Mafra
Saídos do Sobreiro, a próxima paragem é Mafra.
Esta terra dava-nos pano para mangas, o que significa que se poderia escrever sobre ela dezenas de posts.
É no entanto, uma terra pela qual nutro uma certa relação de amor-ódio.
Os motivos são vários pois desde a grandiosidade do Convento-Palácio, à Igreja do dito que é das mais bonitas que conheço, aos órgãos de tubos (seis ao todo), ao carrilhão e, last but not least, às Parras, pastéis que me fazem crescer água na boca cada vez que penso neles.
Mas Mafra tem também, para mim, algumas memórias menos positivas, especialmente aquelas que se ligam ao cumprimento do serviço militar obrigatório, pois foi aí que fiz os 4 meses do curso de milicianos (oficial atirador).
De bom guardo algumas amizades que vão ficar para toda a vida e alguns desafios físicos e psicológicos que venci na recruta. De mau a sensação de brincar às guerras, o façam de conta que é a sério pois não há dinheiro para mandar cantar um cego. Para além disso, havia ainda as coisas desnecessárias que éramos obrigados a fazer como os reforços, que nunca faríamos como oficiais, em que tínhamos a sensação que era só para nos lixarem, as actividades que fazíamos com voluntários nas pausas da instrução, etc.
Mas o que mais me marcou foi o facto de eu, que estava a cumprir o meu dever para com Pátria, ver a maioria dos meus colegas de curso, que alegaram Objecção de Consciência, a trabalharem e a ganharem muito mais do que eu. E, para ajudar à festa, quando fui colocado para dar aulas, embora soubesse que não ia ocupar o lugar pois estava no Serviço Militar Obrigatório, ter pedido dispensa para me apresentar na escola, eu que era o instruendo com melhor classificação no meu pelotão, ter visto essa dispensa negada com a alegação que ia ocupar ilegalmente um lugar. Por muito que explicasse que se não me apresentasse estaria sujeito a uma suspensão de 2 anos, nada os demoveu. Valeu-me a Presidente do Conselho Directivo que me permitiu apresentar-me a um Sábado, apesar da Escola estar encerrada. E, no entretanto, os Objectores, que nessa época atingiram um número enorme (aquilo parecia uma epidemia), a aceitarem as colocações e a trabalharem enquanto o pacóvio que cumpria as suas obrigações constitucionais, via os seus direitos mais elementares atropelados.
Daqui resultou que, depois de cumprido o serviço militar (16 meses: 4 em Mafra e 12 na Figueira da Foz), tenham passado 10 anos antes de voltar a Mafra para ver e usufruir, então sim, o Convento-Palácio de Mafra, - o Calhau como era conhecido na gíria de quantos ali cumpriam o serviço militar.
Apesar de tudo acho que vale bem uma visita. Acreditem.
E já agora vão provar uma Parra.
6 comentários:
Passei para apreciar esta página agradável, que me atrai pela sua qualidade e desejar bom fim-de-semana. Até breve.
Efectivamente, há momentos em a justiça nos é madrasta.
Geralmente os melhores são sempre os mais solicitados enquanto os "cepos" são dispensados, se calhar, para não estorvar.
Há alturas em que nos apetece ser macanbúzio.
Bom fim de semana.
Cumprimentos.
Mafra! Vale a pena!
Também valeu a pena ter passado por aqui, após a tua passagem pelos meus lugares.
Conhecer as tuas históras e sabores foi um prazer!
Certamente voltarei.
~*Um beijo*~
P.S. A presidente do C.E. foi mais do que colega...foi muito tua amiga. Ainda existem pessoas assim, felizmente.
Lindissima gostei imenso e ficar a saber um poukinho mais sobre esta terra é muito bom beijinho
gostei do que aqui li... parabéns!
agradecia que passases pelo meu blog e se possível, reproduzisse o apelo urgente que lá se encontra para o teu blog
xi
maria de são pedro
E eu que nunca fui a Mafra, aproveito a sugestao da visita e tambem da Parra, nunca tinha ouvido falar (da Parra), mas se o amigo recomenda deve ser bom.
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