Saídos de Coimbra, chegámos ao Martim Moniz pelas 10 da manhã, seguindo, a pé, para o Castelo de S. Jorge, qual Martim Moniz dispostos a ficar entalados nas suas portas. Não fosse o facto de sermos um grupo de estudantes, teríamos de pagar, cada um, 5€ para visitar o Castelo, pelo facto de não vivermos em Lisboa. Acho isto uma aberração e assisti à indignação de alguns candidatos a visitantes que, com toda a certeza, também eram oriundos da "província" e que, como tal, parecem ser os únicos a ter de pagar a manutenção do espaço. Não sei porquê, mas cheira-me a insconstitucionalidade.
Visitado o Castelo, decemos, a pé, para a Sé de Lisboa que visitámos com agrado.
Fomos, de seguida, para a Baixa Pombalina onde almoçámos e pudemos constatar que um grupo razoável de alunos preferiu almoçar nos restaurantes da Baixa, preterindo o Mc Donalds e afins.
Após o almoço, seguimos para a Sede do Millenium/BCP, próximo do Arco da Rua Augusta, e que ocupa, quase por inteiro, um quarteirão pombalino da Baixa de Lisboa, com fachada para a Rua Augusta e traseiras para a Rua dos Correeiros. Entre 1991 e 1995, no decorrer das obras de remodelação aí efectuadas, a perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa. Uma surpresa mesmo por baixo dos nossos pés. Aí são visíveis vestígios pré-romanos, romanos, visigóticos, islâmicos, medievais, quinhentistas e pombalinos, nomeadamente as famosas estacas de pinho verde, que servem de sustentação aos edifícios pombalinos.
Finda esta visita, fomos, a pé, até à Assembleia da República, onde pudemos assistir, durante cerca de 45 minutos, ao Plenário que decorre provisoriamente da Sala do Senado, antiga sala das Cortes e da Assembleia Nacional.
O Palácio de São Bento, onde funciona a Assembleia da República, teve origem no primeiro mosteiro Beneditino construído em Lisboa em 1598. O mosteiro foi, então, deslocado para esta zona para dar abrigo a uma comunidade religiosa crescente e para estar nais perto do núcleo urbano. Ainda não se tinham concluído as obras e já o terramoto de 1755 causava graves danos no mosteiro. Mas foram a Revolução Liberal de 1820 e a extinção das ordens religiosas em 1834 que conduziram à instalação do Parlamento no Palácio de São Bento. A escadaria exterior foi construída em 1941 e encontra-se ladeada por dois leões (na altura ainda estavam bem dispostos), simbolicamente utilizados como sentinelas. Na fachada principal, ao cimo das escadas, encontra uma arcada onde se pode ler a palavra em latim 'Lex' - em alusão à função da Assembleia - e quatro estátuas alegóricas femininas - 'Prudência', 'Justiça', 'Força' e 'Temperança'.
O frontão situado acima da varanda tem 30m de comprimento e 6 de altura e o tímpano foi decorado pelo escultor Simões de Almeida, dentro de uma estética de acordo com o academismo vigente na Escola de Belas Artes, onde leccionava. Este tímpano representa o Estado Novo, com a Nação ao meio simbolizada pela insígnia latina 'Omnia Pro Patria' (Tudo pela Nação) e rodeada por 18 imagens que representam, entre outras, áreas como a Indústria e o Comércio.
Mas, o que mais me impressionou foi a sessão de trabalhos: metade dos deputados escrevia ao computador, muitos outros conversavam, falavam ao telefone/telemóvel, havendo um burburinho na sala que, por vezes, impedia que se ouvisse quem estava a discursar. Não cheguei a perceber como respondiam uns aos outros, pois a ideia é de que ninguém ouve ninguém.
Acabada a visita, lá tive que pôr água na fervura, pois os comentários vindos dos alunos, não eram os mais simpáticos: "Ó professor nunca mais diga que falamos ao mesmos tempo!", "Por que não podemos também ter os telemóveis ligados?", etc.
E lá voltámos nós à "província".
PS: Pelo meio ainda houve tempo para visitar a Casa do Alentejo e o seu fabuloso pátio neo-árabe, o Palácio da Independência, a Estação do Rossio em estilo neo-manuelino, bem como o HardRock Café.