quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O exemplo...

Como professor e pai sempre defendi, e continuo a defender, que a melhor maneira de educar alguém é através do exemplo.
Já quando cumpri serviço militar - dei 5 recrutas e uma escola de Cabos, -sempre pautei a minha atitude pelo exemplo. Assim, qualquer exercício, por muito duro que fosse, era sempre exemplificado por mim. Talvez seja por isso, que ainda hoje, 23 anos depois, mantenho muitos amigos entre aqueles que foram meus recrutas.
Vem isto a propósito do comportamento dos portugueses na estrada.
No Sábado, dia 19 de Setembro, ia eu para a Figueira da Foz - a propósito, recomendo o Marveja, em Buarcos, onde se come uma excelente cataplana de peixe e de marisco - quando fui surpreendido por dois BMW's pretos, com os pirilampos azuis em cima do tablier, que me ultrapassaram, seguramente, a mais de 200Km/h.
Como estamos em período eleitoral e o nosso Primeiro andou, nesse dia, entre a Figueira da Foz e Coimbra em campanha, coloco a hipótese de haver alguma ligação entre as duas coisas.
Não posso, por isso, deixar de partilhar convosco algumas ideias:
Que exemplo dá um carro de Estado ao andar àquela velocidade? As multas são só para os pacóvios dos votantes nas eleições?
Se estamos em campanha eleitoral, e colocando a hipótese de ser o nosso Primeiro que me ultrapassou, a que propósito se deslocava como se estivesse em acto oficial?
Estou a pensar seriamente em candidatar-me a qualquer coisa para ver se também posso andar assim sem ser multado!
Já agora, se estivéssemos num país sério, quem pagaria a multa se a polícia mandasse parar os referidos BMW's: os motoristas ou os ocupantes do banco traseiro?
Com um bocado de sorte ainda sobrava para o polícia!...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os Filhos da República

Há uns tempos, estive num congressso sobre educação onde ouvi algo que me deixou preplexo: um deputado da nossa praça falou sobre a importância da escola pública na educação dos "Filhos da República". Ouvi a expressão com curiosidade mas, quando me debrucei sobre o assunto, não pude deixar de ficar preocupado.
Em primeiro lugar porque desconhecia por completo que a República tivesse filhos. Sempre me habituei a vê-la como uma representação de uma senhora (Mariana), copiada da Marianne francesa, surgida com a Revolução de 1789. Sendo uma obra de arte, parece-me difícil ter tido filhos, mas como nunca tive Educação Sexual na Escola, admito que algo me tenha escapado. Tempos houve em que alguém, num ataque de nacionalismo certamente, propôs substituir o busto da Mariana pelo de Amália, ou outro mais dado às coisas do futebol, queria o do Eusébio. Como explicar aos filhos tal mudança de fisonomia ou mesmo de sexo da sua progenitora?
Em segundo lugar, mais preocupado fiquei quando, de pensamento em pensamento, descobri que a minha filha, afinal não era minha filha, nem da minha esposa, pois era filha da República. De um momento para o outro vi-me sem filha sem ser precisa qualquer ordem de um Tribunal de Família.
Em terceiro lugar, e ainda mais esquisito, conheço uns casais que são monárquicos e que, de repente, descobriram que os filhos, que também perfilham das ideias monárquicas dos pais, são, afinal, filhos da República. Ele há cada fenómeno. Aliás, acho que a República deve andar preocupada pois falhou na educação de alguns dos seus filhos. Já o meu pai, às vezes. dá mostras de um desgosto semelhante, pois ainda não sabe onde é que falhou na minha educação, uma vez que, sendo ele benfiquista, eu saí portista.
Eu quero acreditar que deve ser do sol na moleirinha, pois eu próprio, que não acredito no Pai Natal há muitos anos, nunca me passaria pela cabeça acreditar que a Mariana, a nossa República, tivesse filhos.
Os filhos são do Manuel, da Maria, do João, da Paula, do Álvaro, da Ana (etc) e não da República. Esta ideia, típica de um esquerdismo que julgava parte do passado, de que os filhos são do Estado causa-me uma certa impressão, especialmente a mim que sempre fiz questão de zelar pela educação da minha.

DECLARAÇÃO DE INTERESSES: Sou, e sempre fui, republicano.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Zé Manel dos Ossos


"Se fosse jantar com o Woody Allen onde o levaria?
Ao Zé Manel dos Ossos, em Coimbra!"
Luís Pato, enólogo, in Pública, 6/09/09

Como o blogue também é de sabores, queria aproveitar para homenagear aqui um dos dois responsáveis, o outro foi a minha mãe, pela minha queda para estas coisas da gastronomia: o meu pai, o tal Zé Manel dos Ossos a que Luís Pato se refere.
Embora tenha nascido e crescido por cima do restaurante, sempre fui boa boca e nunca me armei em esquisito para comer.
Apesar de o meu pai, não estar já à frente da casa, ela é agora gerida por antigos funcionários que mantêm o espírito e a cozinha como nos velhos tempos.
Os Ossos, os Cogumelos Aporcalhados, a Barriguinha e a Costela com Molho de Segredo e Arroz de Feijão, a Sopa de Pedra, o Bacalhau Doidinho, a Chafana, entre outras iguarias, continuama fazer as maravilhas de quem por ali passa, para já não falar no Branco ou no Tinto de Lamas.
Não é sem orgulho que se vai a uma livraria no Canadá e, sem grande pesquisa, se encontram dois livros sobre turismo que referem o Zé Manel como paragem obrigatória para dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede.
Vale que hoje o Zé Manel ainda continua a fazer uns petiscos para delícia da família e de alguns amigos.
O meu bem-haja por ter ajudado a fazer de mim aquilo que sou.