunos dos mais variados anos lectivos (a da foto teve lugar no dia 30 de Novembro, com os meus alunos do 10º ano para Mérida), já vou tendo algumas histórias e estórias que gostaria de partilhar.
Espero consegui-lo e, já agora, não ser muito maçador.
Até um dia destes.
Tozé Franco "

Assim começou este blogue, faz hoje, 16 de Maio, um ano, que tem andado por aí, à espera que alguém o leia.

Alguns o fizeram como o é possível verificar pelas mais de 15.000 visitas e pelos 170 posts publicados.

Os comentários já vão sendo alguns e têm incentivado este aprendiz de escriba a continuar a partilhar convosco alguns lugares, estórias e histórias, bem como sabores que vai encontrando ao longo da sua deambulação por esta vida.

Espero continuar a merecer a vossa visita e, já agora, o vosso comentário se for caso disso.

Um abraço e espero que nos continuemos a encontrar por aí...

Já agora, façam-me o favor de ser felizes..

Tozé Franco

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Mercado D. Pedro V



O Mercado D. Pedro V, ou Praça com é conhecida entre os conimbricenses, é o principal mercado da cidade de Coimbra.
O Mercado foi construído no ano de 1867, depois da extinção das Ordens Religiosas e da nacionalização dos seus edifícios e terras, no local onde ficavam a horta e o laranjal do Mosteiro de Santa Cruz.
Este Mercado veio substituir o antigo de que já aqui falámos e que se realizava na Praça de S. Bartolomeu, conhecida actualmente como Praço do Comércio ou Praça Velha.
O espaço foi sofrendo obras ao longo dos tempos, tendo recebido portões no ano de 1904.
As três primeiras fotografias, tiradas sensivelmente do mesmo lugar, mostram-nos o mercado no início do século XX, com o aspecto que teve até às grandes obras que lhe deram o aspecto visível na 2ª fotografia. A zona retratada mostra-nos uma das principas entradas do Mercado que está hoje transformada numa zona de cargas e descargas (2º e 3ª fotografias).
Quanto à 4ª fotografia mostra-nos um grupo de vendedeiras do mercado, no início so século XX com os produtos que traziam do campo.
Na última fotografia, de 1979, é visível, ao fundo, a chamada Praça de Peixe, bom exemplar da arquitectura do ferro de finais do século XIX, inícios do século XX.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Os 7 Magníficos

Coimbra sempre foi uma cidade com algumas figuras típicas tendo, muitas delas, laços com a Academia.
Quem não se lembra do Teixeira, com a sua voz inconfundível, que gerou um amplo movimento de solidariedade entre os estudantes para arranjar dinheiro a fim de ser operado às vistas?
E o Carlos, que ainda hoje abre o Cortejo da Queima (2ª foto), que sempre recolheu os cartões nas lojas da baixa para os vender no Geraldo, um ferro-velho existente, ainda hoje, na rua da Sota, nas traseiras da Zara, antigo cinema Tivoli?
Tempos houve em que se falava dos 7 magníficos de Coimbra. Eis 4 deles.
O que está montado no leão, encontrei-o há tempo na zona do Girasolum, a cravar, não beijinhos às meninas que passeiam, mas uma bebida e uma moedinha às pessoas que estavam numa das esplanadas..
Esta é a minha pequena homenagem a todos aqueles que contribuíram e contribuem para fazer de Coimbra aquilo que ela é.
PS: Hoje foi dia de Cortejo da Queima das Fitas. Aliás a 2ª fotografia, onde está o Carloa, foi tirada nele. Mais uma vez a academia saíu à rua para fazer a sua festa e eu próprio me desloquei à cidade para ver a festa porque tinha lá a minha herdeira.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Praça Velha (Praça do Comércio)


A actual Praça do Comércio que, em tempos idos, se chamou praça de S. Bartolomeu (nome da Igreja situada num dos topos) ou simplesmente Praça é vulgarmente conhecida pelo nome de Praça Velha, pois aí funcionou, durante muito tempo, o mercado que abastecia a cidade. Com a construção do Mercado D. Pedro V (actual mercado) nos terrenos até aí ocupados pelos laranjais de Santa Cruz, a Praça do Comércio passou a ser popularmente conhecida como Praça Velha (por oposição à Praça Nova).
Ainda hoje se realizam aí a Feira das Cebolas e a das Antiguidades.
Hoje, ocupada por inúmeras esplanadas, tem, no centro, uma cópia do antigo Pelourinho de Coimbra.
Para ela convergem muitas das ruas onde, antigamente, desempenhavam as suas funções os mesteirais, facto esse ainda patente no nome de algumas ruas (Rua dos Sapateiros, por exemplo).
Num dos topos, junto à Igreja de São Bartolomeu ficava, quando eu era míudo, a casa das Mijadinhas famosa pelos seus pastéis de Santa Clara (dizia-se que era ali o único sítio onde eram feitos segundo a receita original) e pelos seus confeites que eram a perdição dos miúdos que andavam no Externato Feliciano de Castilho, propriedade da professora D. Alice a quem eu e outros da minha geração muito devem.
No topo oposto fica uma das igrejas mais antigas da cidade e que bem merece uma visita: a Igreja de Santiago de belo estilo românico.
Nas duas primeiras fotografias é visível essa Igreja (de S. Tiago) em duas épocas diferentes com assinaláveis alterações no edifício.
Na fotografia mais antiga são visíveis construções que adulteraram o edifício original e que ocupavam o espaço hoje preenchido com as escadas de S. Tiago a a parte superior do templo. Também a parte de trás da Igreja sofreu alterações pois a cabeceira da Igreja foi cortada para alargar a rua Visconde da Luz, antiga rua de Coruche.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Jardim da Manga

Continuando com a temática do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, vamos hoje falar do Jardim da Manga, assim chamado, segundo a tradição, pelo facto de D. João III, com certeza num dia de grande inspiração, o ter desenhado na manga do seu pelote.
Era, sem sombra de dúvidas, uma história bonita se tivesse algum fundamento.
Os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, conhecidos como Crúzios, chamavam-lhe simplesmente Fonte da Manga.
Este era um dos dois claustros do Mosteiro de Santa Cruz (o outro é o Claustro do Silêncio) e que hoje se encontra aberto para a via pública (Rua Olímpio Nicolau Farnandes).
A sua traça deve-se a João de Ruão, famoso escultor de origem francesa, como o próprio nome indica, e é uma representação da Fonte da Vida que é Cristo, aqui simbolicamente representado pela água que sai do templete central e alimenta oito tanques agrupados dois a dois.
Nas fotografias vê-se Jardim da Manga na actualidade (1ª) e no tempo em que ainda estava de pé a Torre Sineira de Santa Cruz (2ª fotografia).
Embora em regime de self-service o Restaurante do Jardim da Manga é uma boa opção para uma refeição.