sábado, 30 de dezembro de 2006

Salamanca

Pateo Chico
Costilla e Sangria do Bambú
Igreja de San Miguel
Plaza Mayor
Um problema no blogue (?) não me permite colocar fotografias sobre a parte final da viagem que dei pelo interior norte. Entretanto, como tinha estes artigos já gravados, aproveito-os para vos sugerir um passeio de final de ano: Salamanca, uma das cidades que mais me atrai no país de nuestros hermanos.
Situada a cerca de 130 Km de Vilar Formoso aí fica um das mais antigas e conceituadas universidades europeias. Só pelos seus edifícios já valia a pena a visita.
Mas Salamanca é muito mais do que a Universidade. Vale a visita pela sempre bela Plaza Mayor, pela Catedral, pelas ruas da cidade antiga, pela movida e, quem diria, pelas casas de comidas, tapas e bares. Apenas 5 nomes porque voltaremos a este assunto: Bambú, mesmo junto à Plaza Mayor, onde se comem dos melhores grelhados da Península e a vista se delícia pelos famosos pinchos e tapas expostos no balcão, o Pateo Chico pelo mesmo motivo, o Cum Laude, bar que lembra os claustros de uma igreja e onde não há despesa obrigatória, o O´Haras, um típico bar irlandês onde as tapas estão incluídas no preço da bebida e o Haddock, onde a música jazz impera a partir das 11 da noite.
Salamanca vale sempre a pena.
Aproveito a ocasião para desejar a todos um Óptimo Ano Novo e que este vos traga tudo aquilo com que sempre sonharam...
Um abraço e façam-me o favor de serem FELIZES.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Natal (outra vez)

Peço desculpa por voltar ao tema, mas parece que anda muita gente fora do seu juizo normal.
Na Itália os responsáveis de alguns jardins infantis proibem as canções de Natal para não ofender os não-cristãos; na Inglaterra algumas empresas não colocaram decorações de Natal para não ofender os não-cristãos; no mesmo país, uma Câmara Municipal proibiu o termo Christmas (por óbvias conotações com Cristo) e trocou-o por Winterval (intervalo de Inverno), pelos mesmos motivos; em Mijas, Málaga, Espanha, uma professora deitou fora um presépio feito pelos alunos na aula de Religião, porque uma escola pública, na sua opinião, tem de ser laica (como se ser laico fosse isto). Sorte não ter deitado fora a professora de Religião e os alunos pois sendo a escola laica, também eles não deveriam ter lá lugar.
Mas a lista não acaba aqui. Ainda em Espanha, em Saragoça, proibe-se a colocação de decorações de Natal porque a escola não tinha espaço (!!!) e, mais uma vez, para respeitar os não-cristãos.
Também em Portugal são conhecidos alguns episódios curiosos: numa escola EB1 a professora, interferindo numa área que apenas aos pais diz respeito, disse aos alunos para pararem com as parvoíces do Menino Jesus e do Pai Natal, desfazendo as ilusões dos petizes sobre a noite de Natal; num infantário da região centro a educadora ensinou aos meninos músicas de Natal com letras alteradas, pois a escola laica não permite canções religiosas, tendo ensinado algumas pérolas do tipo "O padre Peixoto / comeu muito / e deu um grande arroto." Ora aqui está um exemplo de louvar, não só continuou a meter a religião (um padre) como deu uma lição de boa educação às crianças.
Mas, o mais curioso estava reservado para a SIC Notícias que transmitiu uma entrevista a um defensor da laicidade (não sei se pertencia a Associação República e Laicidade) onde este se fartou de explicar as "virtudes" das suas ideias. Assim, nenhum símbolo religioso deve estar na esfera pública pois colide com a liberdade dos outros.
Sempre os outros.
Começo a pensar que os outros são apenas eles, ideia reforçada pelo espanto demonstrado pelos representantes de outras religiões que já se pronunciaram publicamente sobre o assunto. Chegou ao ponto de dizer que já ninguém ia à Missa do Galo ou do dia de Natal e que as empresas que proibiram referências ao Natal tinham visto a sua produtividade aumentar (!!!), pois todos trabalhavam com mais alegria (deduzo que por não se sentirem ofendidos!).
Sem decorações e prendas de Natal e com a produtividade a aumentar aí vão disparar os lucros da maldita classe exploradora. Como é bom ser-se coerente....
A defesa de que a religião se deve confinar à esfera privada é falsa por vários motivos: em primeiro lugar porque mostrar a fé em público não ofende ninguém; em segundo, porque ao proibir-se isso, não tarda nada outras proibições se seguirão, atingindo as outras religiões (embora claramente saibamos que o objectivo é o Cristianismo e especialmente a Igreja Católica) e, mais tarde, outros grupos não religiosos.
Eu optei por expor o presépio em fente a casa (ver antepenúltimo post) e ainda não recebi protestos, pelo contrário, tem sido elogiado, até por amigos de esquerda, para que não haja dúvidas.
Mas, como sempre aprendi, Deus escreve direito por linhas tortas, pois o referido senhor chamava-se Moisés Espírito Santo o que, dado o assunto, não podia ser um nome mais adequado à problemática.
Já o imagino, no dia 27, a dirigir-se a uma Conservatória do Registo Civil, com um pedido solicitando a troca do nome, receando que o mesmo possa ser ofensivo para os não crentes, ou para os seguidores de outras religiões que não as três monoteístas que reconhecem Moisés. Do Espírio Santo já nem falo...
Convenhamos que há nomes e nomes e que, neste caso, a situação não deixa de ter piada.
Quanto a mim, vou aproveitar para passear, enquanto posso, nos feriados, pois palpita-me que o Engenheiro Sócrates, na sua ânsia de aumentar a produtividade, vai aproveitar a deixa para suprimir uns tanto feriados.
O Natal, a Sexta-feira Santa, o dia de Todos os Santos, a Imaculada Conceição devem ter os dias contados, pois imagino que ofendam muitas pessoas.
O 25 de Abril, o dia do Trabalhador, o 1º Dezembro seguir-se-ão, pois nem estes conseguem, infelizmente, aprovação total, havendo quem não se reveja nestes festejos. Já agora, um dia destes acabam-se as manifestações do 1º de Maio, pois sendo o dia dos trabalhadores, neste país de faz de conta, deve haver muita gente que se sente ofendida com a ideia absurda de ter de trabalhar. Cuidem-se.
Penso que, agora sim, está a chegar o mundo que George Orwell, anteviu na sua obra "1984", em que um Big Brother vigiava toda a nossa vida, estabelecendo as normas, o que era certo e errado, etc.
Não haja dúvidas que há certos tiques políticos que nunca se perdem e, mais tarde ou mais cedo, acabam sempre por vir ao cimo.
Que o próximo ano vos traga tudo de bom.
Prometo, no próximo post, terminar a volta que andava a dar pelo interior norte.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Um Santo e Feliz Natal

Tomei a liberdade de postar aqui um texto enviado por uns amigos muito especiais, desde o Canadá. Bem-hajam.

Feliz Natal !

Quisera Senhor, neste Natal, armar uma árvore e nela pendurar, em vez de bolas, os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos de longe, de perto. Os antigos e os mais recentes. Os que vejo a cada dia e os que raramente encontro. Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos. Os constantes e os intermitentes. Os das horas difíceis e os das horas alegres. Os que, sem querer, eu magoei, ou sem querer me magoaram. Aqueles a quem conheço profundamente e aqueles de quem conheço apenas a aparência. Os que pouco me devem e aqueles a quem muito devo. Meus amigos humildes e meus amigos importantes. Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida. Uma árvore de raízes muito profundas para que seus nomes nunca sejam arrancados do meu coração. De ramos muito extensos para que novos nomes vindos de todas as partes venham juntar-se aos existentes. Uma árvore de sombras muito agradáveis para que nossa amizade, seja um momento de repouso nas lutas da vida.
Que o Natal esteja vivo em cada dia do Ano que se inicia para que possamos todos viver em paz e amor!

Um Santo e Feliz Natal e que no ano de 2007 o Menino vos traga tudo aquilo que mais desejem.

Um abraco,

Tozé Franco

domingo, 17 de dezembro de 2006

Natal (enquanto é tempo)


Resolvi interromper a volta que andava a dar pelo interior de Portugal, para postar duas fotografias do presépio que, este ano, resolvi fazer, no pequeno jardim que tenho em frente a casa.
Perguntarão as pessoas que se dignam ler este blogue: Mas porquê interromper o roteiro da viagem ao interior para postar fotografias de um presépio?
Pois eu digo-vos. Faço-o por dois motivos:
Em primeiro lugar porque é Natal. Em segundo, porque, com esta mania que começa a chegar a uma Europa que parece envergonhar-se da sua história, um dia destes, em nome do politicamente correcto, proibem-nos de fazer o Presépio, não vamos ofender algum vizinho. Gostaria de esclarecer que tenho o maior respeito pelas outras religiões e que estaria na primera linha de combate para que os seus fiéis tivessem liberdade de culto, se isso fosse proibido.
Curiosamente, ou talvez nem por isso, não são os crentes não-cristãos que, em Portugal, se têm manifestado a favor da abolição das celebrações do Natal.
Todos sabemos que há grupos de pressão, que se afirmam laicos e republicanos (não sabia, mas deduzo agora, que não se deve poder ser monárquico e laico...) que defendem a abolição das celebrações religiosas cristãs, especialmente as católicas, apregoando aos sete ventos que o fazem para que não se ofendam os não-cristãos.
Estas subtilezas de linguagem dão-me vontade de rir porque, na sua superioridade intelectual, falam em nome de quem não lhe encomendou o sermão, cobrindo-se de ridículo. Já houve alguém que mandou neste país durante longos anos, alegando que sabia o que é que era bom para nós, com os resultados que todos conhecemos. Iluminados!...
Digam-me uma coisa: para não ofender os não-crentes e não-cristãos, é lícito ofender, por exemplo, os professores. Eis o exemplo: A Associação República e Laicidade crítica a representação do Nascimento de Jesus nas escolas, mesmo como facto histórico, alegando, e passo a citar, "Quantos professores estarão habilitados para trabalhar, para analisar e para aprofundar com as crianças que têm sobre a sua tutela pedagógica, as questões que aquele simples auto pode facilmente sustentar?" Mas os professores são assim tão ignorantes? Só faltava mais esta afronta a uma classe que ultimamente tem padecido os ataques que todos conhecemos.
Chega-se ao ridículo de, em certas escolas, se proibirem enfeites de Natal, ou alusões a qualquer temática religiosa cristã para não se ofenderem os não-cristãos. Então e as comemorações do Halloween, também não deviam ser proibidas? Feitios...
E, já agora, se quiserem ser coerentes, acabem com os feriados religiosos, não vá alguém ofender-se. Acabem também com o feriado da Restaração da Independência, não vá o embaixador de Espanha ficar ofendido e apresentar alguma reclamação ao Minsitro dos Negócios Estrangeiros de Portugal.
Quando um país se esquece da sua história, costuma-se dizer que é um país sem futuro. Pois à sombra da laicização forçada que estamos a fazer, é isso que nos espera. Se não estivessemos no século XXI, diria que estávamos a atravessar os tempos conturbados da 1ª República.
Eu assumo-me como Católico, não me envergonho disso, nem tenho que carregar etrenamente com o peso de todas as asneiras feitas no passado, a coberto da religião e que eu sempre condenei.
Agora não queiram pensar por mim, nem me imponham coisas com as quais não concordo, sobretudo quando essas ideias vêm de pessaoas a quem não recoheço qualquer autoridade para isso. Ainda estou para conhecer o 1º judeu, muçulmano, ou hindu que me diga que acha incorrecto eu celebrar o Natal, que me critique por expor livremente aquilo em que acredito, sem com isso pretender impor o que quer que seja a alguém.
Se o ridículo pagasse imposto, haveria, com toda a certeza, pessoas que já não deviam ter lugar na pele para tantos carimbos...
Haja juízo e bom senso... pois a paciência já começa a faltar.
Um Santo e Feliz Natal, são os meus desejos para todos, cristãos e para aqueles que não o são, com todas as letras e não Festas Felizes como parece ser politicamente correcto, agora.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Freixo de Espada à Cinta




Chegámos a Freixo de Espada à Cinta cerca das cinco e meia da tarde, já era noite cerrada.
Freixo de Espada à Cinta localiza-se no extremo sul do Nordeste Trasmontano.
A Vila foi fundada no século XII e ficou conhecida pela resistência que ofereceu, nos séculos seguintes, aos avanços de Castela e Leão sobre as terras portuguesas.
A origem da povoação, como já vimos, bem como o seu topónimo são muito antigos, mergulhando no terreno da lenda.
De acordo com o erudito quinhentista João de Barros (homónimo do cronista), na sua Geografia de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, a fundação é atribuída a um fidalgo espanhol, de apelido Feijão, que teria vivido no século X, e em cujas armas constaria um freixo e uma espada.
Uma tradição local atribui o topónimo a um guerreiro visigodo de apelido Espadacinta, que, ali se deitou à sombra dum freixo para descansar, o que passou a identificar o lugar.
Uma versão ligeiramente diferente é contada por Xavier Fernandes no segundo volume de Topónimos e Gentílicos:
"Um cavaleiro cristão [...], perseguido por um grupo de aventureiros, viu-se em perigo de morte. Então, conseguiu esconder-se entre os ramos de um freixo, aos ramos do qual pendurou a própria espada. Assim se salvou, porque os inimigos vendo um freixo com uma espada, encheram-se de pavor e fugiram. E aí mesmo se lançaram os fundamentos da povoação, a que o seu fundador deu o nome de Espada de Freixo à Cinta".
Aqui nasceram Guerra Junqueiro, o almirante Sarmento Rodrigues (antigo governador-geral de Moçambique e ministro do Ultramar) e Jorge Alvares, mercador, cronista do Japão e primeiro explorador português da Ásia, onde foi companheiro de S. Francisco de Xavier.
A vila está cheia de locais de interesse para visitar e, embora tenhamos chegado já de noite, ainda pudemos visitar alguns. Os locais chamam à sua terra a “vila mais manuelina de Portugal” pelo facto de a Igreja local estar construída nesse estilo arquitectónico e abundarem as janelas de habitações no mesmo estilo.
Destaque para a Igreja já referida, para Igreja da Misericórdia (século XVI) e para a interessante Torre Heptagonal, uma fortificação medieval reconstruída no tempo de D. Dinis.
Conversando com pessoas da localidade referiram-me outros locais de interesse a visitar numa próxima ida, preferencialmente no final da Primavera. A saber: a figura rupestre de Mazouco, - a 1ª figura ao ar livre a ser descoberta em Portugal - e a praia fluvial da Congida. Destaque ainda para a Calçada de Alpajares a ser percorrida a pé, necessitando-se para isso de bom tempo e onde se pode ter um vista deslumbrante do Dou internacional e das suas arribas. Destaque ainda para as amendoeiras em flor que dão à paisagem o aspecto estar coberta de neve.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Castelo Rodrigo




A quarta paragem ocorreu em Castelo Rodrigo, lugar que dará origem a Figueira de Castelo Rodrigo, situada na planície.
Castelo Rodrigo situa-se a 810 m de altitude, num cabeço fortificado e as suas muralhas envolvem a aldeia histórica, domina a planície sobranceira ao convento de St.ª Maria de Aguiar, da ordem de Cister fundado em 1170 e à vila de Figueira de Castelo Rodrigo que assumiu a posição de sede de concelho a 25 de Junho de 1836, substituindo o velho burgo de Castelo Rodrigo. Confronta a Oeste, com a Serra da Marofa e a Serra da Vieira.
O primitivo castelo remonta ao séc. XI e em 1209, recebe carta de foral por D. Afonso IX de Leão. Em 1296, D. Dinis ordena a reedificação da fortaleza e muralha. Oficialmente e por via do Tratado de Alcanises, passa a integrar o território português, em 1297, integrada nas chamadas terras de Riba-Côa.
Durante a crise de 1383-85, na sequência do facto do alcaide-mor ter jurado fidelidade a D. Beatriz e ter recusado a entrada do Mestre de Avis, resultou a imposição do escudo nacional invertido no brasão da vila.
Em 1590, durante o domínio espanhol, D. Filipe I eleva a Vila a condado e nomeia para o título D. Cristóvão de Moura que, no lugar da antiga alcáçova, manda erigir um palácio residencial. Em 1640, com a restauração da independência, este palácio é incendiado por iniciativa popular, podendo-se hoje visitar as ruínas pelo preço de 1€, não havendo qualquer reconstituição que nos dê ideia de como seria.
Em 1664, dá-se o cerco da Vila pelo exército espanhol comandado pelo Duque de Ossuna, vencido na Batalha da Salgadela e em 1762, durante a Guerra dos Sete Anos, Castelo Rodrigo é ocupada pelas tropas espanholas do Marquês de Soria.
O recinto muralhado é de traçado irregular ovalado e possui três Portas (Sol, Alverca e Traição).
Em frente à porta de acesso às ruínas do palácio, fica uma casa de artesanato (Sabores do Castelo) onde é possível comprar um doce de abóbora com amêndoas de comer e chorar por mais, sobretudo se servir de acompanhamento a um bom requeijão.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Pinhel



A terceira paragem ocorreu em Pinhel, cidade onde apenas tinha passado uma vez e mal tinha parado. Lembro-me que quando andava na primária, era uma das 39 cidades portuguesas que tínhamos de saber na ponta da língua, sob pena de experimentarmos a "menina de cinco olhos".
Pois em Pinhel, para quem está de viagem, vale a pena a paragem para visitar o núcleo antigo da cidade, que se encontra em amplas obras de restauro, onde fica o caselo. As obras, quando concluídas, prometem, o que me leva a desejar voltar daqui a uns tempos, para me voltar a perder nestas ruas estreitas e íngremes.
Pena é, que ao contrário do que se passa em Espanha, estas localidades tenham falta de algo que prenda os turistas. Um dia destes falo-vos de La Alberca e então verão o que quero dizer: aldeias antigas, integralmente recuperadas, com gente dentro, restaurantes , bares e esplanadas sempre com gente...
O perímetro muralhado de Pinhel, envolve toda a colina e centro histórico. As Torres da Cidadela, que se podem visitar (a seguir ao Solar do Queijo em Celorico, foi o primeiro monumento que encontrei aberto) encontram-se no ponto mais alto e planáltico.
O início da edificação acontece em 1189, por D. Sancho I, dez anos após D. Afonso Henriques ter outorgado Carta de Foral a Pinhel. No reinado de D. Dinis edificaram-se as Torres e em 1640, procedeu-se a obras de fortificação no contexto das Guerras de Restauração. Em 1810, durante as Invasões Francesas, o general Loisson ocupa o castelo e a cidade de Pinhel.
A tipologia do castelo é Manuelina, de planta oval. A cidadela tem Torre de Menagem e Torre de Secundária. Os elementos manuelinos visíveis são a janela mainelada com arcos e toros entrelaçados e a janela de lintel recto e moldura de meia-coroa.
O perímetro urbano muralhado integra seis portas.
Por último referir que toda a visita foi feita à chuva, que não amainou, pois os deuses deveriam estar zangados connosco. Eu juro que não fiz nada, pois limitei-me a querer conhecer o nosso património.
Boa viagem... a próxima paragem será Castelo Rodrigo, esperemos que sem chuva.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Trancoso

Entradas na Área Benta
Sardinhas Doces de Trancoso
Entrada da cidade de Trancoso
Estátua de Bandarra
A segunda paragem ocorreu em Trancoso, até porque já ia sendo hora de almoçar.
Estacionámos o carro junto à Câmara Municipal, ao lado da estátua de Bandarra, que terá nascido numa das casas da parte velha da cidade. Sapateiro e profeta, ainda hoje citado pelo povo com foros de autoridade indiscutível, profetizou, nas suas trovas, a perda da liberdade e a restauração da Independência. Finalmente está encontrado o responsável, digo eu, por essa característica tão portuguesa: o sebastianismo.
Resolvemos aconchegar o estômago no restaurante Área Benta* onde, num ambiente magnífico, almoçámos divinamente, o que até tem alguma relação com nome.
Aconchegado o estômago e aproveitando uma pausa da chuva, fomos passaer um pouco. O ar medieval da cidade de Trancoso acolhe-nos quando percorremos as vielas ladeadas por portões biselados e paredes com mísulas. Despertam a atenção as casas de duas portas, uma larga e outra estreita, denominadas as judiarias de Trancoso. Os judeus povoaram a antiga vila e transmitiram aos seus descendentes o carácter comercial que lhes era típico.
A história de Trancoso anda profundamente ligada à de Portugal. Situada próximo da fronteira, a terra assistiu a diversas lutas e acontecimentos marcantes.
Em 1097, Trancoso passa para o Condado Portucalense e em 1159 está comprovada a existência do castelo. No ano seguinte o castelo de Trancoso é definitivamente reconquistado por D. Afonso Henriques que lhe concede foral. Em 1282 é reedificado por D. Dinis que faz construir a cerca muralhada.
O rei D. Dinis escolheu esta terra para celebrar o seu casamento com a rainha Santa Isabel. O acontecimento deu-se em 1282, na Ermida de S. Bartolomeu.
Ainda hoje a batalha de S. Marcos, travada em 1355 e percursora de Aljubarrota, continua a ser comemorada em 25 de Abril de cada ano.
O Castelo, qiue já referimos atrás, está isolado a Nordeste sendo antecedido por um pequeno largo com um cruzeiro. Infelizmente também estava fechado, assim como todas as igrejas que tentámos visitar.
Talvez por ser fim-de-semana e haver muita gente para visitar monumentos, os mesmos estejam fechados para evitar a degradação. Talvez! Os turistas são uns chatos, que contribuem para o desenvolvimento da economia local e dão trabalho a quem trabalha nestas coisas. São, portanto, de evitar. Estou a começar a prender a lição. Pode ser que tenha mais sorte nas localidades seguintes. Veremos...
Perante tantos monumentos fechados decidimos ir afogar as mágoas à Pastelaria “O Trovador” onde comemos as famosas sardinhas doces de Trancoso, que deram excelente conta de si, pois estavam deliciosas.
Eis a História e a receita das sardinhas:
As irmãs do Convento de Santa Clara, em Trancoso, eram detentoras de autênticas especialidades a nível de doçaria, como as morcelinhas de amêndoa, o folar da Páscoa, o bolo doce que acompanhava o queijo de ovelha amanteigado, as cavacas e a bola de folhas.
Para além destes doces o mais famoso é sem dúvida as tradicionais Sardinhas Doces de Trancoso, sem escamas, nem espinhas e com tripinhas de amêndoa.
O Convento de Santa Clara iniciou-se com 4 irmãs e estas, para poderem sobreviver, começaram a fabricar os doces acima mencionados.
Após a morte das outras irmãs, Maria da Luz, conhecedora da receita da Sardinhas Doces de Trancoso, recusou-se a divulgar o segredo da receita. Porém, alguém pertencente ao convento, após a morte da irmã, revelou o segredo.

Ingredientes:
Para a Massa:
475 g de farinha de trigo
60 g de banha
sal fino2
dl de água
Para o Recheio:
200 g de miolo de amêndoa
350 g de açúcar
12 gemas
azeite fino
açúcar e canela para polvilhar.
Preparação:
Peneire a farinha e uma pitada de sal fino para dentro de uma tigela. Junte a banha e misture com as pontas dos dedos. Gradualmente acrescente água, sem parar de amassar como se fosse pão. Tenda uma bola e deixe levedar durante 30 minutos.
Pele as amêndoas e moa-as. Leve ao lume um tacho com o açúcar coberto de água. Deixe ferver até a calda atingir o ponto de pérola. Adicione o miolo de amêndoa e apure mexendo sempre. Deixe amornar. Acrescente as gemas batidas. Misture e leve de novo ao lume sem parar de mexer até o doce fazer estrada. Deixe arrefecer completamente.
Estenda a massa e espaçadamente, disponha porções de doce de amêndoa. Dobre, tapando o recheio, corte-a com uma faca, e frite em azeite.
Polvilhe com açúcar e canela... e coma. Muitas, de preferência.
* Restaurante Área Benta, Rua dos Cavaleiros, 30A, 6420-040 TRANCOSO

domingo, 3 de dezembro de 2006

Celorico da Beira

Porta do Castelo (dentro...a desilusão)
Solar do Queijo da Serra
Este fim-de-semana resolvemos ir dar uma volta, acompanhados, sempre de perto, pela chuva que não nos largou e por um esquecimento terrível: a máquina fotográfica ficara em casa. Apesar de tudo, o balanço foi positivo (sempre lavei o carro!) e por isso aqui vos deixo um pequeno roteiro da viagem.
Que me desculpe o amigo Al Cardoso, mas a primeira paragem foi em Celorico da Beira.
A pequena vila de Celorico da Beira situa-se próximo da Serra da Estrela, a uma altitude de cerca de 500 metros e tem na figura de Sacadura Cabral, o seu filho mais famoso. Sacadura realizou um feito histórico na aviação mundial em 1922, com a primeira travessia do Atlântico Sul na companhia de outro piloto português, Gago Coutinho.
A paisagem vizinha de Celorico da Beira é desde, há muito tempo, a fonte do famoso queijo da Serra, feito com leite de ovelha. Produzido durante os meses de Inverno, o queijo tem um paladar suave e requintado. A feira do Queijo realiza-se quinzenalmente, entre Dezembro a Maio, na Praça Municipal. A festa anual dos produtores de queijo da Serra da Estrela e outros queijos artesanais realiza-se em Fevereiro. Um destaque muito especial para o Solar do Queijo da Serra que merece uma visita.
O ex-libris da vila é o Castelo de Celorico da Beira de origem Pré - Romana. Tendo sido posteriormente restaurado pelo rei D. Dinis, no século XIV, esteve a saque pelos espanhóis, em 1762. Passada a porta de entrada, que estava entreaberta, a desilusão foi total, pois o estado de abandono a que foi votado o interior, envergonha qualquer português que se preze. Assim vai o estado do nosso património.
Merece ainda visita, embora estivesse fechada (como aliás a maior parte das igrejas que tentámos visitar), a Igreja Matriz de Santa Maria, restaurada no século XVIII e que foi utilizada como hospital pelas tropas inglesas durante a Guerra da Península.