Estórias de Montemor-o-Velho
Ontem, passei em Montemor-o-Velho e lembrei-me de 3 estórias relacionadas com essa vila e que partilho convosco:
Nos tempos conturbados da Reconquista, habitava no Castelo de Montemor um abade de nome João. O Abade tinha um familiar de nome Garcia Janes que se terá passado para a fé inimiga, ou seja, o islamismo. Em Córdova, o Califa local deu-lhe um exército enorme com o qual veio atacar Montemor-o-Velho. O Abade João e os soldados do Castelo defenderam-se como puderam mas, perante tantos inimigos, cedo se aperceberam que a resistência teria o tempo contado. Numa atitude desesperada, o Abade mandou degolar os velhos, as mulheres e as crianças para que ninguém caísse vivo nas mãos dos inimigos. Ele e os homens válidos saíram então pela porta principal do Castelo para morrer lutando com as armas nas mãos. Curiosamente, o ataque desesperado foi tão forte que o exército muçulmano foi completamente destroçado. Acontecera o impensável: os cristãos eram vencedores mas tinham ficado viúvos, sem pais e sem filhos. Voltaram então ao Castelo, em desespero, pedindo perdão a Deus pela sua atitude e por não terem acreditado na Sua força. Foi nessa altura que aconteceu o grande milagre: todos os degolados ressuscitaram e a vida retomou o seu curso normal. No entanto, todos eles ficaram com a cicatriz no pescoço para que o episódio não fosse esquecido. A lenda ainda não acaba aqui, uma vez que, depois desta vitória, resolveram perseguir o inimigo tendo morto mais de 70 mil mouros, até chegarem a um sítio onde o Abade João terá gritado "Cessa! Cessa", pois entendia que deveria acabar ali aquele ataque. Por isso, esse lugar recebeu o nome de Seiça e foi aí que o Abade João foi enterrado. Os milagres continuaram e chegaram a ser presenciados por D. Afonso Henriques que, muitos anos depois, pode verificar que as ossadas do Abade João mediam 11 palmos, ou seja, afinal o Abade era um gigante.
Uma tradição muito antiga diz-nos que, no fundo de uma cisterna do Castelo de Montemor-o-Velho, estão duas arcas iguais fechadas.
Conta-se que uma está cheia de ouro e outra cheia de peste.
Todas as pessoas que, até hoje, as encontraram não tiveram coragem de as arrombar, pois corriam o risco de abrir a da peste.
Actualmente, continuam bem escondidas.
Penso que esta lenda tem uma relação estreita com o Mondego, pois também o rio significa o ouro e a peste.
Às portas de Montemor vinham os fenícios comerciar (há vestígios junto ao monte de Santa Eulália), ou seja, chegava o ouro das trocas comerciais.
Mas o mesmo rio trazia as cheias com as desgraças habituais e toda uma série de doenças associadas à cultura do arroz como o tifo, a malária e o paludismo que dizimava as populações.
Por estes motivos se dizia que só trabalhava no arroz quem não tinha mais sítio nenhum onde trabalhar. Todos aqueles que podiam, fugiam do trabalho nos arrozais.
A partir do século XIX, com os avanços na Medicina e na Química tudo se alterou e essas doenças desapareceram do Baixo-Mondego.
Conta-se que uma está cheia de ouro e outra cheia de peste.
Todas as pessoas que, até hoje, as encontraram não tiveram coragem de as arrombar, pois corriam o risco de abrir a da peste.
Actualmente, continuam bem escondidas.
Penso que esta lenda tem uma relação estreita com o Mondego, pois também o rio significa o ouro e a peste.
Às portas de Montemor vinham os fenícios comerciar (há vestígios junto ao monte de Santa Eulália), ou seja, chegava o ouro das trocas comerciais.
Mas o mesmo rio trazia as cheias com as desgraças habituais e toda uma série de doenças associadas à cultura do arroz como o tifo, a malária e o paludismo que dizimava as populações.
Por estes motivos se dizia que só trabalhava no arroz quem não tinha mais sítio nenhum onde trabalhar. Todos aqueles que podiam, fugiam do trabalho nos arrozais.
A partir do século XIX, com os avanços na Medicina e na Química tudo se alterou e essas doenças desapareceram do Baixo-Mondego.
Maiorca é uma povoação localizada na base do monte de S. Bento, na margem de uma ribeira que desagua no rio Foja.
A história que conta o seu nome é uma curiosidade etnográfica.
O nome teria surgido devido à rivalidade com a vila situada no lado oposto da planície aluvial do Mondego: Montemor.
Os habitantes de Montemor diziam que o seu monte era o maior (mor), ao que os de Maiorca retorquiam, dizendo: Maior é o de cá!
Entretanto, com o passar dos anos Montemor viu o seu nome aumentar para Montemo-o-Velho, quando a reconquista avançou para sul e foi conquistado um outro Montemor que, por ser terra recente, se passou a chamar Montemo-o-Novo.
A história que conta o seu nome é uma curiosidade etnográfica.
O nome teria surgido devido à rivalidade com a vila situada no lado oposto da planície aluvial do Mondego: Montemor.
Os habitantes de Montemor diziam que o seu monte era o maior (mor), ao que os de Maiorca retorquiam, dizendo: Maior é o de cá!
Entretanto, com o passar dos anos Montemor viu o seu nome aumentar para Montemo-o-Velho, quando a reconquista avançou para sul e foi conquistado um outro Montemor que, por ser terra recente, se passou a chamar Montemo-o-Novo.
22 comentários:
O castelo de Montemor-o-Velho é muito bonito e as paisagens que se avistam de lá são fantásticas. Há uns meses atrás, ao passar por lá, decidi fazer uma incursão até lá acima, para fazer uma visita. Devo dizer que foi tempo bem empregue. E estas histórias que contas, não conhecia nenhuma! Obrigado por partilhares os teus saberes. E os sabores também, claro. :)
Um abraço,
Nuno.
Gostei da história de "monte maior".
Gostei menos das cores que escolheu para o texto...
Para mim,eram difíceis de leitura.
Um abraço.
Tozé,
É impressionante a fé cristã...
Degolar e ficar só a cicatriz?
Um ótimo carnaval!
abs
Tozé, as lendas são lendas, mas isso bem que daria um filme de terror.
Que paisagem fantástica! Belas fotos.
Já lá estive e gostei.
Bonitas histórias e fotos!
Beijocas grandes
Depois destas fotos só me resta uma coisa: visitar este Montemor, onde eu nunca fui! Já está agendado!
Um abraço!!!
É um castelo lindo e muito bem restaurado!
Obrigada por nos ensinares estas histórias.
beijinhos
Já passei tantas vezes pelo castelo e nunca fui lá. Vou anotar no próximo roteiro.
2007??? Boa "safra"! Pelo menos pra mim!
abraços daqui
Ah! Tozé,
Você e suas maravilhas.
E eu só me perguntando: "quando é que vejo tudo isso de perto?"
Abraços
Ora aqui está mais um sítio para pôr na minha lista de "A visitar". As fotos estão lindas...
Beijos
Olá Nuno.
Vale bem a pena subir ao Castelo pois a vista compensa.
Um abraço.
Olá Aminhapele.
Vou ter a recomendação em conta.
Um abraço.
Olá Pedro.
Nessa altura os milagres bundavam, ao contrário de hoje que são cada vez mais escassos.
Um abraço.
Olá Clarice.
Eram estórias bem interessantes, ao contrário de algumas que vemos, hoje, por aí.
Um abraço.
Olá Sei Que Existes.
Ainda bem que gostaste.
Um abraço.
Olá Sofá Amarelo.
Acredita que vale bem a pena.
Um abraço.
Olá Gata Verde.
É realmente um lugar bonito.
Um abraço.
Olá PItanga.
Da próxima é subir e verá que não se arrepende.
Um abraço.
Olá Beija-flor.
O castelo está à sua espera.
Um abraço.
Olá Professorinha.
Fica à beira do IP3. Verás que vale a pena.
Um abraço.
Ora boas caro Tozé Franco!!
Como habitante de Montemor aqui fica uma pequena ajuda a nível fotográfico!
http://www.flickr.com/photos/e-breda/sets/72157612725895170/
todas as fotos foram tiradas na região de Montemor, capela de Santa Eulália, Castelo de Montemor, entre outras fotos…
um abraço
Olá Breda.
Já fui visitar o site que me indicou e encontrei fotografias bem bonitas.
Obrigado.
Um abraço.
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