domingo, 27 de fevereiro de 2011

Escarpiadas, uma sabor de Cernache dos Alhos

Cernache tem alguns motivos de interesse. Um deles é, sem sombra de dúvidas, a Quinta dos Condes da Esperança, de gosto romântico.
Outro são os moinhos de água que, em tempos idos, abasteciam a cidade de Coimbra, havendo aindo um ou outro em funcionamento, para além de um recuperado, o Moinho das Lapas, onde está instalado um núcleo museológico.
Mas o motivo que me leva hoje a escrecer é um doce, a escarpiada, ou melhor, escarpiadas, pois a dificuldade é comer apenas uma.
Assim, sempre adoço a boca, pois os "amargos" nestes últimos tempos, têm sido muitos.
Para quem nunca as provou, aqui fica a receita desta iguaria, típica de Cernache e Condeixa-a-Nova, cujas origens remontam à Idade Média. Se quiserem ser fiéis à época medieval devem usar mel em vez de açúcar.

Mãos à obra:
Estende-se um pouco de massa de pão sobre uma mesa e espalma-se.
De seguida polvilha-se com limão e mel e um pouco de açúcar amarelo (na receita original usava-se apenas o mel, que era muito mais barato e abundante que o açúcar).
Embrulham-se e colocam-se num tabuleiro untado com azeite e vão ao forno do pão (lenha).
Quando louras, tiram-se e guarda-se o molho para as regar.

Depois, bem depois é so comer... E se estiverem quentinhas ainda melhor!
Bom apetite.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Bonitas cores!

O primeiro-ministro, José Sócrates, inaugurou hoje em Murça o que classificou de um exemplo da escola pública com que sonhou para o país e que é a primeira no interior a dispor da rede de nova geração de Internet.
José Sócrates começou o seu discurso expressando a grande satisfação por encontrar no centro escolar de Murça «aquilo que estava no espírito do Governo» e aquilo com que «sempre sonhou».
«Estou tão alegre quanto vocês porque eu sonhei com isto há uns anos atrás: sonhei com uma escola com bonitas cores, com moderna arquitectura, sonhei com uma escola com as mais modernas tecnologias, sonhei com uma escola do futuro», partilhou com a assistência.


Alguém explique ao senhor que os professores são importantes! Que com a maneira como estão a ser tratados não há rede de nova geração que funcione! E já agora, que alguém vai ter de pagar a renda à Parque Escolar.
Além disso, porque pode o senhor primeiro ministro inaugurar a escola com que sempre sonhou e não podem os pais colocar os filhos nas escolas com sempre sonharam? Pensava eu que vivíamos num país onde os direitos eram iguais para todos.
A propósito, quanto fica cada aluno dessa escola?
À ministra não vale a pena perguntar pois a sua relação com a Matemática é problemática. Talvez com a rede de nova geração e bonitas cores lá chegue!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A anedota da semana

O custo de um aluno do ensino estatal vai ser, em 2011-12, de 3296,29€. (lol)

Peço que reparem no preciosismo dos 29 cêntimos. Se o assunto não fosse sério, parecia uma piada do Gato Fedorento.
Coisas que não estão nesta verba:
A comparticipação do Estado para a Caixa Geral de Aposentações (15%);
As rendas pagas à Parque Escolar;
As despesas de manutenção e investimento nas escolas estatatais;
Os muitos funcionários pagos pelas Câmaras Municipais;
Os desempregados que o fundo de emprego coloca nas escolas;
As resmas de papel que alguns alunos têm de entregar em lugar da antiga caixa escolar;
Os muitos professores destacados nas DRE's e nos sindicatos pagos pelo Ministério dda Educação;
etc, etc.
E depois dizem que a OCDE não tem razão!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Restaurantes e afins

Depois de algumas considerações sobre ensino, resolvi escrever sobre restaurantes, assunto a que me sinto ligado desde que existo, pois nasci por cima de um, o do meu pai, numa época em que ainda se nascia em casa.
Por ali andei e servi muitos clientes, sem nunca ter frequentado um CEF de Serviço de Mesa, ao mesmo tempo que estudava e, para poupar dinheiro ao Estado (não há ensino gratuito), cumpri a minha carreira nos anos estipulados, sem precisar de planos de recuperação e afins, uma vez que, nessa altura, ainda o pedagogês estava a dar os primeiros passos.
Mas, dizia eu, sempre me habituei a ver o restaurante do meu pai cheio e com filas de pessoas à espera para entrar.
Nunca me passou pela cabeça que qualquer governo (e vi por lá muitos ministros e presidentes de câmara), resolvesse criar uma lei que obrigasse os clientes a irem a outro restaurante onde se comia pior e mais caro, até ao actual (des)governo ter essa ideia.
E aqui estou eu, novamente, a falar de contratos de associação apesar de ter dito que ia falar em restaurantes.
Peço desculpa pelo facto mas, por mais contas que faça, não consigo descortinar qualquer puopança da medida anunciada pelo governo. A única justificação é ideológica.
Há tiques, senhora ministra, que nunca se perdem, apesar do verniz dado pelo Colégio francês.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A importância do T.P.C..

Sempre alertei os meus alunos para a necessidade de realizarem os trabalhos de casa (TPC).

Por causa disso, espero bem que eles não tenham visto o Prós e Contras de ontem.
É que a ministra não fez o TPC dela. Então, se já no tempo da outra senhora (antes do 25 de Abril e até ao tempo da Lurdinhas), a disciplina de Trabalhos Manuais sempre teve 2 professores, onde foi ela buscar a ideia que os dois professores resultaram da junção dos Trabalhos Manuais e da Educação Visual? A mim parece-me que fez como alguns alunos: quando não fazem o trabalho de casa, inventam.
Aliás, a senhora, embora acolitada pela dra. Isabel Soares (grande benemérita que tem alunos que não pagam no seu colégio), andou sempre perdida e acabou em beleza, fazendo-me lembrar o discurso de início do ano. Aquela ode à inauguração das escolas construídas pela Parque Escolar não lembra ao diabo.
Quanto aos números, bem dizia eu que os haveria novos e não me enganei. Gostei particularmente do preciosismo dos 58 cêntimos no custo aluno, num governo que erra orçamentos por milhões. A surpresa, porém, foi a ministra admitir, na primeira parte, a possibilidade de o Parlamento determinar o valor aluno/turma do estatal e, na segunda parte, já estar a fazer marcha-atrás. Até parecia que alguém lhe havia puxado as orelhas no intervalo.
Sinceramente, parece-me que a Aventura no Ministério, está achegar ao fim. Não vai ter é um final feliz!