
Pensei voltar, hoje, às fotos de Coimbra antiga.
Mas...há sempre um mas...
Então não é que hoje é notícia o facto do governo ter emitido uma recomendação (ou será uma ordem?) às escolas para que deixem de ter nome de Santo ou qualquer referência religiosa na sua denominação.
Mais uma vez o argumento é o habitual, isto é, não ofender os não cristãos e, em alguns casos, também os não católicos. Lá vem a pretensa laicidade do Estado quando, afinal, me parece ser muito mais do que isso.
Ao abrigo destas novas correntes pretende-se, segundo o meu ponto de vista, apagar qualquer vestígio religioso do nosso dia a dia, reescrevendo a História, apagando dela personagens de inegável valor histórico e parte da nossa identidade.
Onde é que eu já vi isto? Não foi Afonso Costa que pretendia acabar com a religião em 2 gerações e depois foi o que se viu....
Mas já que a moda é esta, e como acho que as leis são para cumprir, proponho que se vá mais longe...
Por exemplo nenhuma escola deve ter o nome de Pedro Álvares Cabral, pois a chegada ao Brasil significou o que todos sabemos para as populações ameríndias.
Infante D. Henrique? Nem pensar, então o homem subsidiava parte das viagens com a venda de escravos!...
Nomes de políticos? Nem pensar, pois nunca ninguém teve em Portugal 100% dos votos e, por isso, pode alguém ficar ofendido...
Já agora proponho que o 13 de Junho, feriado municipal de Lisboa, passe a ser o dia de Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo, pois assim não se irrita ninguém, porque a maioria das pessoas não faz ideia de que esse era o nome de baptismo (oh raio que lá vem outra vez a religião!) de Santo António.
Já estou a imaginar as noivas de Fernando de Bulhões. Já agora umas ameijoas à Bulhão (Bulhões) Pato iam mesmo a calhar na ementa paga pela Câmara, ou melhor dizendo, por nós....
Verdade se diga que o governo não tem medo dos conflitos, pois parece-me que isto vai dar uma grande sarrabulhada, uma vez que, tendo Portugal mais de 4 mil freguesias (4257 em 2004) e cerca de 35% com nome de Santo, já estou a imaginar a confusão que vai ser...
Vivendo eu na freguesia de S. Martinho do Bispo, proponho que a mesma se passe a chamar simplesmente freguesia de Martinho (do Bispo nem pensar!), personagem histórico que tinha a mania de partilhar a sua capa com os pobres, assim uma espécie de antecessor do Rendimento Social de Inserção.
Já agora continuaremos a ter como residência oficial do 1.º ministro, S. Bento, ou mudará de nome? E o Palácio de Belém? Teremos coragem de receber aí um Presidente de uma país com a população maioritariamente islâmica.
Para terminar, haja coragem de apagar do escudo português as 5 quinas, pois referem-se às 5 chagas de Cristo, não vá alguém sentir-se ofendido quando souber o que aquilo representa.
Com assuntos tão importantes para resolver, parece-me um desperdício de tempo tudo isto... a não ser que seja para desviar a atenção daquilo que é realmente importante.