domingo, 17 de setembro de 2006

Estórias da Educação - II

Desculpem-me mas hoje resolvi partilhar convosco um sonho (ou seria um pesadelo) que tive, pois acho-o uma estória, no mínimo, engraçada para não dizer trágica.
Estava eu no meu sonho, entretido a ver televisão, quando passou uma notícia que muito me espantou, ou talvez não, porque neste país já nada nos admira: numa aldeia, da qual, infelizmente, não me lembro o nome, decidiu o Ministério da Educação fechar a Escola Básica Nº 1, ou seja, a antiga Escola Primária.
Dadas as notícias de que iriam fechar centenas de escolas por todo o país por terem menos do 10 alunos, nada a opor. No entanto nem tudo o que parece é, pois a escola em questão tinha 16 alunos. Tendo eu estudado Matemática no tempo em que se tinha de saber a tabuada na ponta da língua, parece-me, e emendem-me se estiver errado, que 16 alunos está claramente acima do número (10 alunos) que fora anunciado pelo governo para o encerramento das escolas do 1º Ciclo, como uma medida tendente a melhorar o ensino em Portugal. (Entretanto chegou notícia de outra com 30 alunos que também fechou. Pergunta: 30 não é mais do que 10?)
Atenção que eu tenho consciência que alguns dos edifícios não têm condições minimamente decentes para albergar alunos e, ao contrário do que alguns pensam, não é preciso ir para as aldeias perdidas na serra para que isso aconteça. Por isso, entendo que, em muitos casos, o encerramento pode trazer vantagens, mas também terá, com certeza, desvantagens. Há que pesar bem os prós e os contras para decidir.
Mas a estória ainda não acaba aqui. Levados para uma “nova” escola, saídos de casa de manhã cedíssimo e regressados ao fim da tarde, com certeza para reforçar os laços familiares dos petizes com os familiares mais chegados (atenção que falamos de uma escola de aldeia e não de uma grande cidade), os alunos são descarregados noutra escola velha, sem refeitório e, para espanto dos pais, é-lhes dito que tinham de levar prato e talheres para poderem comer. Além disso teriam de o fazer na própria sala de aulas.
Mas ainda não é tudo: o Presidente da Junta de Freguesia quando confrontado com este facto afirmou, e reparem bem, não ver onde é que estava o problema pois, nos países mais avançados da Europa, era comum esta situação. Claro que se referia a toda a situação, mas é preciso ter cuidado com a linguagem (já ouvi dizer que o português é uma língua muito traiçoeira) pois, como também aprendi na escola, o geral inclui o particular e daí deduzir-se que também se referia ao facto de os alunos levarem pratos e talheres para a escola. Ainda gostava que me dissesse que país é esse, pois não vá eu visitá-lo em turismo e ter de colocar, neste blogue, uma fotografia minha a comer com as mãos, por não ter levado a baixela de casa para o restaurante.
Com amigos destes na Junta de Freguesia nem precisamos de ter inimigos.
Haja bom senso que, pelos vistos, ao contrário do que acreditávamos, ele não foi igualmente distribuído pelo Criador.
Bem, entretanto tocou o despertador e pude finalmente respirar fundo, pois tudo não passara de um pesadelo. Do que Deus me livrou ao fazer-me nascer num país onde isto não acontece. Ou será que agora é que estou a sonhar?

7 comentários:

Anónimo disse...

Realmente não se percebe alguns critérios que estão e ser adoptados, acabando por ser as crianças as mais prejudicadas...
Abraço.

Al Cardoso disse...

Olhe caro amigo, pior que isso esse senhor nao era o presidente da junta, mas sim o Presidente da Camara.

Infelizmente eu tambem vi, ou tive o mesmo sonho.

Um abraco serrano.

Sobre as escolas escrevi tambem em: http://aquidalgodres.blogspot.com

Menina Marota disse...

Essse sonho parece ser colectivo... todos nós o temos diariamnete...

Abraço ;)

Anónimo disse...

Ola o Incertos Momentos comemorou ontem o seu segundo aniversario e deixou um presentinho para todos os amigos paxa la e leva o teu beijinhos ;)

Mixikó disse...

Parabéns pelo blog e o brigada pela visita.

Anónimo disse...

Isto cadavez ta pior, educação, saúde, trabalho e tudo mais... Ainda dizem vivem em Portugal?! Não vale a pena...

Anónimo disse...

Quero dar-te os Parabens pelo teu blog, bem ilucidativo...
Beijoca*