sábado, 1 de dezembro de 2007

Restauração da Independência

Hoje é dia 1 de Dezembro, feriado nacional devido ao facto de comemorarmos a Restauração da Independência., ocorrida em 1640.
Faz hoje um ano que publiquei, aqui, uma cena de uma peça de teatro, escrita em conjunto com a minha Direcção de Turma (6.º ano) e que, no final do ano, foi apresentada em público.

Um ano depois partilho convosco outra cena dessa peça.

Desta vez recuamos até Évora, em 1637, a fim da assistir à chamada revolta do Manuelinho, um pobre louco de Évora, em nome do qual eram assinados os panfletos anti-espanhóis que apelavam à revolta.

Cena 4

(As viajantes saem da máquina do tempo e encontram uma manifestação).
(Entra em Palco, uma manifestação de meia dúzia de pessoas, cantando – com a música da canção A Fisga - e aclamando o Manuelinho).

Todos:
Trago o Manelinho às costinhas
Nesta manifestação anti-espanhola
Vivó Manelinho, abaix’os filipinos
C’os espanhóis dão-nos cabo da carola.
C’os espanhóis dão-nos cabo da carola
Conquistemos a nossa independência
Estamos pobres, até pedimos esmola
Portugal é a nossa residência.
Manuela: Viva o rei Manuelinho!
Todos: Viva! Viva!
Maria: Abaixo a tortilha, os calhos e as natilhas! Viva a omeleta, as tripas à moda do Porto e o leite-creme!...
Todos: Viva! Viva!
Constantino: Abaixo os espanhóis! Viva os portugueses!
Todos: Abaixo! Abaixo! Viva! Viva!
Jesuíno: (com pronúncia alentejana e bocejando) Já estou ficando cansado. Vamos é ver se encontramos um chaparro, pois está quasi na hora da sesta. Viva a sesta! Abaixo o trabalho! Viva o descanso! Se o trabalho dá saúde que trabalhem os doentes! …
Todos: Queremos um chaparro! Queremos descansar! Queremos um chaparro! Queremos descansar!
Jesuíno: (Toma a palavra e discursa): Portugueses em geral, alentejanos em particular!
Todos: Apoiado! Apoiado! Muito bem!
Jesuíno: Nesta época de crise... em que os espanhóis nos levam todo o dinheiro que temos, há que votar em mim, - ó raio que já me enganei -, há que apoiar o Manuelinho! Viva o Manuelinho!
Todos: Viva! Viva!
Zé Próvinho: Alguém falou em vinho? Se o assunto é esse cá estou eu! Abaixo o vinho espanhol, viva o vinho do Alentejo!
Todos: Viva! Viva!
Maria: Lá está este outra vez a falar no vinho!
Constantino: Irra que ele só pensa mesmo no vinho. Em vez da cabeça devia ter um barril em cima dos ombros e uma torneira em vez do nariz. Maldito vinho.
Jesuíno: O vinho agora não interessa para nada! O que interessa é o chaparro. Viva o chaparro!
Todos: Viva! Viva!
Manuela: Vamos é comer uns pezinhos de coentrada.
Maria: Com a entrada adondi ?
Manuela: Não é com a entrada. É de coentrada!
Maria: Entã nã foi isso quê disse? Com a entrada. Mas onde é que fica a entrada?
Constantino: Vossemecê deve estar ficando surda.
Maria: Curda? Então esses são os do Iraqui.
Constantino: Irra. Surda! Não é curda.
Maria: Entã vossemecês se explicam…
Manuela: Vamos é apoiar o Manuelinho e deixemo-nos destas conversas de treta.
Maria: Preta? Quem é qué preta?
Manuela: Treta, mulher, treta.
Maria: Já ouvi. Eu sou surda. Escusa de estar aos berros quê já ouvi qué preta. Não sei o qué qué preta, mas já ouvi.
Constantino: Não há pachorra.
Maria: Onde é que está a cachorra. Ai que eu nã gosto nada de cães e muito menos de coas ou cãs. Ai quê nem sei como é que se diz.
Manuela: (aos gritos) Cadelas. O feminino de cães é cadelas!
Maria: Panelas? P’ra quê? Vamos comer? E se fosse uns pezinhos de coentrada.
Manuela: Ora voltámos ao princípio. Viva os pezinhos de coentrada.
Todos: Viva! Viva!
Manuelinho: Viva eu! Viva eu!
Todos: Apoiado! Apoiado! Viva ele, viva ele.
(Dirigem-se para fora do palco a bocejar e a cantar a música de entrada).
Escanifreda: Bem isto está tudo visto! Vamos embora, pois já estou cheia de sono! Acorda!
Andrioleta (Estava a dormir): O quê? Onde estou eu? O que se passa?
Escanifreda: Vamos embora! Vamos até à casa de D. Jorge de Melo.
Andrioleta: Quem é o D. Jorge de Melo?
Escanifreda: É um dos nobres que está a conspirar para expulsar os espanhóis de Portugal

(Entram na máquina e muda a cena).

15 comentários:

morenocris disse...

Espero que tenha sido um bom feriado, Tozé.

Beijos.
Bom domingo.

Tozé Franco disse...

Passei-o em cas a trabalhar. Ainda diz a ministra qe nós, os professores, somos uns malandros....
Um abraço.

Meggy disse...

Bem, ao menos que o trabalho não tenha sido em vão =P.
Obrigada pelo comentário...
Para a semana há mais um feriadinho...
Bom Domingo.

Anónimo disse...

Esta engraçado o post, a relembrar:)

Um beijo Toze*
e b f semana

Tozé Franco disse...

Meggy:
Foi algo que deu gozo fazer a todos. A representação foi um êxito junto os pais e outros convidados.
Um abraço.

Tozé Franco disse...

Cara A Cor do Mar:
P'ra semana cá espero estar com novbas historias.
Um abraço e bom Domingo.

caminante disse...

1640... también me laegro. Quizá hemos perdido un territorio. Hemos ganado una hermandad.
Un fortísimo abrazo.

Sei que existes disse...

Deve ter sido bem interessante!
Beijo grande

Pitanga Doce disse...

BOM DIA! ALÉM DOS ROUPEIROS, HÁ "IDÉIAS NOVAS PARA O LAR". E OLHA QUE EU NÃO SOU O AKI... SÓ NÃO PROMETO OS DESCONTOS. hehehe

bom domingo

Paola Vannucci disse...

To Zé

Surpriendente seu blog, estou lendo tudo o que posaso daqui , estou a pelos menos meia hora absorvendo toda riqueza hidstórica que tens aqui......

Carinhos neste domingo quente daqui do Brasil.....

Paola

Tozé Franco disse...

Caro Caminante:
Gosto muito de ir a Espanha: Apesar da separação política, sinto-me em casa quando aí vou.
Um abraço.

Tozé Franco disse...

Cara Sei Que Existes:
Deu-nos um gozo tremendo. Penso que nunca mais vão esquecer: Esta foi uma turma que Pôde experimentar muita coisa: Actuaram em directo para a RTP; fizeram um batismo de mergulho, duas peças de teatro, participaram sem 2 festivais da canção, 2 clubes dos talentos, etc,etc. E além disso tiveram óptimos resultados escolares.
Um abraço.

Tozé Franco disse...

Cara Pitanga:
Tenho muito gosto em te ter AKI.
Um abraço desde Coimbra.

Tozé Franco disse...

PAola Vannucci:
É com grande alegria que recebo a sua visita. Obrigado pelas palavras e apareça sempre.
Um abraço.

carina disse...

Também sou professora e fiquei contente por ver que já alguém fez uma peça de teatro sobre a Restauração da Independência e não tem problemas em disponibilizar o seu trabalho. Gostei bastante da cena 4 que publicou, é muito divertida! Não há possibilidade de me facultar todo o texto dessa peça? Seria uma base de trabalho, pois o que já tenho parece-me muito enfadonho para miúdos do 6.º ano. Ficar-lhe-ia imensamente grata. Desde já, o meu muito obrigada!