quarta-feira, 25 de abril de 2007

Mosteiro de Santa Cruz - II - Coimbra

Eis mais duas fotografias da Igreja de Santa Cruz de Coimbra separadas porcerca de 100 anos.

Da primitiva igreja de Santa Cruz traçada por um tal Roberto(1), pouco resta hoje em dia, para além de uns arcos que ainda são visíveis no interior da igreja e que pertenciam ao Narthex. Desta construção mais antiga é visível, na fachada, a pedra amarelada da Mesura, Santa Clara.
O professor Nogueira Gonçalves fez a reconstituição daquilo que seria a igreja primitiva onde, para além do Narthex já referido e que tinha, num piso superior, os túmulos dos dois reis fundadores da nacionalidade, existia uma capela-mor cuja planta seria coincidente com a actual, com duas capelas colaterais e que remataria a nave da Igreja.
Um facto curioso - No tempo de D. Manuel, quando este por ali passou a caminho de Santiago de Compostela, a igreja ameaçava ruína o que levou o rei a mandar deitar a igreja abaixo e levantar outra em seu lugar, para dar sepultura condigna aos primeiros reis de Portugal. Para além disto também as instalações do mosteiro foram beneficiadas e aumentadas, passando a ocupar uma área que se estendia até ao actual Jardim da Sereia (que ficava dentro da cerca do mosteiro).
Este facto não foi, todavia, tão inocente como parece, pois o rei, sabendo que o Papa queria nomear Prior de Santa Cruz um sobrinho, o Cardeal Galiotto Franciotto la Rovere, que assim poderia beneficiar das rendas do Mosteiro (um dos mais ricos de Portugal) sem nunca cá pôr os pés, decidiu mandar restaurar o Mosteiro.
Assim D. Manuel sem afrontar o Papa, comprometeu as receitas do Mosteiro com as obras, fazendo o sobrinho do Papa perder o interesse pelo priorado.
Desta reconstrução é todo o portal em pedra branca de Ançã.

(1) Que também é o responsável pelo edifício da Sé Velha.
PS: Hoje é dia 25 de Abril e, embora tendo decidido não escrever um post sobre o 25 de Abril, não posso deixar de recordar a data que nos trouxe a liberdade e a democracia e de que alguns se tentam apropriar, como se essa data só a si dissesse respeito.
VIVA O 25 DE ABRIL

14 comentários:

Sei que existes disse...

É uma Igreja bem bonita!
Beijos

Moura disse...

Gostei do post e das suas curiosidades...mas acabo por destacar o PS que se refere ao 25 de Abril. Começo a fazer parte daquele grupo que acha pertinente relembrar a importância sobre esta data, pois dada a apatia e consciência cívica de grande parte dos portugueses, para não cair na tentação de discursos populistas que ainda fazem renascer velhas ideias e ideais que nos levaram por maus caminhos.
Um abraço

Tozé Franco disse...

Para mim o 25 de Abril é uma data fundamental. No entanto, por uma questão "editorial" (ena! ena!) decidi continau a postar sobre Coimbra.
Estou a preparar um sobre o 1º de Maio, em Coimbra.
Um abraço.

Anónimo disse...

Venho aqui desvendar mais um pouco sobre a história de Coimbra e acabo por provar arroz de lampreia, coisa que nunca tive oportunidade de apreciar.

Um abraço e uma saudação especial para comemorar o dia de hoje.

aminhapele disse...

Tózé:os seus postes continuam interessantíssimos,mesmo para mim:que aos 3 meses e até ao ano 70,vivi sempre em Montarroio.
Gostei do seu PS e espero a "reportagem" sobre o 1ºde Maio.
Um abraço.

Codinome Beija-Flor disse...

Estou descobrindo aos poucos o seu blog.
E aprendo cada dia mais.
Parabéns

Maria disse...

O 25 de Abril é de todos nós. Pertence-nos.
Aos que participam e festejam e aos que ficam em casa.
Respeitemos a posição de cada um e só assim seremos respeitados.

Devo dizer-te que saio para a rua todos os anos, no 25 de Abril e no 1º de Maio.
Porque sinto estas datas de uma forma muito intensa.
Porque é tempo de Festa.
Porque se ficar em casa sufoco.

Um abraço

Jorge P. Guedes disse...

Moura, Chanesco, A minha pele, tanta gente boa por aqui...
bem me dizia o rui L, a minha(dele) pele, que valia a pena ir ao blogue do Tozé.

Finalmente cá cheguei, depois de andar em roda-viva, que não gosto de deixar nenhum amigo sem resposta.

Gostei, claro! Achei um piadão á história do esperto rei e fiquei a saber mais umas coisas sobre Santa Cruz.
Tempo, portanto, curto mas nem empregue!

Um abraço do sineiro.

Cristina Seabra Ferreira disse...

Querido Tó Zé

Em primeiro lugar gostei de ficar a saber mais umas coisinhas sobre o "nosso" mosteiro, sobretudo essa da finta que o rei fez ao papa ;-)
O QUE É "NARTHEX" !? DESCULPA A MINHA IGNORÃNCIA :(

Ao contrário de ti, e como reparaste, o meu "megapost" é inteiramente dedicado a um ideal que constato ser quase inexistente, não só nos mais novos, como nos mais velhos, especialmente aqueles que elegeram Salazar como "o maior português de sempre" - não consigo entender este facto, nem mesmo com explicações sociológicas. Posso até admitir que ele tenha sido eficaz a lidar com algumas questões (as finanças por exemplo) - se os especialistas o provarem. Daí a considerar um ditador como um "grande" português...será que os votantes eram todos idosos pouco informados?
Os meus pais, como muitas crianças da mesma geração, passaram das piores privações que se podem ter (fome, frio,parasitas, doenças, etc), sobreviveram pela lei da selecção natural,começaram a trabalhar ainda crianças e não tiveram hipótese de desenvolver plenamente o seu potencial genético (refiro-me, por exemplo, à estatura) nem as suas potencialidades cognitivas e criativas. A minha avó paterna era filha de um homem abastado, que teve 6 filhos com a minha bisavó- que nada herdaram por serem "ilegítimos" apesar de terem o sobrenome dele- vá lá, não serem de pai incógnito...). O meu bisavô era viuvo e nunca chegou a casar com a minha bisavó, de condição social "inferior". O meu avô paterno era padre, quiz deixar de o ser e fizeram-lhe a vida negra (anos 20-30 do século passado) até ele desistir por não arranjar trabalho e ser obrigado a deixar a mulher e as três filhas. Sinais dos tempos. Devo ter pra aí uns primos abonados que nem conheço ;)
Aquele email que a nossa amiga Ana enviou acerca dos presos e mortos pela PIDE diz muito do resto.
Quem fez o 25 de Abril, nomeadamente Salgueiro Maia e seus homens, fê-lo em nome de valores nobres e não por outros interesses obscuros. Havia pureza e legitimidade nesta atitude que pretendia salvar vidas humanas (refiro-me à guerra colonial e não só) e restaurar a dignidade de um povo miserável, em todos os sentidos. Muitos perverteram o 25 de Abril, quer à esquerda, quer à direita. Também há muitos que usam símbolos da revolução só para "armar", sem se identificarem na sua conduta com os ideais de Abril, intemporais e universais.
Urge refazer a forma como se ensina (?) e assinala o 25 de Abril. Cada um que o passe como entender, sim senhora (eu não saí ontem, mas deu-me alegria imensa colocar cravos vermelhos na minha jarra esta semana!), mas então que os factos históricos sejam do conhecimento de todos.
Tu terás talvez a dupla responsabilidade (como pai e professor de história), e simultaneamente o privilégio, de passar aos miudos o verdadeiro significado desta data.

beijinhos e continua a contar-nos mais histórias

P.S. gostei dos teus argumentos editoriais, sim senhor! Um verdadeiro e coerente cronista do seu blogue ;-)

aminhapele disse...

Como bem diz,Tózé,hoje é dia de lembrar GUERNICA.
Um grande senhor,EUGÉNIO DE ANDRADE,disse isto:
"Compacto
cego

ao ar
falta-lhe só o gume."

Um abraço.

Mikas disse...

Temos monumentos deveras bonitos :-)

Tozé Franco disse...

Cara Cristina:
O Narthex situa-se no exterior do edifício. Caracteriza-se como um pórtico ou átrio aberto através de colunas ou arcos e que se estende diante da edificação central. Era usado para julgamentos e outros acontecimentos públicos e, a partir do século VI, também como local de enterro.
Quer isto dizer que, originalmente, Santa Cruz possuia um espaço destes onde hoje é a fachada da Igreja e que ainda é visível nas paredes interiores por baixo do Coro Alto.
Um abraço.

Enfim... disse...

não conheç pessoalmente mas pelas fotos é bem bonita

Bjokas e bom fim semana

Anónimo disse...

ler todo o blog, muito bom