quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sabor amargo

Eu, desde pequeno, sempre aprendi com o meu pai que a concorrência era boa e que sempre o havia motivado a trabalhar para ter clientes, o que sempre conseguiu e muito o orgulhou (e a mim). Foi concorrendo e convivendo com os concorrentes que fez do seu estabelecimento uma referência em Coimbra e no país.
Faz-me impressão que, agora, no ensino se queira propor o caminho único, acabando com a pouca concorrência que existe. A crise veio mesmo a calhar. Sempre ouvi dizer que a guerra fazia vir ao cimo o que de pior havia nas pessoas. Parece-me que a crise também.
Tenho lido coisas impressionantes na net, referindo-se aos profissionais do Ensino Particular e Cooperativo, como "essa gente", como se, com o nosso trabalho, fizéssemos mal a alguém. Pelos vistos, pelo simples facto de existirmos, fazemos. Acresce a isto, o facto de muito ser dito por professores. Quem sabe se alguns deles com filhos no privado.
Qual a solução: melhorar a escola estatal? Não! Atacar os profissionais do particular.
Onde estão os partidos de esquerda sempre tão prontos a lutar pelos que estão em perigo de perder o emprego?
Onde estão os sindicatos?
Pelos vistos a assobiar para o lado.
George Orwell afinal, como eu já sabia, tinha razão: "Todos são iguais mas uns são mais iguais do que outros."
PS: Prometo,um dia destes, voltar às Histórias e Sabores, mas por agora não consigo.

sábado, 20 de novembro de 2010

Pedido de desculpas

Depois de um agradecimemento público, nada como dar a mão à palmatória (ai os especialistas em pedagogês que me vão cair em cima!) e apresentar um pedido de desculpas público.

Quero pedir desculpa aos milhares de alunos que me passaram pelas mãos, nestes 23 anos que levo de ensino particular (tenho ainda mais 5 de ensino estatal), pelo facto de nunca os ter esclarecido sobre os malefícios que sofriam por estar numa escola deste tipo e, ainda por cima, católica.

Quero pedir desculpa a alguns professores do ensino superior que me disseram que os alunos provenientes do meu colégio se distinguiam dos outros, não apenas pela sua maneira de estar e de ser mas também pela sua competência.

Quero pedir desculpa a todos os pais que nos confiaram os seus filhos (alguns fazendo várias dezenas de quilómetros por dia) por lnão os termos avisado sobre o mal que estavam a fazer aos seus filhos.

Quero pedir desculpa a todos aqueles que, tendo sido meus alunos no secundário, tiveram classificações nos exames nacionais sempre bem acima da média nacional (chegaram a estar no top10) e nunca mais do que 0,5 valores, em média, abaixo das classificações internas. Penitencio-me por ter conseguido que trabalhassem e, com o seu esforço, apesar de me terem como professor, terem alcançado esses resultados e de apenas, ao longo de vários anos, ter tido um aluno que não fez a disciplina comigo.

Quero pedir desculpa a todos os colegas do ensino estatal que nos confiaram os seus filhos, para aqui fazeram o seu percurso escolar, por não os ter precavido para o facto de estarem a esbanjar a possibilidade de os seus filhos poderem ser educados numa escola laica.

Quero pedir desculpa a todos os alunos com NEEP e a todos aqueles que beneficiam de acção social escolar, pelo facto de os termos aceitado e de termos trabalhado com eles da melhor maneira que sabíamos, apesar de, alguns deles, terem sido recusados noutras escolas, por não haver vaga (sic).

Quero pedir desculpa aos estagiários que aqui fazem o seu estágio, pois não os avisámos que iam ficar estigmatizados pelo facto de nos terem escolhido, isto apesar de, hoje, muitas escolas não os aceitarem porque as horas dos orientadores deixaram de ser pagas.

Quero pedir desculpa a todos os defensores do pensamente único, por pensar de maneira diferente e achar que democracia é poder expressar livremente essa diversidade. Quero, aliás, garantir-lhes que lutarei com todas as minhas forças para que tenham toda a liberdade de dizer o que lhes vai na alma, por mais estapafúrdio que seja. Como não sou parvo, sei desde já, que no dia em que puderem, me cortarão a possibilidade de me expressar livremente, mas mesmo assim acho que têm o direito de pregar a sua mensagem à vontade, mesmo que travestidos de cordeiro.

Quero pedir desculpa por ser filho da escola estatal, que sempre frequentei, e onde, no secundário, fui um corpo estranho, numa turma com apelidos sonantes, e que, por isso, tinham tratamento diferente, enquanto eu não passava do filho do dono de um pequeno restaurante (de que aliás muito me orgulho!).

Quero pedir desculpa por não entender aqueles que me querem ajudar, privando-me do meu posto de trabalho, a troco de um pretenso bem maior que não consigo descortinar.

Quero pedir desculpa a todos aqueles que teimam em apelidar-se de professores, mas que não dão aulas há anos (às vezes há mais de duas dezenas) e que congeminaram uma maneira de eu nunca mais poder trabalhar no ensino estatal, pois apesar da minha experiência, estou atrás de qualquer novato que tenha nem que seja um dia de aulas no ensino estatal.

Quero pedir desculpa por não entender, porque motivo hão-de esses pseudo-professores progredir na carreira como se estivessem, efectivamente, a leccionar e estar à minha frente em qualquer concurso de professores.

Quero pedir desculpa aos contribuintes deste país por ter contribuído para um orçamento inferior do Ministério da Educação, pois nunca tive reduções de horário e sempre tive uma tabela salarial mais baixa.

Queria pedir desculpa por não me sentir explorado e não entender de que forma é que o fecho da minha escola contribuirá para eu deixar de ser explorado.

Quero pedir descupla por não ter a capacidade de usar uma fonte de informação (seja o Ministério ou a OCDE) para justificar uma coisa e o seu contrário ao mesmo tempo.

Quero terminar por pedir desculpa a todos aqueles a quem me esqueci de pedir desculpa. Acreditem que não foi por querer.

Não posso terminar sem um agradecimento a todos aqueles que, tendo sido meus alunos, me fizeram crescer como pessoa e a todos os pais que me (nos) confiaram os seus filhos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Agradecimento público

Não posse deixar de expressar a minha gratidão publicamente, ao silêncio ensurdecedor dos principais sindicatos de professores, relativamente ao facto de o trabalho de cerca de 10 mil trabalhadores dos colégios com Contrato de Associação estar em perigo. Já agora, aproveito para agradecer, também, aos partidos de esquerda, a preocupação manifestada, na Assembleia da República, com os professores contratados (uma procupação justa, aliás) e não se terem referido aos problemas dos 10 mil profissionais acima referidos.
Eu bem andava desconfiado que havia professores de primeira e de segunda, agora já tenho a certeza.
Já agora não posso deixar de achar piada ao facto de muita gente, que não dá aulas há muitos anos (alguns há 2 dezenas), se intitularem professores e, com o beneplácito da senhora ministra, irem progredir na carreira (antes do congelamento) como se tivessem estado a dar aulas.
Onde estão os sindicatos, sempre tão prontos a reclamar contra as injustiças? Bem me parecia que me tinha esquecido de algo: os seus dirigentes também foram beneficiados com tal resolução.
Fiquem bem que eu cá me vou aguentando.

sábado, 6 de novembro de 2010

Praça da República

Esta é, com toda a certeza, a mais antiga fotografia que possuo da Praça da República.
São visíveis os dois torreões que ladeiam o triplo arco, que dá acesso à Sereia, também conhecida como Parque de Santa Cruz, uma vez que estava englobada na cerca do mosteiro com o mesmo nome. O ajardinamento da Sereia data do século XVIII, tendo sido, também construídos tanques, fontes e um recinto para o Jogo da Pela.
Na Sereia nascia o ribeiro que, durante muitos anos, percorreu o centro da actual Av. Sá da Bandeira, movendo moinhos e regando os laranjais aí existentes, desaguando no Mondego. Hoje, já não é visível uma vez que se encontra encanado.
PS: Caros amigos, uma vez que o (des)governo anda entretido a tentar acabar com o meu posto de trabalho, com a conivência dos sindicatos (não sei porquê o postal da Praça fez-me recordar isto!), talvez, um dia destes, o blogue fique de luto (também pelo país!).