terça-feira, 26 de junho de 2007

Os "americanos" e os eléctricos

Carro "Americano" - Museu de Massarelos, Porto"Americano" circulando no Porto
Americano puxado por duas mulas
Interior de um "Americano" exposto no Mueu de Massarelos, Porto
Eléctrico subindo a Avenida Sá da Bandeira, Coimbra, pela equerda (influência inglesa)
Eléctrico na mesma zona do da fotografia anterior, mas já circulando pela direita.

Estação Nova. Com a chegada do comboio acabou a 1ª linha de "Americanos" em Coimbra
Trólei da 1ª linha conimbricense (nº 6 - Santa Clara)


O Americano surgiu nos EUA em 1834. Era um meio de transporte colectivo que se deslocava sobre carris, puxado por mulas.

Em Coimbra, por iniciativa privada, surgiu em 1874, a companhia Rail Road Conimbricense que explorou a primeira linha de sistema americano que ligava a calçada (actual Ferrira Borges) e a Estação Velha.

A duração desta ligação durou pouco tempo (encerrou em 1887) porque, em 1885, o comboio passou a ligar a Linha do Norte e a Estação de Coimbra A (Estação Nova).

Em 1904 (1 de Janeiro), surgiu uma segunda tentativa ligando a baixa à Universidade que, mais uma vez, fracassou, pois a inclinação do caminho dificultava a progressão das viaturas puxadas por mulas. O serviço fechou 1 de Janeiro de 1911. A título de curiosidade diga-se que no Porto, que foi a primeira cidade peninsular a ter eléctrico, em 1895, os "americanos chegaram até 1960.

Em 1911, surge então a 1ª linha de eléctrico, sendo Coimbra a 4ª cidade portuguesa a ser servida por tal meio de transporte, depois do Porto, Lisboa e Sintra.

Até à década de 40, altura em que apareceu o primeiro trólei, os transportes da cidade foram dominados pelos eléctricos.

Com achegada dos tróleis e o aumento do trânsito foi diminuindo o número de linhas até que em 1 de Janeiro de 1980 terminaram as duas linhas que ainda existiam: a 4 que ligava Portagem a Celas e a 3 que ia até aos Olivais.

Desde essa data, só no museu da Rua da Alegria é possível ver os eléctricos, parados, pois nem um pedaço de linha ficou para que pudessem circular em dias festivos.

Esperamos agora pelos eléctricos rápidos, que, fazem-nos acreditar, resolverão todos os problemas depois de termos despachado esses simpáticos veículos, nos quais ia até ao Liceu D. João III (José Falcão depois do 25 de Abril), nos meus tempos de estudante.

18 comentários:

Pitanga Doce disse...

" O amarelo da Carris..." Acho tão charmoso! No Rio não há. Só os de Santa Teresa mas é local.

abraços

Al Cardoso disse...

Um excelente artigo e fotografias, a recordar-nos uma epoca e um meio de transporte, utilizado nas cidades.
Parabens pela iniciativa.

Um abraco d'Algodres.

Nuno disse...

Pelo que eu já ouvi dizer, esses eléctricos que estão no museu nem se encontram em boas condições. Estão completamente votados ao abandono. É pena...

Mas tens aqui excelentes fotografias!

poeta naïf disse...

Para nós Coimbrões Quarentões, é uma nostalgia recordar a meninice e adolescência a correr atrás dos eléctricos ou a saltar com eles em andamento antes das paragens. Era o nosso desporto radical.Um toque para parar, dois toques para andar. O tempo vai-se...
Quem leu os Maias há-de lembrar-se que é com os dois amigos Carlos da Maia e João da Ega a correrem atrás de um "americano" que termina este romance do Eça.

aminhapele disse...

Bonito.
Andei à procura de uma fotografia,aqui em casa,de um "americano" na Figueira da Foz.
Não encontrei hoje.
Quando encontrar envio-lha.
Um abraço.

Teresa David disse...

Lembro-me quando era menina e ia com minha mãe ao Porto visitar a família dela que por lá habitava, de andar nos eléctricos. Adorova particularmente ir até á Foz olhando as praias ou até Matosinhos.
Em Lisboa, onde nasci e vivi até aos 27 anos, era um passeio que me dava prazer na meninice ir com o meu pai do Terreiro do Paço até Álgés para visitar o Aquário Vasco da Gama no Dafundo e depois lanchar nas esplanadas.
Recordações agradáveis que o seu post me trouxe!
Bjs
TD

A Professorinha disse...

Nunca andei de electrico, acreditas??? Quando ia a Lisboa olhava cheia de curiosidade para aqueles comboios no meio da estrada e achava aquilo meio estranho... Hoje já não há muitos...

Professor Vieira disse...

'
Caríssima Exelência,

Gostei muito muito
de "rever" estas imagens já por muitos esquecidas ou, no caso dos mais novos, nem sequer imaginadas.

Também eu adorava andar de eléctico...

o FAMOSO 4...
o 3...
o 7...

Quantas e quantas viagens...

"Apanhávamos" o eléctrico 4 na "Baixa" ou naquela paragem minúscula e feia em frente à Manutenção Militar...
subíamos até à Conchada e, daí, seguíamos até Celas...

Bons velhos tempos!!!

Lamento que o falecido Dr Mendes Silva tenha tomado tão errada decisão:

extinguir os eléctricos em Coimbra!

quando ainda hoje se constroem óptimas redes de transportes com eléctricos como a de Barcelona ou de Montpellier...

Um Abraço
'

morenocris disse...

Que lindas imagens, Tozé. E a pesquisa, então!

Nota 10 pra vc!

Beijinhos.

olho_azul disse...

Bom, não sou a única que nunca andei de eléctrico! (para os meus lados não existem...)

Bom fim de semana

Um abraço

Tozé Franco disse...

Cara Pitanga:
Em Coimbra também eram amarelos, mas não eram da Carris.
Quanto aos do Rio, com gande pena minha, só conheço da televisão.

Caro Al:
Com a nossa esperteza, até andámos a vender os do Porto para São Francisco, pois queriam acabar com eles na cidade. Era antiquado.


Caro Banjix:
Gostava de fazer uma viagem num daqueles abertos, tipo os de Sintra para a Praia das Maçãs, a ouvir-vos tocar ao vivo. Viva o Dixieland.

Caro Poetanaif:
Um dos maiores trambolhões da minha vida, dei-o a praticar esse desporto radical,quando ia para o Liceu.

Aminhappele:
Já vi umas fotografias desse "americano", numa altura em que ainda não pensava vir a escrever nada disto.

Cara Teresa:
Como já não ha electricos em COimbra, no outro dis, em Lisboa, tentei andar num daqueles vermelhos, turísticos, e pediram-me 34 euros, o que me ia causando um ataque cardíaco. Acabei por não ir pois não gosto de me sentir roubado.

Cara Professorinha:
Há sempre uma primeira vez para tudo.

Caro João Vieira:
Restam-nos as memórias desses tempos.

Cara Cris:
è sempre um enorme prazer receber a sua visita.

Cara Olho Azul:
Há sempre uma 1ª vez para tudo.
Com os alunos já andei várias vezes entre Massarelos e a Foz, no Porto. É uma visita bem interessante, incluindo o Museu.

Tozé Franco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria disse...

Verdadeiros tesouros, o que nos deixas aqui, Tozé.
Obrigada....

Bom fim-de-semana

Codinome Beija-Flor disse...

Tozé,
Às vezes tenho a sensação de que vivo na época errada, de não é esse o meu tempo, sempre que venho aqui, me sinto mais parte do passado do que do futuro.
Lindo seu post.
Abraços

Clarice Baricco disse...

Qu� encanto de im�genes. Me recordaron la ni�ez.
Ya casi no se ven los tranv�as.

Agradecida por tu visita.
Un placer conocerte.

Citadino Kane disse...

Tozé,
História pura!
Muitas informações meu amigo, grande contribuição sobre a cultura portuguesa.
Abraços,
Pedro

by mghorta disse...

Outros tempos, aqueles que ainda tive o prazer de ter, a beleza e a utilidades destas preciosidades, as aventuras que deram a muitos, alegrias sem conto.
Muito se conta sobre estes meios de locumoção, até aquela do alentejano ter ido á capital, foi á capital, bem podia ser a Coimbra.

Foi ao polícia mais próximo apresentar queixa de que lhe tinham roubado a mula.
- Diga-me lá onde a deixou.
- Snr guarda, deixeia presa numa casa amarela...

Parabéns pelo contributo de fazer conhecer um pouco de nossos tempos maravilhosos. :)

Anónimo disse...

Hallo.
Ich mochte mit Ihrer Website historiasesabores.blogspot.com Links tauschen