domingo, 30 de setembro de 2007

Companhia




Hoje, resolvi variar e apresentar uma das personagens cá da casa.
Na próxima postagem voltarei a Coimbra (ou a outro lugar qualquer), às suas paisagens, gentes e sabores.


Este é o Rufi.


Tem quase doze anos e, desde que chegou, revelou-se uma companhia imprescindível.


Garanto-vos que é tão simpático como parece pelas fotografias.

Aliás, por aquilo que, muitas vezes, vemos neste mundo que nos rodeia, apetece, cada vez mais, dizer algo como: "Quanto mais conheço os homens mais gosto do meu cão."

Um abraço para todos e desejos de uma boa semana de trabalho (esta até tem menos um dia!).
Façam-me o favor de ser FELIZES.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Monumento a Camões


Erigido por ocasião 3º centenário da morte de Camões pelos estudantes de Coimbra o monumento situava-se no local onde hoje fica a Faculdade de Letras de Coimbra, rodeado pelo jardim que é visível na 1ª foto.
Aquando da destuição da Alta (década de 40 do século XX), a fim de se construir a cidade universitária, foi derrubado por "acidente".

Alguns anos após acabou transferido para a Rua do Arco da Traição, junto ao Instituto de Justiça e Paz, num local onde quase não era visível.

Actualmente encontra-se na início da Avenida Sá da Bandeira, junto à Escola n.º 1 (Santa Cruz), mas parece não ser poiso definitivo, pois foi instalado no exacto local onde está previsto passar o Metro de Superfície, se algum dia este chegar a ver a luz do dia.

E ainda falam de Planos Directores Municipais...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Cortejos

Centenário da Sebenta (Praça 8 de Maio)Enterro do Grau

Dois dos cortejos mais curiosos ocorridos em Coimbra tiveram lugar em 1899 (Enterro da Sebenta) e em 1905 (Enterro do Grau).
Em 1899 começava a alicercar~se o que viria a ser o Cortejo da Queima das Fitas. Comemorava-se o centenário da Sebenta, essa instituição universitária, surgindo, no Cortejo, já críticas não só à Universidade, mas também à sociedade em geral.
Em 1905 a situção era outra, pois uma reforma universitária extinguira o grau de Bacharel, mantendo o de Licenciado e o de Doutor. Daí o enterro do Grau.
Não sei se com Bolonha não se podia fazer o enterro de qualquer coisa, nem que fosse do país, pois com o rumo que isto leva, outro destino não deve restar.
Só falta saber quem pagará ao cangalheiro depois do enterro pois, se for o Estado a fazê-lo, acho que o cangalheiro vai ter muito que esperar....

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Fogueiras


De origem europeia, as fogueiras fazem parte da antiga tradição pagã, de celebrar o solstício de Verão.
A fogueira do dia de 24 de Junho (data mais próxima desse evento), tornou-se pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João, o santo celebrado nesse mesmo dia.
Uma lenda católica, cristianizando a fogueira pagã estival, afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do Verão Europeu, tinha as suas raízes num acordo feito pelas primas Maria e Isabel, segundoo qual esta teria de fazer uma fogueira no cimo do monte, para avisar que estava prestes a nascer o seu filho (João Baptista) para, assim, Maria ir em seu auxílio.
Penso que esta tradição assenta no facto de, nessa altura do ano, o tamanho dos dias começarem a diminuir e, por isso, acender fogueiras era vista como uma maneira de os prolongar.
Saltá-las (outra tradição), era uma maneira de se purificarem, pois o fogo aparece, desde tempos imemoriais, como símbolo da purificação. Quem saltar a fogueira na noite de S. João, em numero ímpar de saltos e no mínimo três vezes, fica por todo o ano protegido de todos os males. Diz a tradição que as cinzas de uma fogueira de S. João curam certas doenças de pele.
De referir que também pelo Natal, (Solstício de Inverno) há, em muitas regiões, o hábito de acender grandes fogueiras à porta das Igrejas (Lenho de Natal) como maneira de celebrar o nascimento do Menino. Antes do Cristianismo, essas fogueiras celebrariam a vitória da luz sobre a noite, pois os dias começavam a aumentar de tamanho.

Feita esta introdução, falemos de Coimbra.
Algumas das mais famosas Fogueiras de Coimbra tinham lugar na Praça do Comércio (Praça Velha, por aí se realizar o mercado até à construção do Mercado D. Pedro V) e no Largo do Romal.

Havia sempre uma orquestra colocada, geralmente, num estrado (tipo coreto) à volta do qual se dançava às ordens de um mandador. O mais famoso de todos era conhecido como António Calmeirão, sapateiro de profissão e que, por vezes, se excedia nas indicações fazendo corar de vergonha as pessoas mais delicadas.
Sem mandador não havia Fogueiras que prestassem.
Era ele que indicava a coreografia a seguir:
"Roda à direita!
Ao contrário, palmas!
Mulheres dentro!
E eu virei!
Meia volta!
Chegadinho!
Tudo certo!"

E lá seguia o baile:

"Fogueiras do S. João
O que elas vieram dar:
Roubaram o meu amor
Na maior força de amar!"

ou
"As tricanas do Romal
São lindas a mais não ser,
Têm uns olhos que encantam,
Uns risos de enlouquecer!"

sábado, 8 de setembro de 2007

Por acaso...

Hoje fui ao Porto, ou melhor precisando melhor, a Matosinhos.
Motivo: ir à Exponor a uma feira de decoração e utilidades par casa.
Mas nada como matar dois coelhos, neste caso três, de uma cajadada.
Já que tinha de ir à Exponor, aproveitei para ir comer ao Serrão, em Matosinhos, onde se come a melhor sardinha assada do mundo e arredores.
Depois disso, resolvi rever o Mosteiro da Leça do Balio e fui "apanhado" por uma feira medieval que, amanhã (Domingo , 9 de Setembro), incluirá uma reconstituição do casamento de D. Fernando e D. Leonor Teles.
Duas coisas sobre a feira: impressionou-me pelo tamanho mas desiludiu-me por alguma falta de rigor histórico (ginja em copos de chocolate, cerveja de pressão com as máquinas à mostra, personagens medievais de sapatilhas, relogios, etc.)

A propósito desta visita partilho convosco um pouco do que sei sobre o local e sobre o referido casamento:
Balio provem de bailio, palavra hoje em desuso, mas que significa comendador, isto é membro de uma Ordem Militar que beneficiava dos rendimentos de uma comenda. Leça, como sabemos, é nome de rio (lembrem-se do porto artificial de Leixões, construído na foz desse rio).
O templo que dá fama à terra (Igreja dos Hospitalários de Leça do Balio) é de estilo gótico e aparece já referenciado em 1003, mas existe, pelo menos, desde o século anterior. A sua história está intimamente associada à Orde Religiosa-Militar que aqui se fixou no século XII e escolheu este Mosteiro como a sua primeira sede em Portugal: os Cavaleiros de S. João de Jerusalém, conhecida também como Ordem do Hospital.
Por aqui passava um dos Caminhos de S. Tiago, dando o Mosteiro apoio a gerações e gerações de peregrinos.
Neste templo passou-se um episódio importante da nossa História, pois foi aqui que se casaram D. Fernando, último rei da primeira dinastia, e D. Leonor Teles, casamento muito contestado, por Leonor estar já casada com João Lourenço da Cunha e representar os interesses da alta nobreza.
É lógico que o casamento só teve lugar porque o bispo de Coimbra havia anulado o primeiro casamento de D. Leonor, a pedido do rei. Curiosamente Coimbra teve três (?) bispos nesse ano.
A seguir ao casamento teve lugar o tradicional beija-mão.
O primeiro a fazê-lo foi D. João, filho de Inês de Castro, candidato ao trono de Portugal, mas que há-de vir a ser vítima da cunhada a quem acabara de beijar a mão.
Seguiu-se D. Dinis, o segundo filho de Inês de Castro, que, embora chamado pelo rei, se recusou a beijar-lhe a mão, afirmando, “Que ma beije ela a mim!”. Só não foi morto pelo irmão (D. Fernando) devido à intromissão de dois fidalgos, mas a sua vida política em Portugal estava terminada, tendo de se refugiar em Castela.
O seu irmão, D. João, segui-lo-ia, no exílio em Castela, algum tempo depois.


Mas essas são outras histórias de que falaremos um dia destes...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Personagens de Coimbra

Voltamos hoje a personagens incontornaveis de Coimbra: as lavadeiras e as aguadeiras.

As aguadeiras, geralmente, andavam descalças, vestindo saias grossas, blusas garridas e xaile sobre os ombros, levando à cabeça cântaros em lata ou em barro, com os quais distribuiam água pelas zonas da cidade onde a mesma não chegava.

Não resisto aqui a transcrever um comentário do meu amigo João, profundo conhecedor de tudo o que diz respeito a louças, faianças e porcelanas, a propósito da 2ª fotografia: "De facto amigo Tozé, as paixões, ao mesmo tempo que nos alargam o coração, estreitam-nos a visão. Neste conjunto riquíssimo de fotografias ficaram-me os olhos presos à quinta (segunda no actual post) fotografia e ao objecto que a aguadeira tem à cabeça. Um magnífico registo fotográfico do tradicional asado de Coimbra, obra maior da olaria de antanho. Para mim, o encanto da olaria deriva da magia da sua criação e da beleza das suas formas mas, sobretudo, do facto de ser o produto da exigência colectiva da comunidade que satisfaz e serve. A olaria é sempre património de uma comunidade, e não de um homem. Na ondulante robustez da forma do asado podem-se ver, ao mesmo tempo, as curvas das guitarras de Coimbra e do feminino inspirador dos seus trinados."

As lavadeiras, que ainda há bem pouco se viam nas margens do Mondego, faziam no rio as barrelas com sabão azul, batiam a roupa nas pedras e/ou numa tábua e punham-na a corar nos areais do Mondego. As roupas entregues pelas "senhoras da cidade" ou pelos estudantes constavam de um rol (lista) e quando faltava alguma peça eram obrigadas a pagar-lhes uma pesada indemnização.

Alguma da roupa era transportada nas barcas serranas sendo descarregada nos cais e nas escadas ainda hoje existentes ao longo da margem direita do Mondego.