quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Salamanca - Lunes de Aguas

Hornazo
Uma das mais curiosas estórias de Salamanca é a relacionada com a festa “Lunes de Aguas”, que se celebra a seguir ao Domingo de Pascoela e que punha fim à abstinência dos dois tipos de carne: a animal e a carnal.
A origem desta festa remonta ao tempo do Infante D. João, príncipe de Salamanca, filho dos reis Católicos, que concedeu autorização para a abertura de uma casa de prostitutas na cidade.
Nessa época, Salamanca fervilhava de estudantes universitários, coisa que ainda hoje acontece, pois aos 160 000 habitantes da cidade, somam-se 41 000 estudantes universitários.
Voltando à história, nessa altura, a prostituição era tolerada e estava mesmo regulada legalmente. Com tantos homens na cidade, os estudantes eram todos homens, não era de admirar que o número de prostitutas fosse grande.
Havia, no entanto, limitações legais à prática da prostituição: não podia ser exercida por mulheres naturais de Salamanca, nem por casadas, nem por mestiças.
Havia uma outra limitação imposta pela Igreja: na Quaresma as prostitutas deviam abandonar a cidade atravessando o rio Tormes para a margem esquerda. Essa viagem era supervisionada por um padre, para que tudo corresse bem, e era feita em silêncio.
Pelo contrário, no regresso, que ocorria na Segunda-feira (Lunes, em Espanhol), havia festa.
Os barcos, em que as prostitutas, acompanhadas por um padre a quem davam alcunha de Padre P****, atravessavam o rio Tormes, vinham enfeitados com ramos de flores (daí o nome rameiras) e eram recebidas com música e em grande festa pela população que as ia receber às margens do rio.
Hoje, a data continua a ser feriado e praticamente toda a cidade pára, saindo os seus habitantes para realizar piqueniques no campo, onde se come o tradicional Hornazo, espécie de empada com presunto, lombo e chouriço de porco, que servia para pôr fim à abstinência da Quaresma.
Dizem os salamantinos que Salamanca é a província dos porcos (no bom sentido, dizem eles!).
Uma expressão curiosa relacionada com esta estória é a que usam os salamantinos quando querem dizer que estão sem dinheiro: “Estou mais teso que uma p*** na Quaresma”.

16 comentários:

Anónimo disse...

Curiosa história.

Feliz Ano Novo.

ManuelNeves disse...

Viva!
Bonita estória na história de Salamanca.

Um Abraço

maria disse...

Incrivel!!
:)
Que história fantástica! e os contornos legais da coisa, os jeitinhos da naturalidade, da cor e do estado civil...

Eu, que sou uma verdadeira "agarrada" a histórias... estou a ver que vou ter de vir "saborear" aqui este blog com regularidade!
;)

Anónimo disse...

Bonita e ilucidativa historia!
Ora ainda bem que me ensinou qual e a origem do nome: "rameira"!

So que nao havia necessidade de nao chamar os "bois pelos nomes", creio que somos todos (ou quase) adultos!

Um abraco fornense.

Teresa David disse...

Mais uma história que desconhecia, neste caso, sobre uma cidade que amiúde visitei, alguns anos atrás, e que até tenho saudades de voltar. Que bom poder continuar a ler por aqui estas curiosidades que aumentam a nossa cultura geral.
Obrigada por isso.
Bjs
TD

Nuno disse...

A história é interessante, o Hornazo tem um aspecto deveras delicioso e Salamanca é uma cidade lindíssima. Não tenho dúvida de que é um destino de visita a não perder.

Obrigado por partilhares estes teus conhecimentos connosco.

Um abraço,
Nuno.

Anónimo disse...

Caro Tozé: Passei para ver como ia o Ano Novo, e com agrado constato que a qualidade é a de sempre, igual ao ano anterior, sendo imprescindível vir aqui. Resta desejar Bom Ano e óptima semana, e já agora, faça o favor de ser feliz.

Anónimo disse...

Já conhecia essas curiosidades de Salamanca...mas não me recordava onde tinha lido! Agora quando precisar...está mais acessivel!
Um abraço

Anónimo disse...

Olá Tozé
Está visto que é uma volta obrigatória passar por ese sítio sempre que se vem fazer o circuito da internet. Às vezes somos arrastados pela corrente mas neste caso nem é preciso.
Rameiras...ok quanto à origem da palavra. Gracias!
-
Um abraço (já reparou na data do post?)

Marta Vinhais disse...

Interessante descobrir novas histórias sobre uma cidade carregada de história.
Obrigada pela partilha e pela visita ao Minha Página.
Beijos e abraços
Marta

Anónimo disse...

Obigado To mas eu cada vez que aqui passo acredita que me enrriqueço com toda a tua mostra de cultura sobre a vivencia e cultura de outros paizes e outras cidades que não a nossa mas...
O pior é k vou daqui sempre desalmada com fome lol
evita as fotos da comidita hehehe
é que lá se vai a dieta :)
estou a brincar está sempre o must o teu blog.PARABÉNS
e um ABRAÇO

Anónimo disse...

...e que o vento possa levar-lhe uma voz que lhe diz que há um Amigo ou Amiga em algum lugar do Mundo
desejando que você esteja bem!!!
Para ti amigo que conheço e para ti amigo que não sei quem és,um Feliz e Mágico 2007 !!!
Obrigada por visitar meu espaço,seja sempre bem vindo!!!

Kalinka disse...

Depois da azáfama dos presentes de Natal, da caminhada desenfreada e decrescente para o Ano Novo, chega, sereno e mansinho o dia de Reis. Mas desde o dia 25 de Dezembro até ao dia 6 de Janeiro, há uma tradição que é genuinamente portuguesa, o cantar das Janeiras…

É maravilhoso ver os inúmeros grupos de pessoas que saem à rua, com frio, gelo e em alguns sítios até mesmo neve, para cumprir a tradição. Para ir de casa em casa, de porta em porta, de família em família, apenas para cantar e louvar os reis que visitaram o Deus-Menino.

É importante manter estas tradições que são tipicamente portuguesas, onde se cultiva o convívio e a alegria.

Abraços sempre.

Elsa Sequeira disse...

Olá!!!

Que história linda!!
Obrigado por me a dares a conhecer!!!

Tudo de bom!
:))

Anónimo disse...

Espectacular. Boa história. Obrigada pela partilha. Sempe me perguntei porque é que eram "rameiras"! E agora vou adoptar essa expressão, só para poder contar esta história!

Bj.

butterfly disse...

Muito interessante a história, associada à mais velha profissão do mundo:)
Um abraço