sábado, 8 de setembro de 2007

Por acaso...

Hoje fui ao Porto, ou melhor precisando melhor, a Matosinhos.
Motivo: ir à Exponor a uma feira de decoração e utilidades par casa.
Mas nada como matar dois coelhos, neste caso três, de uma cajadada.
Já que tinha de ir à Exponor, aproveitei para ir comer ao Serrão, em Matosinhos, onde se come a melhor sardinha assada do mundo e arredores.
Depois disso, resolvi rever o Mosteiro da Leça do Balio e fui "apanhado" por uma feira medieval que, amanhã (Domingo , 9 de Setembro), incluirá uma reconstituição do casamento de D. Fernando e D. Leonor Teles.
Duas coisas sobre a feira: impressionou-me pelo tamanho mas desiludiu-me por alguma falta de rigor histórico (ginja em copos de chocolate, cerveja de pressão com as máquinas à mostra, personagens medievais de sapatilhas, relogios, etc.)

A propósito desta visita partilho convosco um pouco do que sei sobre o local e sobre o referido casamento:
Balio provem de bailio, palavra hoje em desuso, mas que significa comendador, isto é membro de uma Ordem Militar que beneficiava dos rendimentos de uma comenda. Leça, como sabemos, é nome de rio (lembrem-se do porto artificial de Leixões, construído na foz desse rio).
O templo que dá fama à terra (Igreja dos Hospitalários de Leça do Balio) é de estilo gótico e aparece já referenciado em 1003, mas existe, pelo menos, desde o século anterior. A sua história está intimamente associada à Orde Religiosa-Militar que aqui se fixou no século XII e escolheu este Mosteiro como a sua primeira sede em Portugal: os Cavaleiros de S. João de Jerusalém, conhecida também como Ordem do Hospital.
Por aqui passava um dos Caminhos de S. Tiago, dando o Mosteiro apoio a gerações e gerações de peregrinos.
Neste templo passou-se um episódio importante da nossa História, pois foi aqui que se casaram D. Fernando, último rei da primeira dinastia, e D. Leonor Teles, casamento muito contestado, por Leonor estar já casada com João Lourenço da Cunha e representar os interesses da alta nobreza.
É lógico que o casamento só teve lugar porque o bispo de Coimbra havia anulado o primeiro casamento de D. Leonor, a pedido do rei. Curiosamente Coimbra teve três (?) bispos nesse ano.
A seguir ao casamento teve lugar o tradicional beija-mão.
O primeiro a fazê-lo foi D. João, filho de Inês de Castro, candidato ao trono de Portugal, mas que há-de vir a ser vítima da cunhada a quem acabara de beijar a mão.
Seguiu-se D. Dinis, o segundo filho de Inês de Castro, que, embora chamado pelo rei, se recusou a beijar-lhe a mão, afirmando, “Que ma beije ela a mim!”. Só não foi morto pelo irmão (D. Fernando) devido à intromissão de dois fidalgos, mas a sua vida política em Portugal estava terminada, tendo de se refugiar em Castela.
O seu irmão, D. João, segui-lo-ia, no exílio em Castela, algum tempo depois.


Mas essas são outras histórias de que falaremos um dia destes...

18 comentários:

Páginas Soltas disse...

Toc toc... Posso entrar??

Já cá estou!!

Senti curiosidade... Li um comentário seu algures.

Claro que gostei do que encontrei!

Muito mesmo!

Ahhhh.... Estive a ver o seu perfil... e fiquei encantada com os filmes que elegeu... Exactamente
os meus eleitos!Bom Domingo

Abraço

Maria Valadas

morenocris disse...

Lindas imagens !

Conheço um pouco dessa área !

Beijinhos.

Anónimo disse...

"No escuro nada via perdido fiquei
Seria eu Homem ou apenas menino"

Aqui deixo o convite para visitares o meu humilde albergue .

Uma boa semana .

bettips disse...

Salto, de recordação em passeio, ao passar por esta casa amiga. E coincidências... (Barcelona, o Serrão). Um gosto, sempre! Abç

Maria disse...

Vi na televisão a reportagem. Nunca assisti a uma feira medieval, e afinal aqui com a de Óbidos tão perto....

Um abraço

Chanesco disse...

Meu caro Tozé

Por acaso, ...nem de propósito.
Só faltava o copo d'água ser no Serrão.
Mas agora a sério uma aula de história dada a rigor.
E por falar em rigor, no dito rigor histórico referido no texto, assistimos por vezes, em espectáculos bem preparados, ou mesmo filmes, a passagens bem caricatas.

Um abraço aqui da Raia

Unknown disse...

Antes de deitar é sempre bom viajar e assim vou sonhar :))
Beijinhos

Al Cardoso disse...

Muito interessantes essas historias que eu ja conhecia embora que superficialmente. Tambem sou a favor de muito mais rigor nestas "representacoes medievais"!

Ca fico a espera dos proximos capitulos dessas historias.

Um abraco amigo d'Algodres.

Citadino Kane disse...

Amigo Tozé,
Vou ficar esperando o complemento das histórias.
Um forte abraço,
Pedro

Ana Ramon disse...

É sempre bom aprender-se mais umas coisas da nossa História. Mas em relação ás feiras medievais, é como dizes, há pouco rigor histórico. Há uns meses fui a uma perto de Miranda do Corvo e também fiquei decepcionada com os erros históricos ao ligarem as vestimentas e objectos medievais com outros da actualidade, provocando confusão principalmente nos mais novos.
Ficamos todos à espera de mais histórias da História.
Um beijinho

Cristina Seabra Ferreira disse...

Tó Zézito enganei-me e deixei o comment fora do sítio (Polinésia heim???:))), outro post mas o mesmo blog- tudo em família :)))
Não me "batas" mas acreditas que ainda não vi o "José"? Na verdade há muito que não vejo DVDs dos meus filmes nem dos musicais- vá lá, vá lá, ainda vi o Jesus Christ Superstar...
Quando tiveres pachorra hás-de indicar-me por favor os nomes daqueles grupos musicais que descobres e colocas aqui no site (world music :)
beijinhos e tvz até breve...(ensaios)

Cristina Seabra Ferreira disse...

P.S. lamento desiludir-te mas DC é mesmo district of Columbia :))))) seguramente os USA por muito interessantes que sejam,nalguns aspectos (que o são)têm tb coisas que me deixam boquiaberta. A pergunta mais tola a que respondi, por razões de segurança, foi "você já praticou actos de terrorismo ou está a pensar juntar-se a algum grupo terrorista?- Eu nem queria crer...li aquilo umas 3 vezes e desatei a rir. Outra coisa: tive de corrigir um médico sobre Portugal (pensava que éramos uma província de Espanha claro- mas sabia que o idioma era português e graças a mim ficou a saber que largos milhões de pessoas falavam este "idioma" (no comments)- santo Deus, que ignorância grassa ainda mesmo entre americanos supostamente qualificados! Outra médica confundiu Portugal com o Perú- perguntou como estavámos depois do recente terramoto!!!- bem só se fosse o de Lisboa de 1755:)

Lembra-me a anedota que o Dr Fernando contou uma vez, sobre os britânicos para os americanos: é muito simples conseguir uma bela relva na Grã Bretanha: planta-se e rega-se durante largos séculos ;)
De resto fui muito bem tratada (não contava ser tão "embaixadora" mas até foi interessante :)))- Vivem muito virados para dentro e para os destinos de férias paradisíacas e de guerra. Não têm a carga histórica da velha Europa :))), não têm noção de muitas realidades geográficas e culturais, mas parece que são felizes assim :)

CVJ disse...

Olá
Este cantinho foi-me indicado por uma "amiga" comum (obrigado Cristina). Gostei de me passear por aqui, nestas "viagens" à idade média, Coimbra antiga,... e mais, e mais. Voltarei certamente mais vezes.

Leonel

redonda disse...

Ufa, desta vez foi difícil chegar aqui para conseguir comentar (não sei porquê a janela para comentário não abria...)
As fotografias estão o máximo e que giro termos estado no mesmo sítio, embora em dias diferentes. Gostei muito do post :)

A Professorinha disse...

Mas que monumento magnífico!... É realmente lindo... As coisas que há no nosso país e que eu não conheço...

Fica bem

aminhapele disse...

Já estava com saudades das suas histórias,da sua música e dos seus sabores(não estou de acordo com isso das sardinhas...).
Um abraço.

GK disse...

Dessas, farto-me de ouvir falar (bem) é da de Santa Maria da Feira. Quer dizer, tirando a de Coimbra, claro!

Mais duas coisas:
- Portobello Road é deliciosa, mesmo sem pastéis de nata.
- Estou em falta no Coimbra dos Amores... Vou, por isso, auto flagelar-me... :(

Pitanga Doce disse...

Já deixei recado em outro blog que este calendário das Feiras Medievais tem mudar. Sempre acontecem quando eu não estou aí. Assim não dá!

abraços