sexta-feira, 30 de junho de 2006

Estórias Curiosas - IV (Milagre das Rosas)

Um dos milagres que toda as pessoas atribuem à Rainha Santa é o Milagre das Rosas.
No entanto, penso que os principais motivos da sua santidade se devem ao amor que nutria pelos pobres e à luta que travou para pôr fim as guerras que marcaram os reinados do seu marido (D. Dinis) e do seu filho (D. Afonso IV). Deveria, por isso, ser reconhecida com Rainha da Paz.
De facto, o milagre original (das rosas) deve ser atribuído a uma sua tia-avó, Isabel da Hungria (imagem da direita). Esta Isabel, que foi rainha regente da Hungria, também se celebrizou pelo seu amor aos pobres, tendo sido acusada de má gestão e afastada do poder.
Viveu três anos em total pobreza, até que lhe quiseram restituir o poder, o que ela recusou pois apreciou viver na miséria, seguindo o exemplo de uma Ordem Religiosa nascente, a Franciscana. Não nos podemos esquecer que, nesse tempo, era grande a admiração por S. Francisco de Assis com que ela, aliás, se correspondeu. Morreu em 1231, tendo sido canonizada 4 anos depois.
Quando a sua sobrinha-neta nasceu em 1270, era grande o fervor franciscano e o culto de sua tia, daí a escolha do nome. Herdou-lhe o nome e depois o dito Milagre das Rosas, que a pintora Maria Clarice Sarraf tão bem retratou no quadro da esquerda.
Depois de, por várias vezes, ter evitado situações de guerra eminente, acabou por falecer em Estremoz, no dia 4 de Julho de 1336, depois de evitar mais uma guerra entre Portugal e Castela. Logo aí começa a sua fama de Santa não sendo por isso de admirar que, em 1516, D. Manuel tenha solicitado ao Papa Leão X, autorização para se poder fazer o seu culto religioso em Coimbra. Fo canonizada pelo Papa Urbano VIII em 1625.
Curioso é que no já referido ano de 1516, tenha D. Manuel concedido a Coimbra a divisa da cidade que conhecemos (a tal da princesa Cindazunda).
E se fosse mesmo a Rainha Santa Isabel a figura central do Brasão da cidade de Coimbra?
Autora do quadro representando a Rainha Santa Isabel: Maria Clarice Sarraf

quinta-feira, 29 de junho de 2006

O Nome das Coisas - XIII (Santa Clara-a-Nova)

No alto do Monte da Senhora da Esperança, na margem esquerda do Mondego, ergue-se o Convento de Santa Clara-a-Nova que, como o nome indica, albergava as monjas Clarissas que, até 1677, tinham vivido no mosteiro de Santa Clara-a-Velha.
O novo mosteiro traçado por Frei João Turriano, a pedido de D João IV, destinava-se a substituir o antigo, situado junto ao rio, onde a vida era já praticamente impossível, devido às cheias de um Mondego cada vez mais assoreado.
As obras iniciadas em 1649 estavam longe de estar completas quando as monjas se mudaram para aí no já referido ano de 1677, pois a Igreja só foi concluída em 1696, prolongando-se ainda as obras nos claustros e aqueduto (visível na estrada que liga a Cruz de Morouços ao Bordalo) praticamente por todo o século XVIII.
No terreiro fronteiro ao Mosteiro, onde se encontra a estátua da fotografia de autoria do escultor Álvaro de Bré, chegou a haver corridas de touros.
Este mosteiro que deveria chamar-se de Santa Isabel, acabou por manter a antiga designação, Santa Clara, tendo apenas recebido a designação "a-Nova" para o distinguir do antigo que, vítima das cheias do Basófias, se encontrava cada vez mais soterrado.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Torre de Santa Cruz


Trago-vos hoje uma fotografia bem antiga (a primeira) onde é visível o Claustro da Manga, ainda completamente rodeado pelas dependências do Mosteiro de Santa Cruz.
Ao fundo é visível a antiga Torre de Santa Cruz de estilo barroco. Como facilmente se constata a Igreja de Santa Cruz não tem sinos, tendo sido essa função desempenhada por esta torre, que se situava no local onde hoje encontramos as Escadas de Montarroio (foto de baixo), construídas em 1986, tendo, ao centro, uma fonte que, em tempos, foi conhecida como Fonte dos Judeus e que originalmente estava situada na parte de cima da actual Praça do Peixe do Mercado D. Pedro V.
Na primeira fotografia é ainda visível do lado esquerdo da torre, o edifício onde está instalada a PSP e que era nem mais nem menos que o antigo Celeiro do Mosteiro, enquanto do lado direito (actual Escola Jaime Cortesão) ficava a Enfermaria.
Para terminar duas curiosidade:
1ª A torre entrou em ruínas tendo caído ,ou melhor dizendo tendo sido deitada abaixo, em 3 de Janeiro de 1935, com a colaboração dos bombeiros que, para isso, injectaram água nos seus alicerces.
2ª Montarroio deve a sua designação ao facto de os seus terrenos serem argilosos e calcários (Monte Rubium - monte amarelo - designação que aparece e documentos do século XI)
Já agora, se quiser ver uma reprodução da torre tem sempre a possibilidade de o fazer no Portugal dos Pequeninos e, se a hora da refeição se aproximar, sempre pode ir ao Casino da Urca onde, ainda recentemente, foi feita a recriação de uma Taberna Medieval.

terça-feira, 27 de junho de 2006

O Nome das Coisas - XII (Praça da República)

A Praça da República nem sempre teve este nome pois, inicialmente, chamamva-se Praça D. Luís. A troca de nome tem a ver, como facilmente se comprova, com a alteração de regime político ocorrida em 5 de Outubro de 1910.

A propósito, sabia que no dia 5 de Outubro, além de se comemorar a Implantação da República, também se comemora, ou melhor, devia comemorar, a independência de Portugal pois foi nesse dia, no distante ano de 1143, que foi assinado o Tratado de Zamora, em que D. Afonso VII, rei de Leão e Castela, reconhece D. Afonso Hernriques, seu primo, como rei de Portugal?

Voltando à Praça, é de referir que, originalmente, estava a um nível mais baixo que o actual pelo que, para se entrar na Sereia ou Parque de Santa Cruz, tinha que se subir 13 degraus o que faz com que os torreões estejam, hoje, parcialmente enterrados. Por falar nos torreões, é uma pena que estejam cheios de grafitis que estragam as pinturas que ostentam.

À volta desta praça, existem uma série de casas exibindo vários estilos revivalistas, de que falaremos um dia destes.

segunda-feira, 26 de junho de 2006

O Nome das Coisas - XI (Jardim da Sereia)


O Parque de Santa Cruz, popularmente conhecido como Jardim da Sereia, pertencia ao Mosteiro de Santa Cruz, estando integrado na sua cerca.
Foi criado como espaço de lazer e meditação para os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, também conhecidos como Crúzios, devido ao nome do Mosteiro.
A sua construção teve lugar quando à frente da comunidade monástica estava D. Gaspar da Encarnação, que chegou a ser ministro de D. João V.
A entrada do Jardim é coroada por três estátuas representando a Fé, a Caridade e a Esperança.
O Terreiro da Péla, apresenta uma bela cascata ao fundo. No cimo das escadas, a Fonte da Nogueira com uma estátua representando um Tritão abrindo a boca a um golfinho, de onde corre a água para uma fonte, encontrando-se aí o motivo pelo qual o Parque de Santa Cruz passou a ser designado por Jardim da Sereia.
A juntar a tudo isto, uma mata cheia de recantos agradabilíssimos onde a água jorra em abundância, tornando possível que, no espaço hoje ocupado pela Avenida Sá da Bandeira (antigo laranjal dos monges), houvesse moinhos que a usavam como fonte de energia.

domingo, 25 de junho de 2006

Estórias curiosas - III (continuação)


"Eis a prova do crime" .
Aqui está o Brasão da cidade de Coimbra que está colocado na parte de cima do edifício sede do município.
Como podemos observar a disposição do leão (simbolizando o rei Ataces) e do dragão (simbolizando o rei Hermenerico) estão invertidas relativamente à posição correcta.

Quando passarem pela Praça 8 de Maio (antigo Largo de Sansão), não deixem de dar uma espreitadela para verem este curioso pormenor, antes que, também aqui, a fúria de modernização chegue e este emblema seja substituído pela famosa circunferência interrompida, já aqui referida, que, segundo os seus "criadores", é uma forma estilizada de representação da serpente que, por vezes, aparece no lugar da dragão.

sábado, 24 de junho de 2006

Estórias Curiosas - O Brasão de Coimbra


Com o computador quase pronto, estou a despedir-me da publicação Best off.... Entramos, portanto, nas três últimas republicações. Hoje resolvi voltar à questão do Brasão da minha cidade, Coimbra.
O Brasão da nossa cidade representa uma mulher jovem coroada, como que a sair de um cálice, tendo do lado direito um leão de ouro e do lado esquerdo um dragão verde (no original).
Quando se pergunta à maioria dos conimbricenses quem é a donzela representada, não anda longe dos 100% as repostas afirmando tratar-se da Rainha Santa Isabel, Padroeira da cidade de Coimbra. Tal, porém, não corresponde à verdade.
Segundo uma lenda contada por Frei Bernardo de Brito, o emblema da cidade teria a seguinte explicação:
O rei bárbaro dos Alanos, Ataces, que usava na bandeira um leão dourado, veio, com o seu exército, e destruiu a cidade de Conímbriga, governada por Hermenerico, rei dos Suevos, que tinha como emblema a serpente verde. Depois disso, resolveu construir uma nova cidade nas margens do Mondego, a actual Coimbra. Hermenerico decidiu vingar-se e veio dar luta a Ataces, mas foi novamente vencido e, para obter a paz, consentiu no casamento da sua filha, a Princesa Cindazunda, com o antigo inimigo, Ataces. A história acaba assim com um casamento feliz, tendo Ataces oferecido à cidade nascente o brasão que ainda hoje se mantém.
O Brasão apresenta então, no meio a Princesa Cindazunda, o cálice simboliza o casamento, o leão dourado, o rei Ataces e o dragão verde, o rei Hermenerico.

As actuais armas da Cidade de Coimbra estão definidas pela Portaria nº 6959, de 14 de Novembro de 1930, que diz textualmente:
"Tendo em vista o parecer da Secção Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e atendendo ao que representou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Coimbra: manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Interior, que a constituição heráldica das armas daquele município seja a seguinte: "De vermelho com uma taça de ouro realçada de púrpura, acompanhada de uma serpe alada e um leão batalhantes, ambos de ouro e lampassados de púrpura. Em chefe um busto de mulher, coroada de ouro, vestida de púrpura e com manto de prata, acompanhada por dois escudetes antigos das quinas. Colar da Torre e Espada. Bandeira com um metro quadrado, quarteada de amarelo e de púrpura. Listel branco com letras pretas. Lança e haste de ouro."

Duas curiosidades à laia de conclusão
1ª- Na fachada da Câmara Municipal de Coimbra é possível ver o brasão com a particularidade de este se encontrar invertido, o leão à esquerda e o dragão à direita. Talvez seja por ter sido esculpido em Lisboa.
2ª - Com um brasão tão bonito, para quê gastar tanto dinheiro para arranjar outro símbolo, para determinados serviços camarários, que, como sabemos, depois de estudos apurados e de muito dinheiro dos contribuintes gasto, resultou numa circunferência cortada, que hoje se vê por aí nos autocarros dos serviços municipalizados e em tudo o que é documento camarário.
Haja paciência que, pelos vistos, dinheiro não falta.

A imagem com o brasão foi retirada do site: http://www.fisicohomepage.hpg.ig.com.br/

sexta-feira, 23 de junho de 2006

O Nome das Coisas - X

Continuando com a temática do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, vamos hoje falar do Jardim da Manga, assim chamado, segundo a tradição, pelo facto de D. João III, com certeza num dia de grande inspiração, o ter desenhado na manga do seu pelote.
Era, sem sombra de dúvidas, uma história bonita se tivesse algum fundamento.

Os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, conhecidos como Crúzios, chamavam-lhe simplesmente Fonte da Manga.
Este era um dos dois claustros do Mosteiro de Santa Cruz (o outro era o Claustro do Silêncio) e que hoje se encontra aberto para a via pública (Rua Olímpio Nicolau Farnandes).

A sua traça deve-se a João de Ruão, famoso escultor de origem francesa, como o próprio nome indica, e é uma representação da Fonte da Vida que é Cristo, aqui simbolicamente representado pela água que sai do templete central e alimenta oito tanques agrupados dois a dois.

Junto a este Claustro fica o Restaurante do Jardim da Manga que, embora em regime de self-service, é uma excelente proposta para se comer.

terça-feira, 20 de junho de 2006

Mosteiro de Santa Cruz

A fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra ocorreu nos anos 30 do século XII e teve como principal impulsionador D. Telo que, três anos antes, tinha estado para ser nomeado Bispo de Coimbra, por morte de D. Gonçalo, o detentor do cargo.
Em Dezembro de 1130, mandou D. Afonso Henriques passar carta de doação dos "Banhos Reais", que ficavam nos subúrbios da cidade, a favor de D.Telo que, segundo relato de Pedro Alfarde, deu em troca uma bonita sela que tinha comprado em Monpiller e que havia andado a exibir na cidade, tendo despertado o interesse de D.Afonso Henriques. Na opinião de alguns historiadores "Os Banhos Reais" talvez sejam as antigas termas romanas de Aeminium ou os banhos de domínio muçulmano.
Ainda há pouco tempo se efectuavam escavações no antigo refeitório do convento, na tentativa de se encontarem vestígios de tais Banhos, que eu penso se poderão localizar não aí, mas do lado oposto, junto à fonte de Paio Guterres.
Um dia destes voltaremos a Santa Cruz, pois neste mosteiro fica o maior Santuário da Europa que é desconhecido da maioria dos conimbricenses.
Já agora bem perto de Santa Cruz recomenda-se para comer: A Democrática ou o Cantinho do Reis.
Boa visita e bom proveito.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

O nome das coisas - IX (Praça 8 de Maio)

A Praça 8 de Maio é assim chamada por ter sido, nesse dia, corria o ano de 1834, que entraram na cidade, as tropas liberais do Duque da Terceira.
Até aí, e mesmo muito depois, era popularmente conhecida como Largo de Sansão, devido ao facto de ali existir, no centro da praça, uma estátua dessa personagem bíblica que encimava um chafariz aí erguido. Esse chafariz foi demolido a fim de ser construído o actual edifício da Câmara Municipal de Coimbra.
De referir, neste largo, a Igreja de Santa Cruz (de que falaremos um dia destes) e o Café Santa Cruz, instalado na antiga Igreja de S. João de Santa Cruz, onde entrar é sempre um deleite para os olhos pois, para além de tomar um simples café, podemos apreciar os seus vitrais bem como a magnífica abóbada que lhe serve de cobertura.

quinta-feira, 15 de junho de 2006

O Nome das coisas VIII - Praça do Comércio (Praça Velha)

A actual Praça do Comércio que, em tempos idos, se chamou praça de S. Bartolomeu (nome da Igreja situada num dos topos) ou simplesmente Praça é vulgarmente conhecida pelo nome de Praça Velha, pois aí funcionou, durante muito tempo, o mercado que abastecia a cidade. Com a construção do Mercado D. Pedro V (actual mercado) nos terrenos até aí ocupados pelos laranjais de Santa Cruz, a Praça do Comércio passou a ser popularmente conhecida como Praça Velha (por oposição à Praça Nova).

Hoje, ocupada por inúmeras esplanadas, tem, no centro, uma cópia do antigo Pelourinho de Coimbra. Para ela convergem muitas das ruas onde, antigamente, desempenhavam as suas funções os mesteirais, facto esse ainda patente no nome de algumas ruas (Rua dos Sapateiros, por exemplo).

Num dos topos, junto à Igreja de São Bartolomeu ficava, quando eu era míudo, a casa das Mijadinhas famosa pelos seus pastéis de Santa Clara (dizia-se que era ali o único sítio onde eram feitos segundo a receita original) e pelos seus confeites que eram a perdição dos miúdos que andavam no Externato Feliciano de Castilho, propriedade da professora D. Alice a quem eu e outros da minha geração muito devem.

No topo oposto fica uma das igrejas mais antigas da cidade e que bem merece uma visita: a Igreja de Santiago de belo estilo românico.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

O nome das coisas VII - O Largo da Portagem (Coimbra)

O nome deste largo (Portagem) deve-se ao facto de, em tempos idos, aí se cobrarem os impostos sobre as mercadorias que chegavam à cidade, vindas do sul.
Aqui ficava o Pelourinho, símbolo do poder municipal, hoje na chamada Praça Velha e a cadeia da cidade que, mais tarde, foi mudada para os antigos celeiros do Mosteiro de Santa Cruz (actual esquadra da PSP).
Embora sempre tenha sido conhecido como Portagem, nome que perdura até hoje, chegou a ostentar outros nomes como Príncipe D. Carlos e Miguel Bombarda.
Desde 1911 apresenta no centro, uma estátua de um conhecido conimbricense, Joaquim António de Aguiar, responsável pelo decreto-lei que extinguiu as Ordens Religiosas em Portugal, pelo que é popularmente conhecido como Mata Frades.

Aqui perto duas sugestões para se comer: O Zé Manel, a cerca de 50 metros, para quem gosta de cozinha portuguesa e lugares castiços e o Itália, a cerca de 100 metros, no parque da cidade, para quem gosta de boa cozinha italiana .

terça-feira, 13 de junho de 2006

O nome das coisas VI - Conímbriga


A cerca de 15 Km de Coimbra fica a cidade romana de Conímbriga cujo nome, como já vimos anteriormente, está na origem da palavra Coimbra.

O nome Conímbriga teve origem no nome da tribo que já habitava o local antes a chegada dos romanos: os Conii. A Conii juntou-se briga que significa lugar alto, fortificado, dando origem ao nome que conhecemos.

Conímbriga foi urbanizada no tempo de Augusto, tendo sido construído um aqueduto com 3,5 Km que trazia água desde Alcabideque, de que falaremos numa próxima oportunidade.
No século V, a cidade foi invadida pelos Suevos e o aqueduto foi destruído, entrando a cidade em rápido declínio (de que já falámos a propósito do nome de Coimbra).

Já agora uma sugestão gastronómica: se puder não deixe de ir ao Evaristo, na estrada que vai para a zona industrial de Condeixa-a-Nova e verá que não se arrepende. Aconselho o Bife com Queijo da Serra, bom para quem não se preocupa com a dieta.
É preciso marcar mesa para se ser atendido.

sábado, 10 de junho de 2006

Casa do Alentejo

A Casa do Alentejo comemora, hoje, 10 de Junho, 83 anos de existência. Parabéns!
Desconhecida de muitos, embora fique mesmo no centro de Lisboa, na Rua das Portas de Santo Antão (junto ao Coliseu e ao Politeama), é uma instituição que vale a pena visitar.
Em primeiro, devido ao que lá se come, desde a Sopa de Cação, ao Cozido Alntejano (Quintas-feiras) e às sobremesas, já mostradas em fotografia no blog http://clubedearqueologia.blogspot.com/.
Em segundo lugar (ou em primeiro dependendo dos gostos), pelo edifício em si. Construído no século XVII e reabilitado no século XX, mas já a necessitar de nova recuperação, foi residência dos Viscondes de Alverca e resistiu ao terramoto de 1755.
São de referir o Pátio Árabe (na foto), o Salão dos Espelhos o Salão Neo-renascentista, a biblioteca, a sala de exposições e os diversos painéis de ajulejos patentes nas salas de refeições do restaurante.
Esta é uma boa sugestão para quem vá a Lisboa e queira alimentar a vista e o estômago.
Mais um vez parabéns e bem-hajam pela vossa existência.

sexta-feira, 9 de junho de 2006

O Nome das Coisas V - Penacova

Penacova é terra antiga, pois o local já é habitado desde o tempo da cultura castreja como a raiz pré-romana do seu nome indica (Pen-).
Este afixo teria substituído a palavra Vila, dando origem a Penacova (no século X aparece referida em documentos como Vila Cova).
Depois da a conquistar aos Mouros foi mandada repovoar por D. Sancho I que lhe deu Foral em 1193, Foral esse confirmado por D. Afonso II, a 6 de Novembro de 1217. D. Manuel I concedeu-lha nova Carta de Foral.

Além das belezas naturais (Rochedo do Castro, Miradouro junto à Câmara pode ainda admirar a sua bela Igreja Matriz ou essa relíquia histórico - cultural que é o mosteiro do Lorvão) pode também degustar o famoso Arroz de Lampreia (enquanto as há), os Pastéis de Lorvão ou as Nevadas.
Para que possam experimentar algo em casa, aqui vai a receita dos Pastéis de Lorvão.

Ingredientes:
460 gr. de açúcar
120 gr de miolo de amêndoa
3 dl de água
12 gemas e duas claras
2 colheres de sopa de farinha
Raspa de um limão
1 colher de chá de manteiga
Canela ao gosto.

Preparação:
Leva-se o açúcar e a água ao lume a fazer ponto de espadana; depois junta-se-lhe a amêndoa passada pela máquina e a seguir a farinha. Mexe-se sempre, retira-se do lume (deve ferver pouco tempo) e deixa-se arrefecer, juntando-se depois as gemas e as claras batidas. Por fim junta-se o limão e a canela.
Deita-se este doce com forminhas mal cheias, untadas de manteiga e polvilhadas com farinha. Levam-se a cozer ao forno.

Agora é só comer e bom apetite!...
Já agora, se for a Penacova não deixe de os provar no Café Miradouro, de onde pode observar também uma magnífica vista sobre o Mondego.

domingo, 4 de junho de 2006

Escarpiadas


Ui, que boas que elas estavam, na Festa da Família do CAIC!...
Para quem não as provou, aqui fica a receita desta iguaria, típica de Cernache e Condeixa-a-Nova, cujas origens remontam à Idade Média.

Estende-se um pouco de massa de pão sobre uma mesa e espalma-se.
De seguida polvilha-se com limão e mel e um pouco de açúcar amarelo (na receita original usava-se apenas o mel, que era muito mais barato e abundante que o açúcar).
Embrulham-se e colocam-se num tabuleiro untado com azeite e vão ao forno do pão (lenha).
Quando louras, tiram-se e guarda-se o molho para as regar.

Depois, bem depois é so comer...

sábado, 3 de junho de 2006

O nome das Coisas IV



No outro dia falei na antiga casa da Porteira, actual Casa das Palmeiras, sita no CAIC. Aqui está uma fot0 dela.
Como sabem o Colégio fica em Sernache, antiga Sernache dos Alhos.
O nome Cernache teve origem na palavra discernir porque, de Cernache, era possível ver a paisagem para o lado de Vila Pouca, visto encontrar-se num sítio mais elevado.
Cernache foi, durante muito tempo, conhecido como Sernache dos Alhos, devido ao facto de abastecer o mercado de Coimbra com esse produto.
Teve Carta de Foral em 1514, dada por D. Manuel I sendo, na altura, um concelho importante. Nesta freguesia nasceu Álvaro Anes de Sernache, que foi portador do pendão da Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota.
O nome Sernache dos Alhos foi evoluindo até ao nome de Cernache usado hoje em dia.
Um dia destes falo das escarpiadas, com direito a foto e tudo.