Estórias da Educação - I
Queria pedir-vos desculpa por não continuar, para já, com as sugestões de locais a visitar mas, com o aproximar do início das aulas, é comum aumentar o número de textos e entrevistas de várias personalidades sobre o estado da educação neste cantinho à beira-mar plantado, bem como decisões do Ministério da Educação. Por estes motivos não resisto a partilhar algumas ideias convosco.
Por favor, leiam-me estas afirmações que saíram na Pública (Revista que sai com o Público de Domingo) do dia 10 de Setembro, da Dr.a Lucília Salgado, professora da Escola Superior de Educação de Coimbra:
“… temos um sistema educativo que privilegia as mulheres.”
“São muitos poucos (homens) que estão a ensinar e isso privilegia as raparigas.”
“As meninas estão mais habituadas para perceber o que é que as professoras querem. (…) os caderninhos arranjadinhos, bonitinhos, uma série de valores tradicionais femininos que as professoras têm.”
“…introduzir ciências experimentais no primeiro ciclo vai resolver (...) o insucesso escolar dos rapazes.”
“Tem de haver uma discriminação positiva em relação aos rapazes.”
“E quando chegam à escola (os alunos) e como são mal ensinados e lhes apresentam letras desgarradas, o pa, pe, pi, po, pu, não conseguem aprender a ler.”
O que se pretende com estas afirmações? Não é com toda a certeza mostrar que o ensino está mal, pois isso toda a gente sabe. E quase todos também sabem porquê e aí muitos dos pedagogos que pululam pelo país, também têm culpas no cartório, assim como o próprio Ministério, professores e pais. Veja-se as sistemáticas reformas que, com a intenção de resolver os problemas do ensino, muitas vezes, só os vêm agravar. Hoje, no entanto, de acordo com a teoria dominante, a culpa é sempre dos professores. Mas urge perguntar: Eu que dou aulas há mais de 23 anos, era bom professor há 20 anos e hoje deixei de o ser?
Mas voltando às afirmações, o que pretende a doutora Lucília Salgado? Voltar às escolas para meninas e outras para meninos? E os meninos devem ter professores e as meninas professoras para não haver privilegiados? Achará mesmo que as professoras, e olhem que eu sei do que falo, privilegiam os cadernos com desenhos e muito arranjadinhos? Já agora a organização faz mal a alguém? As meninas não gostam de ciências experimentais? Afinal em que ficamos, meninas com lavores femininos e rapazes com ciências experimentais? Haver discriminação positiva? O que é isso? Não me digam que vamos voltar desenterrar a ideia peregrina de há uns anos atrás, em que houve quem defendesse o estabelecimento de quotas para rapazes no curso de Medicina, alegando que, daí a uns anos, não haveria, por exemplo, urologistas? E que mal tem o pa, pe, pi, po, pu? Não foi assim que a maioria esmagadora dos portugueses aprendeu a ler?
Curiosamente, nesse mesmo dia, o Público trazia a notícia de que, em Inglaterra e em França, houve ordens dos respectivos Ministérios da Educação para se voltar ao Método Silábico, pois o Método Global aumentara os maus resultados a nível da literacia, segundo responsáveis desses países.
“… temos um sistema educativo que privilegia as mulheres.”
“São muitos poucos (homens) que estão a ensinar e isso privilegia as raparigas.”
“As meninas estão mais habituadas para perceber o que é que as professoras querem. (…) os caderninhos arranjadinhos, bonitinhos, uma série de valores tradicionais femininos que as professoras têm.”
“…introduzir ciências experimentais no primeiro ciclo vai resolver (...) o insucesso escolar dos rapazes.”
“Tem de haver uma discriminação positiva em relação aos rapazes.”
“E quando chegam à escola (os alunos) e como são mal ensinados e lhes apresentam letras desgarradas, o pa, pe, pi, po, pu, não conseguem aprender a ler.”
O que se pretende com estas afirmações? Não é com toda a certeza mostrar que o ensino está mal, pois isso toda a gente sabe. E quase todos também sabem porquê e aí muitos dos pedagogos que pululam pelo país, também têm culpas no cartório, assim como o próprio Ministério, professores e pais. Veja-se as sistemáticas reformas que, com a intenção de resolver os problemas do ensino, muitas vezes, só os vêm agravar. Hoje, no entanto, de acordo com a teoria dominante, a culpa é sempre dos professores. Mas urge perguntar: Eu que dou aulas há mais de 23 anos, era bom professor há 20 anos e hoje deixei de o ser?
Mas voltando às afirmações, o que pretende a doutora Lucília Salgado? Voltar às escolas para meninas e outras para meninos? E os meninos devem ter professores e as meninas professoras para não haver privilegiados? Achará mesmo que as professoras, e olhem que eu sei do que falo, privilegiam os cadernos com desenhos e muito arranjadinhos? Já agora a organização faz mal a alguém? As meninas não gostam de ciências experimentais? Afinal em que ficamos, meninas com lavores femininos e rapazes com ciências experimentais? Haver discriminação positiva? O que é isso? Não me digam que vamos voltar desenterrar a ideia peregrina de há uns anos atrás, em que houve quem defendesse o estabelecimento de quotas para rapazes no curso de Medicina, alegando que, daí a uns anos, não haveria, por exemplo, urologistas? E que mal tem o pa, pe, pi, po, pu? Não foi assim que a maioria esmagadora dos portugueses aprendeu a ler?
Curiosamente, nesse mesmo dia, o Público trazia a notícia de que, em Inglaterra e em França, houve ordens dos respectivos Ministérios da Educação para se voltar ao Método Silábico, pois o Método Global aumentara os maus resultados a nível da literacia, segundo responsáveis desses países.
Hoje a escola perdeu o aspecto operacional que tinha antigamente. Quando eu estudava, sabia que isso me permitiria ter um futuro melhor, pois estudar permitia-me ter a um trabalho melhor. Hoje, olhando para o número de licenciados desempregados, isso já não é verdade. Também aqui não há total isenção de culpas de quem decide, pois continuam a abrir-se vagas para cursos em que não há saídas profissionais.
Hoje a maioria dos alunos tem quase tudo, desde a melhor roupa, aos modelos mais recente de telemóveis, televisão e computador no quarto, etc.
Assim sendo, estou a lembrar-me de uma frase que um amigo me disse no outro dia, quando trocávamos ideias sobre estes assuntos: “Queria ver alguém dar de beber a um burro que não tem sede.”
Ora aí está um bom desafio para os pedagogos!
Hoje a maioria dos alunos tem quase tudo, desde a melhor roupa, aos modelos mais recente de telemóveis, televisão e computador no quarto, etc.
Assim sendo, estou a lembrar-me de uma frase que um amigo me disse no outro dia, quando trocávamos ideias sobre estes assuntos: “Queria ver alguém dar de beber a um burro que não tem sede.”
Ora aí está um bom desafio para os pedagogos!
13 comentários:
As teorias da Dra. Lucília já eu as ouvi quando me deu aulas...ainda no século passado!
Todas estas lindas teorias acabam por originar o famoso CHOQUE TECNOLÒGICO SECRETO (porque ainda ninguém se apercebeu dele...) que o autor do Populos Romanos acabou por saber por portas travessas e nos dá conta no seu blog!
Abraço tecnológico!
Em tempos em que é comum ouvir dizer que "já nada me surpreende", há gente que ainda se esforça por desafiar tendências hodiernas, levando as pessoas a surpeenderem-se. A afirmação, efectivamente, não me surpreende. De espantar é origem dos raciocínios... Quase que sou tentado a dizer que, afinal, os professores têm mesmo responsabilidades pelo estado actual da educação... De lado as teorias, diversifiquem-se estratégias, atenda-se ao aluno na sua individualidade e exiga-se ao Pai e Amigo Estado que crie condições para que isso aconteça e que, no meio das asfixiantes exigências tributárias, nos deixe educar os nossos filhos com o dinheiro que também é nosso nas escolas que desejamos, com projectos educativos em que acreditamos, em valores humanos que defendemos e com professores em quem confiamos, professores que ao menos consideram antes de considerar...
Abraço amigo
N
Pois, bom terminar do teu texto...
Gostei de todo teu blog, especialmente da minha vizinha Berlenga. Muito interessante
Parabens e uma beijoca*
Tozé,
Retornando a labuta docente.
Saúde e paz nas aulas.
Um abraço,
Pedro
O grande mal deste nosso tempo, e que os meninos (os meus tambem) tem tudo, e, por isso nao dao valor a nada.
Para dar-mos valor as coisas tem que nos custar algo: esforco ou inteligencia.
Interessante tambem essa dos telemoveis, nao me digam que as coisas estao mal, enquanto vir a quantidade e qualidade dos telemoveis dos meninos.
Um abraco serrano.
Caro Carlos: O choque tecnólogico deve passar mesmo por aqui, o que me deixou "chocado".
Caro Nelson: no alvo.
Enquanto não houver liberdade de escolha e de projectos educativos nada feito.
Numa coisa a doutora tem razão: Quem sempre mandou na educação foram os sindicatos. Espero que ao menos isso acabe, porque senão, são eles a acabar connosco.
Na mouche, na minha opinião, também.
Os Sindicatos têm demasiado poder reivindicativo! Infelizmente só o usam para defender os interesses corporativos dos funcionários do Estado!
As próprias Centrais Sindicais só defendem posições que não sejam susceptíveis, nem ao de leve, de tocar nas estratégias de defesa a todo o CUSTO das Instituições do Estado!
Que contradição insanável! Então quem é que produz a papinha do papão do Estado?
Um grande abraço
António
Cor do mar:
Obrigado pela visita.
Cor do mar:
Obrigado pela visita.
Caro Cardoso:
Obrigado pela sua participação desde os States.
Hoje, os miúdos não dão valor a nada, pois para muitos tudo se obtem, sem esforço.
Caro Pedro
Obrigado pelo incentivo.
Um abraço.
Caro António:
Agradeço a sua participação. No meu caso e de uma pessoa da sua família, não podemos contar com a ajuda dos sindicatos mais representativos pois entendem que nós, ensino particular, não temos razão de existir. Ou melhor, dizem que somos supletivos, só devemos ser opção em último lugar, por muito que os pais queiram aqui matricular os seus filhos. Enfim, somos professoresz de "segunda", para eles.
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