domingo, 31 de janeiro de 2010

O centenário da República


"... Eu meu senhor,não sei o que é a República, mas não pode deixar de ser uma causa santa. Nunca na egreja senti um calafrio assim. Perdi a cabeça então, como os outros todos. Todos a perdemos. Atirámos entâo as barretinas ao ar. Gritámos todos: Viva, viva, viva a República!..."
Palavras de um soldado ao Presidente do Tribunal de Guerra, no acto do julgamento.

Li isto na folha publicitária das Comemorações do Centenário da República, que saíu, hoje, integrada nos diversos diários publicados, a propósito do 31 de Janeiro de 1891.
Nada tenho contra as comemorações - aliás sou republicano assumido - e acho que 100 anos é uma data importante para comemorar.
Já me faz impressão que não houvesse outra frase para publicar. Já me tinham dito que as comemorações iam servir para acentuar o carácter anti-igreja católica da Primeira República, coisa em que não quis acreditar, mas enganei-me e esta frase é disso exemplo.
Como se não bastasse a ignorância do soldado que aclama uma coisa que não conhece, tinha de vir a Igreja à baila. Aliás, se seguissemos o exemplo, bastava pôr os alunos a celebrar a República, gritando-lhe vivas, mesmo não fazendo ideia do que estavam a dizer. Ter papagaios que repetem o que se lhes pede dá jeito a muita gente, como sabemos.
Há que ter cautela com aquilo que publicamos e com a maneira como celebramos as coisas, pois celebrar com, é bem diferente de celebrar contra....
Já agora, não se esqueçam que no 5 de Outubro se celebra também o Tratado de Zamora (2.ª imagem) que estabelece a independência de Portugal, sem a qual não haveria república.

domingo, 24 de janeiro de 2010

O conto do vigário

Pensava eu que só caia no conto do vigário quem queria. Afinal parece que me enganei, ou talvez não.
Aconteceu que, um dia destes, um familiar meu recebeu uma carta para pagar à volta de 26€, por uma assinatura de uma revista, feita em 2006.
A seu pedido, contactei a empresa responsável pela cobrança e foi-me dito que o facto de não ter devolvido a carta recebida na altura, e que trazia um pequeno presente (uma tesoura pequenina), equivalia a ter assinado a dita edição.
Liguei, entretanto, para a editora (telefonema pago) e disseram-me que havia uma requisição assinada por essse familiar e que, como tal, tinha de pagar os 26€ ou seria levado a tribunal. Acrescentaram, ainda, que lhe enviariam uma cópia da dita requisição, o que aceitei. O que é um facto é que 3 telefonemas depois, 1 email e um número e fax e a disponibilidade para ir a Lisboa resolver pessoalmente o assunto, a dita cópia continua sem chegar, embora continuem a chegar cartas solicitanndo o pagamento sob pena de serem accionados os meios judiciais. Entretanto, já lá vão dois meses.
O meu familiar não vai pagar uma coisa que não pediu, mas é um facto que muita gente o terá feito pois ninguém quer ir a tribunal por 26€, que não dão sequer para a 1.ª consulta a um advogado, para tratar do assunto.
E assim se vai vivendo num país de chicos espertos, entretido a debater casamentos em nome de uma pretensa modernidade, numa altura em que os que tradicionalmente se casavam estão a deixar de fazê-lo.
Ainda bem que nasci português, pois há sempre um país desconhecido à nossa espera.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

por este país fora...


Uma semana destas fui, mais um grupo de amigos, a pé até Fátima .
Não fui cumprir nenhuma promessa, mas peregrinar com amigos tornou-se um ritual anual de encontro comigo próprio, com os outros, com Deus e com a natureza.
Mas o assunto que me traz aqui, hoje, é o país real, aquele que faz "montage" de escapes, "excurções" e que dá pulos de cangurú para entrar e/ou sair de casa.
Percorrer, a pé, os caminhos deste país é encontrar placas com mensagens inacreditáveis, casas que ultrapassam tudo o que seria imaginável e lixo, muito lixo, na beira das estradas. Tanto lixo que, se levada a sério a iniciativa que se anuncia de limpar Portugal, suspeito que se esgote a capacidade de todos os aterros sanitários deste jardim mal tratado à beira-mar plantado.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Em honra ao lema deste blogue "Quem abdica de uma liberdade essencial em troca de segurança temporária, não merece a liberdade nem a segurança" e do meu gosoto por fotografias antigas, deixo-vos uma foto impressionante de uma reprodução da Estátua da Liberdade feita com soldados (Se clicarem na foto para aumentar verão mais pormenores)
Esta foto incrível foi tirada em 1918 e nela estão 18.000 homens preparando-se para a guerra, num acampamento de treino em Camp Dodge, no Iowa.

Dados da Fotografia:
Base de Ombro: 150 metros
Braço Direito: 340 metros
Parte mais larga do braço segurando tocha: 121, 2 m
Polegar direito: 35 metros
Face: 20 metros
Nariz: 7 metros
Longest Spike pedaço de cabeça: 23 metros
Tocha e chama combinado: 980 metros
Número de homens na chama da tocha: 12.000
Número de homens na tocha: 2.800
Número de homens no braço direito: 1.200
Número de homens no corpo, cabeça e equilíbrio da figura apenas: 2.000
Total de homens: 18.000

domingo, 10 de janeiro de 2010

Bolos....

Hoje, é mesmo de bolos que vos quero falar (Eu é mais bolos, como dizia o outro!).
Uma amiga minha tem o dom de fazer bolos de fazer inveja a qualquer um. E para que não haja qualquer dúvida, se os olhos também comem, as minha papilas gustativas já os provaram e garanto-vos que sabem tão bem como parecem (ou ainda mais).
O curioso é que as filhas, de tenra idade, já "aprendem" a arte com a mãe e, elas próprias, são já responsáveis por parte do produto final.
Antes que a ASAE nos proiba de comer bolos destes ou haja qualquer acusação de uso de mão-de-obra infantil, pois sabemos que as crianças apenas podem ser usadas em novelas e concursos de canções, mesmo que para isso faltem a muitas aulas e trabalhem até às tantas da noite (lembram-se dos Domingos e do fim de ano da 4?).
Aqui vos deixo algumas fotos.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Celas

Quando era pequeno, lembro-me de ir a Celas (como ficava longe, apesar do eléctrico!) onde uns tios-avós paternos (Ti Zé da Santa e tia Glória) eram caseiros de uma quinta que aí existia e que, entretanto, desapareceu.

Essa Quinta ficava nos terrenos onde hoje está a escola Martim de Freitas e aí se chegava depois de percorridas umas veredas desde o Largo da Cruz de Celas. A casa ainda hoje existe, embora muito degradada.
Nessa Quinta tomei grandes banhos, num tanque cheio de girinos e que servia para a rega dos produtos agrícolas.
Sorte a nossa não haver ASAE porque o tanque era de certeza encerrado por questões de higiene... Mas como o que não mata engorda, eis-me aqui a tentar perder uns quilos ganhos no Natal, especialmente com as Azevias recheadas com doce de grão de bico (um dia destes deixo aqui a receita deste doce medieval).
Vem tudo isto a propósito das fotografias de hoje.
Celas era, no final do século XIX, uma das localidades dos arrabaldes de Coimbra que se havia desenvolvido em redor do Mosteiro de Celas, construído no século XVII e hoje ocupado, parcialmente, pelo Hospital Pediátrico, enquanto não é inaugurado o novo.
O Largo de hoje tem um aspecto muito diferente daquele do início do século XX e do que eu conheci nos finais dos anos 60, início dos anos 70, quando ia a casa dos meus tios e como estudante do Liceu Normal D. João III (José Falcão depois do 25 de Abril). Esta do Normal sempre me levou a pensar que existiriam liceus anormais algures por aí.
Um abraço, fiquem bem e uma Ano Novo cheio de coisas boas!