Estórias Curiosas - IV (Milagre das Rosas)
Um dos milagres que toda as pessoas atribuem à Rainha Santa é o Milagre das Rosas.
No entanto, penso que os principais motivos da sua santidade se devem ao amor que nutria pelos pobres e à luta que travou para pôr fim as guerras que marcaram os reinados do seu marido (D. Dinis) e do seu filho (D. Afonso IV). Deveria, por isso, ser reconhecida com Rainha da Paz.
De facto, o milagre original (das rosas) deve ser atribuído a uma sua tia-avó, Isabel da Hungria (imagem da direita). Esta Isabel, que foi rainha regente da Hungria, também se celebrizou pelo seu amor aos pobres, tendo sido acusada de má gestão e afastada do poder.
Viveu três anos em total pobreza, até que lhe quiseram restituir o poder, o que ela recusou pois apreciou viver na miséria, seguindo o exemplo de uma Ordem Religiosa nascente, a Franciscana. Não nos podemos esquecer que, nesse tempo, era grande a admiração por S. Francisco de Assis com que ela, aliás, se correspondeu. Morreu em 1231, tendo sido canonizada 4 anos depois.
Quando a sua sobrinha-neta nasceu em 1270, era grande o fervor franciscano e o culto de sua tia, daí a escolha do nome. Herdou-lhe o nome e depois o dito Milagre das Rosas, que a pintora Maria Clarice Sarraf tão bem retratou no quadro da esquerda.
Depois de, por várias vezes, ter evitado situações de guerra eminente, acabou por falecer em Estremoz, no dia 4 de Julho de 1336, depois de evitar mais uma guerra entre Portugal e Castela. Logo aí começa a sua fama de Santa não sendo por isso de admirar que, em 1516, D. Manuel tenha solicitado ao Papa Leão X, autorização para se poder fazer o seu culto religioso em Coimbra. Fo canonizada pelo Papa Urbano VIII em 1625.
Curioso é que no já referido ano de 1516, tenha D. Manuel concedido a Coimbra a divisa da cidade que conhecemos (a tal da princesa Cindazunda).
E se fosse mesmo a Rainha Santa Isabel a figura central do Brasão da cidade de Coimbra?
Autora do quadro representando a Rainha Santa Isabel: Maria Clarice Sarraf
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