sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Fogueiras


De origem europeia, as fogueiras fazem parte da antiga tradição pagã, de celebrar o solstício de Verão.
A fogueira do dia de 24 de Junho (data mais próxima desse evento), tornou-se pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João, o santo celebrado nesse mesmo dia.
Uma lenda católica, cristianizando a fogueira pagã estival, afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do Verão Europeu, tinha as suas raízes num acordo feito pelas primas Maria e Isabel, segundoo qual esta teria de fazer uma fogueira no cimo do monte, para avisar que estava prestes a nascer o seu filho (João Baptista) para, assim, Maria ir em seu auxílio.
Penso que esta tradição assenta no facto de, nessa altura do ano, o tamanho dos dias começarem a diminuir e, por isso, acender fogueiras era vista como uma maneira de os prolongar.
Saltá-las (outra tradição), era uma maneira de se purificarem, pois o fogo aparece, desde tempos imemoriais, como símbolo da purificação. Quem saltar a fogueira na noite de S. João, em numero ímpar de saltos e no mínimo três vezes, fica por todo o ano protegido de todos os males. Diz a tradição que as cinzas de uma fogueira de S. João curam certas doenças de pele.
De referir que também pelo Natal, (Solstício de Inverno) há, em muitas regiões, o hábito de acender grandes fogueiras à porta das Igrejas (Lenho de Natal) como maneira de celebrar o nascimento do Menino. Antes do Cristianismo, essas fogueiras celebrariam a vitória da luz sobre a noite, pois os dias começavam a aumentar de tamanho.

Feita esta introdução, falemos de Coimbra.
Algumas das mais famosas Fogueiras de Coimbra tinham lugar na Praça do Comércio (Praça Velha, por aí se realizar o mercado até à construção do Mercado D. Pedro V) e no Largo do Romal.

Havia sempre uma orquestra colocada, geralmente, num estrado (tipo coreto) à volta do qual se dançava às ordens de um mandador. O mais famoso de todos era conhecido como António Calmeirão, sapateiro de profissão e que, por vezes, se excedia nas indicações fazendo corar de vergonha as pessoas mais delicadas.
Sem mandador não havia Fogueiras que prestassem.
Era ele que indicava a coreografia a seguir:
"Roda à direita!
Ao contrário, palmas!
Mulheres dentro!
E eu virei!
Meia volta!
Chegadinho!
Tudo certo!"

E lá seguia o baile:

"Fogueiras do S. João
O que elas vieram dar:
Roubaram o meu amor
Na maior força de amar!"

ou
"As tricanas do Romal
São lindas a mais não ser,
Têm uns olhos que encantam,
Uns risos de enlouquecer!"

11 comentários:

aminhapele disse...

Eu tinha direito a umas "fogueiras" mais pequenas,no Largo da Manutenção,onde se fazia o cruzamento do 4!
Um abraço.

A Professorinha disse...

Fogueiras só na passagem de ano... Chamavamos-lhe: o tronco...

Fica bem

Citadino Kane disse...

Fogueira é fogo!
Abs,
Pedro

Elsa Sequeira disse...

gOSTEI DE APRENDER...
Vem ver o que aconteceu em Portugal, no DIA GLOBAL DE ACÇÃO POR DARFUR...


BJTS

morenocris disse...

Interessante Tozé. Gostei da informação. Esse Pedro...sempre brincando, heim?...rsrs

Beijinhos.

Al Cardoso disse...

Na minha regiao enquanto na vespera de Natal se usa o cepo, ou seja raizes e troncos de arvore. Pelo S.Joao as fogueiras sao acendidas com rosmaninho e salpore dois arbustos silvestres e aromaticos que perfumam o ar!

Um excelente "post"!

Um abraco amigo do d'Algodres.

bettips disse...

Fogo sagrado, esse que aparece no teu olhar e nos cativa,com estas
tradições bem documentadas. Abç

Pitanga Doce disse...

É verdade! Quando passo o Natal aí, é lá pelos lados de Viseu e queimamos o cepo, assim como diz o Al Cardoso.

abraços de quem não queima fogueiras no Natal de cá.

Maria disse...

A primeira letra parece do "baile mandado" algarvio.....

Excelente post!
Um abraço

a d´almeida nunes disse...

Na minha aldeia lá para as Altas Terras da Beira, lembro-me que era costume queimar-se o madeiro por alturas do Natal...
Saltava-se por cima da fogueira e às vezes alguém, calculando mal o tamanho do compasso, lá tinha que passar por cima do braseiro.
Boa recolha, Tozé.
Um abraço
António

redonda disse...

Não conhecia e gostei de ficar a saber destas histórias sobre as fogueiras :)