domingo, 29 de março de 2009

Assim vai o nosso país...

Chegou-me ao conhecimento que um reponsável político da nossa praça, não importa se de direita se de esquerda (neste aspecto não há que tirar nem pôr), terá feito a seguinte afirmação a propósito das faltas dos deputados:
«Não se paga aos deputados o suficiente para que sejam todos apenas profissionais. Quanto às justificações para as faltas, é verdade que a sexta-feira é, em si própria, uma justificação, porque é véspera de fim-de-semana. Eu compreendo isso. Talvez esteja errado que as votações sejam à sexta-feira.
Não julguemos também que ser deputado é uma escravatura, porque não é, nem pode ser. É preciso é arranjar horas para a votação que não sejam as horas em que normalmente seja mais difícil e mais penoso estar na Assembleia da República».
Em face disto, e porque acredito que não há portugueses de primeira e portugueses de segunda, esta semana, vou pedir à minha entidade patronal para não trabalhar mais à sexta-feira. É que, na província, a sexta-feria também é véspera de sábado.
Será que para o ano que vem posso pedir a quinta-feira? É que depois este dia da semana passa a ser véspera de fim-de-semana!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Música na Adolescência (parte II)

Na quinta-feira à hora de jantar, chegaram os alunos que compõem o Coro do Colégio de S. Estanislao do Kostka de Salamanca que ficaram devidamente instalados na Casa das Palmeiras.Na sexta-feira de manhã, após o pequeno almoço, fomos de visita à Universidade de Coimbra, onde vimos as dependências mais importantes incluindo as antigas prisões universitárias que ficam por debaixo da Biblioteca Joanina (que eu nunca havia visitado).

A vista que se alcança do varandim que rodeia parte da antiga Alcácova Real, onde está instalada a Universidade, é magnífica.
Feita a descida pelo Quebra-Costas, deu-se uma volta pela Baixa. Atravessada a ponte, fomos ao Portugal dos Pequenitos, apesar do preço exorbitante pago pelas entradas. Deve ser a isto que se dá o nome de antítese: pequenitos mas de preço elevado.

Depois de almoço, a ida foi à Figueira da Foz, onde apesar da tarde magnífica, a água, para não variar, estava gelada, o que não foi impedimento para uma banhoca de todo o tamanho tomada pelos nuestros hermanos.
No Sábado, a manhã começou com uma sessão dedicada à música tradicional portuguesa e ao cavaquinho, que os alunos do Colégio S. Estanislao tiveram oportunidade de experimentar e tocar. Eis alguns deles a tocar a Rosa arredonda a saia.

De tarde houve tempo para a canoagem...

...e para o Body Combat até suar as estopinhas.

Ao final da tarde uma eucaristia animada, em parte, pelo Coro de S. Estanislao.

E à noite o ponto alto do dia (independentemente do futebol que estava a dar na televisão e das polémicas que gerou), a actuação dos vários grupos convidados: Coro de S. Estanislao de Kostka, de Salamanca

E o encerramento com toda a gente em cima do palco a cantar e a tocar a Rosa arredonda a saia.
Acho que esta estadia em Coimbra, a julgar pela opinião dos alunos espanhóis, fez mais pelo turismo português que muitas campanhas televisivas. Para o ano há mais.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Música na Adolescência

Este é o programa das festas para este fim-de-semana. A mim cabe-me o papel de guia do grupo (Coro) proveniente do Colégio Estanislao de Kostka, em Salamanca.
O coro é composto por cerca de 35 alunos que vêm, alguns pela 2.ª vez, até Coimbra, para nos encantarem com a sua arte coral.
Uma palavra de apreço para os outros intervenientes: Grupo de Cavaquinhos do CAIC, Orquestra Orff do CAIC, Coral Caetanense e Orquestra Juvenil de Oliveira do Hospital.
A todos o meu muito obrigado pela participação.
Uma vez que o Workshop e o Concerto serão apenas no Sábado, para amanhã fica reservada a parte cultural e turística. Assim a visita será à Universidade de Coimbra, ao Castelo de Montemor-o-Velho e à Figueira da Foz.
O Portugal dos Pequenitos fica para uma próxima, pois o preço pedido para a entrada (7,5€ por pessoa) fez desistir os nuestros hermanos. Aqui para nós que ninguém nos ouve, acho o preço um exagero.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Pôr-do-sol

Há quem fale do pôr-do-sol em África. Há quem diga que não há outro igual.
Como em África, apenas estive em Ceuta e não me lembro ter visto o pôr-do-sol, não posso contradizer quem afirma que o pôr-do-sol em África é o mais bonito do mundo.
Este é o que se avista de minha casa e parece-me bem bonito, assim como a lua.
Quem conhecer o outro que diga alguma coisa, porque a mim, parece-me que tenho um bocadinho de África nas traseiras da minha casa.
Só falta mesmo o Rei-Leão.

sábado, 14 de março de 2009

Visita de estudo a Lisboa

Na penúltima quarta-feira, fui a Lisboa integrado numa visita de estudo do Ensino Secundário (Línguas e Humanidades) em que se incluíam alunos meus do 10.º ano.
Saídos de Coimbra, chegámos ao Martim Moniz pelas 10 da manhã, seguindo, a pé, para o Castelo de S. Jorge, qual Martim Moniz dispostos a ficar entalados nas suas portas. Não fosse o facto de sermos um grupo de estudantes, teríamos de pagar, cada um, 5€ para visitar o Castelo, pelo facto de não vivermos em Lisboa. Acho isto uma aberração e assisti à indignação de alguns candidatos a visitantes que, com toda a certeza, também eram oriundos da "província" e que, como tal, parecem ser os únicos a ter de pagar a manutenção do espaço. Não sei porquê, mas cheira-me a insconstitucionalidade.
Visitado o Castelo, decemos, a pé, para a Sé de Lisboa que visitámos com agrado.
Fomos, de seguida, para a Baixa Pombalina onde almoçámos e pudemos constatar que um grupo razoável de alunos preferiu almoçar nos restaurantes da Baixa, preterindo o Mc Donalds e afins.
Após o almoço, seguimos para a Sede do Millenium/BCP, próximo do Arco da Rua Augusta, e que ocupa, quase por inteiro, um quarteirão pombalino da Baixa de Lisboa, com fachada para a Rua Augusta e traseiras para a Rua dos Correeiros. Entre 1991 e 1995, no decorrer das obras de remodelação aí efectuadas, a perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa. Uma surpresa mesmo por baixo dos nossos pés. Aí são visíveis vestígios pré-romanos, romanos, visigóticos, islâmicos, medievais, quinhentistas e pombalinos, nomeadamente as famosas estacas de pinho verde, que servem de sustentação aos edifícios pombalinos.
Finda esta visita, fomos, a pé, até à Assembleia da República, onde pudemos assistir, durante cerca de 45 minutos, ao Plenário que decorre provisoriamente da Sala do Senado, antiga sala das Cortes e da Assembleia Nacional.
O Palácio de São Bento, onde funciona a Assembleia da República, teve origem no primeiro mosteiro Beneditino construído em Lisboa em 1598. O mosteiro foi, então, deslocado para esta zona para dar abrigo a uma comunidade religiosa crescente e para estar nais perto do núcleo urbano. Ainda não se tinham concluído as obras e já o terramoto de 1755 causava graves danos no mosteiro. Mas foram a Revolução Liberal de 1820 e a extinção das ordens religiosas em 1834 que conduziram à instalação do Parlamento no Palácio de São Bento. A escadaria exterior foi construída em 1941 e encontra-se ladeada por dois leões (na altura ainda estavam bem dispostos), simbolicamente utilizados como sentinelas. Na fachada principal, ao cimo das escadas, encontra uma arcada onde se pode ler a palavra em latim 'Lex' - em alusão à função da Assembleia - e quatro estátuas alegóricas femininas - 'Prudência', 'Justiça', 'Força' e 'Temperança'.
O frontão situado acima da varanda tem 30m de comprimento e 6 de altura e o tímpano foi decorado pelo escultor Simões de Almeida, dentro de uma estética de acordo com o academismo vigente na Escola de Belas Artes, onde leccionava. Este tímpano representa o Estado Novo, com a Nação ao meio simbolizada pela insígnia latina 'Omnia Pro Patria' (Tudo pela Nação) e rodeada por 18 imagens que representam, entre outras, áreas como a Indústria e o Comércio.
Mas, o que mais me impressionou foi a sessão de trabalhos: metade dos deputados escrevia ao computador, muitos outros conversavam, falavam ao telefone/telemóvel, havendo um burburinho na sala que, por vezes, impedia que se ouvisse quem estava a discursar. Não cheguei a perceber como respondiam uns aos outros, pois a ideia é de que ninguém ouve ninguém.
Acabada a visita, lá tive que pôr água na fervura, pois os comentários vindos dos alunos, não eram os mais simpáticos: "Ó professor nunca mais diga que falamos ao mesmos tempo!", "Por que não podemos também ter os telemóveis ligados?", etc.
E lá voltámos nós à "província".
PS: Pelo meio ainda houve tempo para visitar a Casa do Alentejo e o seu fabuloso pátio neo-árabe, o Palácio da Independência, a Estação do Rossio em estilo neo-manuelino, bem como o HardRock Café.

domingo, 8 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher


Recebemos um convite, aqui em casa, para participarmos nas comemorações do Dia Internacional da Mulher.
A iniciativa, levada a cabo por uma amiga de longa data, terá lugar no Café com Arte, pertencente a um amigo comum.
Tenho pena que haja um Dia Internacional da Mulher, na medida em que isso mostra que muito ainda há a fazer no que diz respeito à promoção dos direitos das mulheres. E, esta promoção não me parece que passe por quotas para eleições ou para o que quer que seja. É sobretudo uma questão de mentalidades e, como sabemos, essas são as mais difíceis de mudar.
Pois a mim convidaram-me para dizer (declamar) um poema.
Acho que vou escolher este, embora não tenha pretensões de o dizer como a Maria Bethânia, lembrando-me das mulheres que marcaram e marcam a minha vida:

Ladainha de Santo Amaro
Nossa Senhora mãe de Jesus,
Nossa Senhora de todos nós,
Roga por tudo que tudo é teu
Por cada coisa, por cada ser
Pelos que cantam, pelos que choram,
Pelos que te esquecem e pelos que te imploram
Santa Maria, Nossa Senhora,
Maria dos tamarineiros
Dos riachos, manguezais
Dos dendezeiros bonitos
Maria dos canaviais
Maria das fontes limpas
Maria das cachoeiras
Maria das águas claras
Que brincam por sobre os seixos
Maria do subaé
De águas tristes pesadas
Maria dos barcos, canoas
Maria dos pescadores
De velas cheias de vento
Maria das canas doces
Dos alambiques, do mel
Maria das flores e folhas
Das sementes, dos espinhos
Maria de cada casa
E de todos os caminhos
Maria de nossa infância
De toda gente
Maria de todo amor
Maria de cada igreja
De azulejos, alfaias
Redoma e lindos altares
Maria das procissões
Das festas, das romarias
Dos cânticos, da alegria
Maria de cada noite
Maria de todo dia
Das praças, coretos, cinemas
Maria dos meus amores
Dos meus sobrados tristonhos
Dos meus mais doces sonhos
Maria dos seresteiros
Dos cantadores, poetas
Maria dos sinos plangentes
Maria das torres acesas
Das palmeiras solitárias
Das pontes, moringas e rios
Maria de todo sonho
De música e harmonia
Dos prados e dos pandeiros
Das festas de fevereiro
Maria das chegadas
e também das despedidas
Maria de todas as vidas
Maria do meu passado,
Do meu futuro também,
Maria da vida toda,
Maria que eu quero bem,
Maria de escolas pobres,
De crianças sem brinquedo,
Maria do nosso medo,
Maria de analfabetos,
Maria do A B C,
Maria de Mãe Canô,
Da saudade de meu Pai,
Maria de meus irmãos,
Maria dos meus amigos
E dos amigos que perdi,
Maria das minhas filhas,
dos meus netos, meus alunos,
Maria Nossa Senhora
Mãe do menino Jesus
Rainha de toda luz
Roga por tudo
Que tudo é teu!

Mabel Velloso, para os 50 anos de Maria Bethânia

domingo, 1 de março de 2009

Sinais dos tempos

Hoje não me apetece escrever. Se o fizesse, acho que saía asneira.

Estou apreensivo.
Então não é que as Escolas com Ensino Secundário vão ter que distribuir, gratuitamente, preservativos aos seus alunos (do Secundário deduzo eu).
Se for como nos cafés, em que os mais velhos tiram cigarros nas máquinas para os mais novos, (nem imaginam as chatices que tenho tido com isso!) não sei como vai ser.
A não ser que tenhamos de acompanhar os alunos até eles os usarem (aos preservativos), não sei como vamos assegurar que não os dêem aos mais novos.
Acho bem que a Educação Sexual tenha lugar na Escola, como aliás já tem na maioria, mas sem pretensões a substituir a família e a tomar decisões por ela.
Aliás, um dia destes não sei para que serve a família: os miúdos vão passar 12 horas na Escola, têm aí Educação Sexual, etc. Se a estas 12 horas somarmos 8 de sono, já só sobarm 4 para a família. Como as novelas, incluindo os Morangos com Açúcar, duram mais do que isso, já estou a imaginar o que aí vem.
Eu não acredito no ditado "Quando não os consegues vencer, junta-te a eles!" e, por isso, acho que tem de haver outros caminhos.
É obrigatório, para bem do nosso futuro (e do deles), que haja outros caminhos....
Bem mas a ideia era não escrever e afinal não cumpri o prometido.
Passem bem.

Um conselho: Vejam os Monty Python no filme "Sentido da Vida" que, antecipando-se aos nossos deputados, criaram uma rábula fabulosa:
Numa aula prática de Educação Sexual, em que os professores bem se esforçavam em cima de um colchão numa demonstração prática da matéria estudada, os alunos estavam-se borrifando. Os que não respondiam às perguntas colocadas (nem a aula prática os motivava!), iam jogar rugby contra uma equipa de professores, onde eram massacrados, no sentido literal do termo.